Falando Muito [Edição 47]

Todos nós conhecemos gente que adoora falar sem parar. Falam compulsivamente, tornando impossível qualquer tentativa de resposta de parte do interlocutor. Essa característica é comum.

Só não conseguimos saber o que acontece quando duas pessoas assim se encontram. Parece que elas têm um sexto sentido que as avisa que é melhor procurar pessoas mais cordatas, que pelo menos tentem agüentá-las.

Há uma série de palavras que podem ser aplicadas nesses casos.

VERBORRAGIA – vem do Latim verbum, “palavra”, mais o Grego rhégnumi, “escorrer, fluir”. Certas pessoas quando abrem a boca parecem dar escoamento a um infindo rio de palavras.

LOGORRÉIA – é a mesma palavra anterior, mas com o primeiro componente também vindo do Grego: é logos, “palavra”.

COPIOSO – é um adjetivo que se aplica ao produto emitido pelo órgão fonador dessas pessoas. Deriva do Latim copiosus, “abundante, cheio”, de copia, “grande quantidade”, formado por com, “com”, mais ops, “riqueza, recursos, poder”.

“Poder” para incomodar, pois quem fala demais costuma ser rico em palavras e pobre em conteúdo.

REPETIÇÃO – é comum se falar demais às custas de repetir o que já foi dito. Esta palavra veio do Latim repetere, “fazer ou dizer de novo”, de re-, “outra vez”, mais petere, “procurar, demandar, atacar”.

Às vezes nossa sensação é a de estarmos sendo atacados quando deparamos gente deste tipo.

TAUTOLOGIA – é uma forma chique de dizer “repetição”. Vem do Grego tautologos, “repetição do que foi dito”, formada por tauto, “o mesmo”, mais logos, “palavra, dito”.

REITERAÇÃO – também é o mesmo que “repetição”. Deriva do Latim reiterare, “repetir”, formada por re-, aqui como intensificativo, mais iterare, “fazer de novo”, de iterum, “outra vez”.

REDUNDÂNCIA – vejam como abundam as palavras para este assunto. Ela veio do Latim redundare, “voltar”, literalmente “inundar, afogar”, formada por re-, mais undare, “chegar em ondas”, de unda, “onda”.

Não parece que estamos nos afogando quando nos repetem uma e outra vez a mesma coisa?

PLEONASMO – é outra maneira de dizer “redundância”, mas com uma pouco conhecida conotação de queixa, pois veio do Grego pleonasmos, de pleonasein, “ser mais do que suficiente”, de pleon, um comparativo de polys, “muito”.

PROLIXIDADE – esta se formou do Latim prolixus, “extenso”, literalmente “derramado”, formada por pro-, “à frente”, mais a base do verbo liquere, “fluir, escorrer”.

É notável como a idéia de um líquido escorrendo sem parar foi assimilada a este problema.

FLUÊNCIA – como para confirmar o que acabamos de dizer, esta palavra vem do Latim fluere, também “fluir, escorrer”.

LOQUACIDADE – do Latim loquax, “o que fala”, de loqui, “falar”.

E vamos parando por aqui, antes de sermos acusados de escrever demais.

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