Palavra lequéssia

DEBOCHE

 

Uma das atividades preferidas do ser humano é caçoar, fazer pouco, diminuir o valor dos outros. Nosso vocabulário demonstra isso através de numerosas palavras, cujas origens vamos dissecar agora.

 

DEBOCHAR  –  esta palavra deriva do Francês débaucher, de ébaucher, “desbastar troncos para fazer vigas”.

E esta vem de bau, do Frâncico balk, “viga, trave”. Ou seja, o verbo designa o ato de retirar uma trave de um tronco.

A partir daí passou a ser usado para dizer “afastar alguém do seu dever”, que é o significado atual em Francês e em Inglês.

Em nosso idioma significa “devassidão, libertinagem”, especializando-se mais recentemente em “zombaria”.

 

CHACOTA  –  sugere-se que tenha origem onomatopaica, imitando o entrechocar das castanholas ou do riso exagerado.

 

ZOMBARIA  –  para acompanhar a origem pouco clara da anterior: ela viria do Espanhol zumbar, que seria também um som imitativo, neste caso do ruído feito por abelhas e vespas.

 

ZOAR, ZOEIRAR  –  possivelmente de soar, do Latim sonare, “emitir ruídos, fazer um som”. Mas provavelmente também tenha um elemento imitativo.

 

GOZAÇÃO  –  do Latim gaudere, “alegrar-se”. Um derivado deste verbo de pouco uso atualmente é gáudio, “regozijo, ato de rejubilar”.

 

GRACEJO  –  vem de “gracejar”, que vem de graça, do Latim gratia, “agradecimento, favor, beleza”, tendo assumido também o sentido de “brincadeira, diversão, ato humorístico”.

 

DEBIQUE  –  pouco usada atualmente, tem o significado de “fazer ironia de, zombar”. Vem de de-, “fora”, mais bico, do Latim beccus, “bico de ave”.

Faz uma alusão metafórica, talvez, ao sistema vigente entre as galinhas e outras aves, de demonstrar superioridade sobre outros indivíduos por meio de bicadas.

 

DERRISÃO  –  menos usada ainda, pelo que observamos, embora não seja rara em Inglês, como derision. Veio do Francês dérision, “zombaria, escárnio” do Latim deridere, formado por de-  mais ridere, “rir”.

 

DICHOTE  –  do Espanhol dichote, “dito espirituoso, deboche”, de dicho, “dito”, particípio passado de decir, do Latim dicere, “dizer”.

 

ESCÁRNIO  –  de “escarnir”, sinônimo de “escarnecer”, do Germânico skirnjan, “zombaria, desprezo”.

 

GALHOFA  –  aparentemente vem do Espanhol gallofa, que dizem ser o nome de restos de pão que eram dados aos peregrinos nos conventos da Galícia, quando eles estavam se dirigindo em romaria a Santiago de Compostela. Exatamente qual é a graça não conseguimos entender, mas isso era lá com eles.

 

REMOQUE  –  do Provençal mocar, derivado de um som imitativo moc, simbolizando desprezo, pouco caso.

O Francês tem, com essa origem, moquer, “fazer pouco caso”. No Espanhol há mueca, “careta”.

 

SARCASMO  – do Latim sarcasmus, do Grego sarkasmos, “deboche, reprovação insultuosa, observação usando desprezo”, de sarkazein. Este verbo queria dizer literalmente “arrancar a carne”, de sarx, “carne”.

Um sarcasmo bem bolado pode ser pior do que perder um pedaço de carne para um animal feroz.

 

VAIA  –  é uma maneira de manifestar desaprovação ruidosa, seja em política, esporte, artes, etc. Do Espanhol vaya, expressão de mofa ou desprezo.

 

APUPO  –  do Latim upupare, com origem onomatopaica.

 

LEQUÉSSIA  –  com o significado de “vaia, apupo”, viria de eloquência, provavelmente em referência ao descontrole verbal de uma pessoa que exagerou na bebida e se põe a fazer discursos.

 

TROÇA  –  de troço (ô), “pedaço de algum material, grupo de pessoas”, que acabou com o sentido de “zombaria, caçoada”.

 

 

 

 

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