Palavra liga

ACORDOS

 

A simples existência em sociedade impõe acordos a cada instante. Sem eles, seria impossível a um grupo se manter. Desta maneira, sabemos que não podemos matar, roubar, passar de ano sem notas adequadas, deixar de recolher impostos e milhares de outras coisas que fazem de nós bons cidadãos.

Claro que muitos escolhem não atender a esses acordos. E é interessante ver como, assim que acontecem problemas legais com eles, vão correndo exigir direitos que derivam de acordos preestabelecidos pela lei.

Vamos dar uma olhada em diversas palavras que designam esses acertos e suas origens.

 

ACORDO  –  vem do Latim accordare, uma variante de concordare, “estar em harmonia, concordar”, de ad, “a, para”,  mais cor, “coração”. Ou seja, em teoria os participantes de um acordo colocaram seus corações juntos nessa combinação. Pena que nem sempre estejam dizendo a verdade.

 

PACTO  –  do Latim pactum, de pacisci, “fazer um trato, um acordo”, de uma fonte Indo-Europeia pag-, “colocar em seu lugar, firmar, unir”.

 

TRATADO  –  do Latim tractatus, “assunto tratado”, particípio passado de tractare, “lidar, manejar, administrar”, relacionado ao verbo trahere, “puxar, arrastar, trazer”.

Pode-se usar também com o significado de “obra didática”.

 

COMBINAÇÃO  –  do Latim  combinare, de com-, “junto”, mais binare, um derivado verbal de bini, “aos pares, dois a dois”, de bis, “dois”.

Para se fazer uma combinação são necessárias duas pessoas ou duas partes. Ninguém pode combinar sozinho.

 

ACERTO  –  formada por a mais certo. E esta vem do Latim certus, “seguro, fixo, determinado, garantido”, derivado de cernere, “distinguir, decidir”, originalmente “peneirar, separar”. A ideia é que, ao fazer um acerto, o resultado seja garantido.

 

CONCERTO  – esta iniciou a vida com um sentido oposto ao de agora, que é o de “acordo, pacto”. Deriva do Latim concertare, “disputar, contender, discordar”, de com-, “com, junto”, mais certare, “contender, brigar”, uma variante de cernere, “separar, decidir”.

O que é paradoxal, pois um concerto é tudo menos isso; acontece que o verbo mudou de sentido e passou de “lutar contra” a “lutar junto”, o que está de acordo com o significado moderno.

 

ENTENDIMENTO  –   usa-se para referir-se à capacidade de avaliar coisas, de compreender. Mas também pode significar “pacto, arranjo”. Em qualquer sentido, deriva do Latim intendere, “estender, propor-se, reforçar”; metaforicamente, para “entender”, você precisa “estender, esticar” o seu conhecimento e o seu propósito até chegar ao objetivo. Para fazer um acordo a pessoa precisa também esticar-se até obter a concordância da outra parte.

 

AJUSTE  –  do Latim adjuxtare, “trazer perto, colocar junto”, de ad-, “a”, mais juxta, “próximo, junto a”, de jungere, “juntar”.

Uma coisa, para se ajustar a outra, seja física, seja metaforicamente, deve ser aproximada a ela.

 

ARRANJO  –  veio do antigo Francês arrangier, “colocar em ordem de batalha”, de a-, “para”, mais rangier, “dispor em fila”, de rank, “fila”, por sua vez de origem germânica.

 

ALIANÇA  –   do Latim alligare, de ad-, “junto”, mais ligare, “unir, atar”.

 

COALIZÃO  –  do Latim coalitio, “combinação, união”, de coalitus, particípio passado de coalescere, de com-, “junto”, mais alere, “nutrir”. Uma união, mesmo que temporária como muitas vezes são as coalizões, deve ser nutrida pela confiança. Pelo menos aparentemente.

 

CONVÊNIO  –  do Latim convenire, “concordar, fazer um pacto”, formada por com-, “junto”, mais venire, “vir”. A palavra demonstra que as pessoas devem convergir para chegarem a um acordo.

 

CONTRATO  –  em Roma se dizia contractus, “acordo, concordância”, particípio passado de contrahere, “trazer junto”, de com-, “junto”, mais trahere, “puxar, arrastar”. Ou seja, as partes precisam puxar juntas a sua concordância.

 

CONSENSO  – do Latim consentire, “sentir junto”, de com-, mais sentire, “sentir”. O significado mais tarde evoluiu para “dar permissão, concordar”.

 

LIGA  –  do Latim ligare, “unir, atar”. Para as nações ou agremiações constituírem uma liga elas devem ser unidas por laços previamente acordados.

 

UNIÃO  –  de unus, “um”. Uma união deve funcionar como se os seus participantes fossem apenas um. Se não for assim, não vai dar certo.

 

SOCIEDADE  –  de socius, “companheiro”, originalmente “seguidor”, relacionado com o verbo sequi, “seguir, ir junto, acompanhar”.

Resposta:

MOEDA

Um dia, lá pelos meus doze anos, eu estava no gabinete de meu avô, olhando-o colocar em ordem umas moedas que ele guardava, entre tantos livros e outros objetos interessantes.

– Quem foi que inventou a moeda, Vô?

Ele se sentou em sua fofa poltrona, com um pano no colo e uma caixa de moedas do lado e começou a falar, enquanto as lustrava. Eu me acomodei no meu banquinho e prestei atenção.

– Quem inventou não se sabe, só que foi há muito tempo. Mas posso lhe dizer que essa palavra vem do Latim monere, “advertir, admoestar, avisar”. E há uma história interessante por trás.

–  Oba, é comigo!

Ele continuou, com um olhar terno:

– Numa das invasões dos bárbaros à Itália, um grupo deles tentou escalar a parte da muralha de Roma junto à qual, pelo lado de dentro, se situava um templo dedicado à deusa Juno. Os gansos consagrados à deusa, que estavam no terraço do templo, deram o alarme e os soldados romanos acorreram e afugentaram o inimigo.

– Gansos, Vô? Não eram cachorros, não?

– Gansos são ótimos vigias. São usados nesse papel há muito tempo. Enfim, o que conta é que, agradecidos, os romanos declararam que aquele templo era dedicado a Juno Moneta, “a Juno que avisa”.

Mais tarde, nesse templo, se estabeleceu um local onde se cunhavam discos metálicos com valor definido, próprios para fazer negócios de compra e venda. Estes receberam um nome derivado da deusa do templo: moneta ou moeda.

– Legal, Vô! E o que é que a “cara ou coroa” tem a ver?

– As moedas têm duas faces; as antigas moedas portuguesas tinham uma coroa, como símbolo do Reino de um lado e a cabeça do soberano reinante do outro, ou cara.

Essas faces se chamam também, respectivamente, reverso e anverso. Estas derivam do Latim reversus, de revertere, “virar para trás”, formada por re-, “para trás”, mais vertere, “virar”;  e de anversus – que vem de anteversus, “aquele que precede, que vem à frente”, de ante, “à frente”, mais versus.

Além disso, elas têm uma borda, que vem do Germânico bord, “lado, extremidade, limite”. Até certa época ela era serrilhada; olhe aqui nesta moeda brasileira mesmo: vê?

– Sim, até fica mais bonito assim.

– Pois não era só para enfeite, não. Na verdade, foi uma invenção genial. Acontece que os espertos, que existiam antes como agora, podiam pegar uma moeda em metal valioso – elas podiam ser de ligas de ouro ou prata – e retirar um pouquinho de metal raspando com uma lima.

– Mas se tirassem demais ia chamar a atenção!

– Certo. Por isso eles tiravam uma quantidade mínima, mas com o tempo conseguiam alguma coisa que valesse a pena juntar. Imagine os funcionários de um banco fazendo isso, por exemplo. Quando as moedas passaram a ter o bordo serrilhado, já não se podia fazer mais isso, pois se uma moeda se apresentava alisada ela não seria aceita por estar fora de padrão.

– Deixe ver as que tenho no bolso. Olhe, umas têm e outras não.

– Como elas já não são feitas em metal precioso, o serrilhado já não é mais necessário. Ele é mantido em muitas moedas mundo afora apenas como tradição.

As moedas são muito menos usadas atualmente, devido ao seu peso e manuseio mais difícil; foram substituídas em grande parte pelas cédulas em papel. Este nome vem do Latim schedula, diminutivo de scheda, “folha de papel”.

Mas os pequenos discos de metal são muito atraentes e além de terem seu valor nominal podem ser importantes para colecionadores.  As pessoas que se dedicam a reunir medalhas, moedas em papel ou metal, estão inseridas na numismática, palavra que deriva do Latim nomisma, do Grego nómisma, “dinheiro, moeda corrente”, de nomizein, “manter em uso”, de nomos, “lei, uso”.

Moedas já foram feitas em diversos tipos de ligas metálicas, com predominância de ouro, prata, cobre, alumínio, aço e outros.

Liga por que? Para as moedas ficarem ligadas ao dono?

– Não, bobo. Essa palavra vem do Latim liga, do verbo ligare, “unir, juntar”. Isso porque dois ou mais metais são unidos para formar um material diferente.

Esse ato se chama cunhagem de uma moeda. Isso porque a imagem era batida contra o metal aquecido da moeda a partir de um cunho, uma peça alongada em metal mais durável, cujo nome vem do Latim cuneus, “cunha”. Esse cunho tinha, em relevo, a imagem invertida do que se queria gravar.

Esta palavra se usa também para designar a criação de uma palavra nova. Pode-se dizer que “a palavra qualidade (qualitas em Latim) foi cunhada por Cícero”.

– É verdade, Vô que aquele seu cofrinho ali está cheio de moedas de ouro?

– Está cheio de contas a pagar, isso sim. E cuide-se, que estou pensando em deixá-las todas para você de herança se não corrigir essas suas tendências a engraçadinho. E já que se falou no cofre, ele vem do Latim cophinus, originalmente “cesto”.

É nele que se guarda o dinheiro, do Latim denarius nummus, “a moeda que contém dez (dez ‘asses’, uma subdivisão)”. Essa moeda logo passou a ser chamada apenas de denarius.

E os cofres grandes mesmo ficam dentro dos bancos. Na Itália banca queria dizer “mesa”, o móvel sobre o qual se faziam os negócios, inicialmente com moedas metálicas.

E por agora já falamos bastante. Volte para casa e vá estudar, que senão você não vai ganhar dinheiro suficiente para viver quando for grande.

 

Resposta:

METAIS

 

Nós temos contato com metais durante todo o tempo; mesmo que não queiramos, vários deles fazem parte de nossa química interna e sem eles não viveríamos.

Cada um deles um dia recebeu um nome; vamos ver as origens de alguns dos mais conhecidos.

 

METAL  –  para sabermos com o que estamos lidando. Vem do Latim metallum, “metal, mineral, mina”, do Grego métallon, “minério, metal”, originalmente “mina, local de extração de minério”.

 

LIGA  –  designa uma combinação de metais, uma substância feita por uma mistura deles com o objetivo de aprimorar características como resistência, flexibilidade, leveza, etc.

Vem do Latim liga, do verbo ligare, “unir, juntar”.

 

FERRO  –  do Latim ferrum, “ferro”. Possivelmente derive do Indo-Europeu bhars-, “ser firme, rígido”.

 

AÇO  –  é uma liga de ferro com carbono e outros materiais. Vem do Latim aciarium, “aço”, mais propriamente “ferro temperado para se obter um fio cortante”.

 

ALUMÍNIO  –  este nome foi dado em 1812, a partir de alume, substância usada como adstringente e em vários processos industriais, como tingimento e outros.

E alume vem do Latim alumen,  “sal amargo”.

 

COBRE  –  vem do Latim cuprum, “cobre”, da expressão aes Cyprium, “bronze de Chipre”. Isso porque, na época clássica, essa ilha do Mediterrâneo era um importante local de mineração desse metal.

 

ESTANHO  –  do Latim stannum, aparentemente derivado de uma raiz sta-, com a noção de “estar parado, ser sólido”. Na verdade, este nome se aplicava a um metal diferente e acabou sendo atribuído ao estanho mais tarde.

 

LATÃO  –  esta liga de cobre e zinco recebeu o nome Árabe de latûn, “cobre”.

 

LATA  –  aparentemente não tem nada a ver com latão. O significado inicial seria o de ‘madeira larga, vara”, latho no Germânico.

 

NÍQUEL – do Alemão kupfernickel, literalmente “o demônio do cobre”, de kupfer, “cobre”, mais nickel, “duende, demônio”, uma alteração do nome Nicholas, “Nicolau”.

Isso porque os mineiros que escavavam atrás de veios de cobre encontravam em seu lugar o níquel, e por isso eles diziam que este afugentava o cobre como se fosse um demônio.

Não se sabe por que, mas o nome Nicholas se aplica ao demônio há vários séculos. Ainda hoje em Inglês ele pode ser chamado de Old Nick.

Mas é melhor não tentar, vá que ele atenda.

 

COBALTO  –  outra história que nem esta acima. Na Idade Média, os mineiros acreditavam que havia uma espécie de demônio que evitava que o minério produzisse o metal desejado; ele era chamado de Kobold, do Germânico Godbald, formado pelas palavras Gott, “Deus”, mais bald, “atrevido, desobediente”.

Quando o metal foi identificado, no século XVIII, recebeu este nome.

 

CROMO  –  vem do Grego khroma, “cor”, pois ele tem a capacidade de produzir diversos materiais coloridos.

 

MAGNÉSIO  –   no século XVIII, foram descobertos dois minerais diferentes em Magnésia, um distrito da Tessália, na Grécia. Um recebeu o nome latino de magnesia alba, “magnésia branca”, e acabou sendo conhecida como magnésio.

O outro foi chamado de magnesia nigra, “magnésia negra”, e agora responde pelo nome de manganês.

Essa região contribuiu também para a palavra magnético, derivado do Grego he Magnes lithos, “a pedra de Magnésia”, um óxido de ferro com o comportamento de um ímã.

 

CÁLCIO  –  do Latim calx, “cal, pedra pequena”, do Grego khalix, “pedrinha”.

Em Latim existe uma palavra idêntica, da mesma declinação e tudo, com o significado de “calcanhar”. Esta nos deu palavras como coice (golpe dado com a parte traseira do pé), calcar (pisotear),  recalcitrar (resistir, teimar como uma cavalo que firma as patas no chão) e o próprio calcanhar.  

 

MERCÚRIO – os romanos deram a este, o único metal existente em estado líquido na Natureza, o nome do deus Mercúrio (outros dizem que o retiraram do planeta que havia sido nomeado em honra ao deus), talvez pelas qualidades de deslocamento rápido que o personagem tinha.

E o deus recebeu esse nome como um derivado de merx, “bens, mercadorias”, pois ele era o protetor dos comerciantes.

Em Grego o elemento se chamava hydor argyros, “prata líquida”.

 

TITÂNIO  –  assim chamado devido aos Titãs, os gigantes que se revoltaram contra Zeus e foram por ele derrotados.

 

Resposta:

pergunta

Palavras: liga , níquel

Prof. peço a gentileza de compartilhar a origem de:
LIGA
RIQUEZA
NIQUEL
Grato, boa noite.
Nelson

Resposta:

1) Do Latim LIGARE, “unir, atar, prender”.

2) Veja rico em nossa Lista de Palavras.

3) Do Alemão KUPFERNICKEL, literalmente “o demônio do cobre”, de KUPFER, “cobre”, mais NICKEL, “duende, demônio”, uma alteração do nome NICHOLAS, “Nicolau”.

Esse nome foi dado porque os veios de KUPFERNICKEL eram enganosos e não produziam cobre.

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