Palavra sequóia

ÁRVORES

 

Nosso planeta depende fortemente das árvores. Confiamos em que elas prosperarão, apesar dos maus-tratos que elas vêm sofrendo de nossa parte.

Eis as origens de alguns nomes desses vegetais.

 

 

ÁRVORE  –  do Latim arbor, “árvore”. Daqui saiu também arbusto.

 

CARVALHO  –  vem possivelmente de uma raiz ibérica gar-, “pedra”, ligando a árvore a terrenos pedregosos.

Nossa palavra robusto se liga a esta árvore. Ela vem do Latim robustus, “forte e duro”, originalmente “feito de carvalho”, de robur, ”tipo de carvalho”, derivado de ruber, “vermelho”, porque a madeira dele tem um tom avermelhado.

 

CEDRO  –  vem do Latim cedrus, do Grego kedron, o nome da árvore.

 

SALGUEIRO  –  do Latim salicarius arbor, de salix, “salgueiro” propriamente dito. Outro nome atual é chorão ou salgueiro-chorão, pois os seus galhos pendem até o chão, como se a árvore estivesse se lamentando.

É interessante saber que pelo menos desde o século V AC se extraía do interior da casca do salgueiro uma medicação de grande efeito no tratamento de dores em geral e para reduzir a febre.

Acabou-se descobrindo nessa casca o produto responsável por essas ações farmacológicas, que foi chamado salicina, a partir do nome latino.

A partir daí se obteve o ácido salicílico, de grande uso hoje.

Ele se encontra também em azeitonas, goiabas, tomates, chicória, melões. Mas é melhor ninguém tentar comer disso tudo um pouco esperando aliviar alguma dor.

 

BUXO  –  do Latim buxus, possivelmente relacionado ao Francês antigo busche, “madeira para queimar, lenha”.

 

CIPRESTE  –  do Latim  cypressus, do Grego kypárissos. A origem não é conhecida com certeza, mas há quem diga que seu nome veio da ilha de Chipre, onde essas árvores abundavam.

 

FLAMBOYANT  –  este nome, que significa “chamejante” em Francês, deriva do Latim  flamma, “chama, labareda”, já que de longe, quando florido, ele parece estar pegando fogo. É uma visão muito bonita.

 

PAU-BRASIL  –  é uma árvore que produz uma madeira nobre, de cor avermelhada, chamada brasil por lembrar a brasa das fogueiras; e brasa viria do Germânico brasa, “fogo”.

Vale aprender que o adjetivo brasileiro foi por muito tempo um pejorativo. Inicialmente ele designava a profissão de extrator de pau-brasil. E estes eram geralmente degredados, condenados por crimes em Portugal e enviados para pagar suas penas nos trópicos, não sendo assim grandes exemplos de uma vida reta.

 

LOURO  –  do Latim laurus, o nome da planta. Dela eram feitas as coroas de louros que sempre estiveram associadas à vitória. Isso porque o louro era um atributo do deus conhecido como Ares entre os gregos e Marte entre os romanos. Ele costumava ser representado usando uma coroa dessas.

Nos triunfos, festejos dedicados a um general romano por suas vitórias, este desfilava pelas ruas num carro, com uma pessoa segurando uma coroa de louros sobre a sua cabeça; a partir daí, ele tinha o direito a usar a coroa quando quisesse.

Dizem as fofocas que Júlio César usava a sua quase sempre, para disfarçar a sua calvície, da qual ele tinha vergonha.

SEQUOIA  –   esta é uma árvore altíssima, chegando a ultrapassar os cem metros. Ela recebeu o nome de um índio norteamericano que viveu entre 1770 e 1843, Sequoya. Nosso amigo era um pensador; chegou à conclusão de que o poder do homem branco vinha da sua capacidade de usar um idioma escrito. E provavelmente tinha razão. Vai daí que Sequoya passou doze anos fazendo um alfabeto com 86 letras para representar os sons do idioma Cherokee. E que, aliás, foi um sucesso, pois em seguida se começou um jornal nesse idioma e foi feita uma Constituição para o seu povo. Agora ele está merecidamente eternizado naqueles enormes vegetais.

EUCALIPTO  –  seu nome foi feito a partir do Grego eu-, “bem”, mais kalyptós, “coberto”, de kalyptein, “cobrir, tapar”, devido à cobertura dos seus frutos, que se apresentam como que protegidos por uma tampa
em seus pequenos alojamentos.

ARAUCÁRIA  –  Esse nome vem da Província de Arauco, no Chile, onde há espécies nativas da árvore. E o nome do lugar vem do Mapuche arauco, “água barrenta”.

 

Resposta:

Nomes De Flores

– Santa Gertrude que me ajude! São Martinho, segurai aquele demoninho! São Benedito, evitai meu faniquito! Santa Prolegômena, acalmai aquela fenômena! Santos amados, perdoai os meus pecados! Santos queridos, aquietai estes bandidos!

Cri-an-ças! QUIETAS!

Nem vou perguntar por que vocês estão nessa agitação e gritaria, pois esse é o estado normal deste rebanho. Imagino o que os seus pais não passam em casa. Bem feito, quiseram ter filhos…

Ah, a briga toda foi porque a Ledinha viu a bonita camélia que está na minha mesa e disse que decerto ela se chama assim porque os camelos só se alimentam dela e aí alguém a chamou de burra porque camelo só come pedra e areia e aí ela se incomodou e puxou os cabelos mais próximos, que eram os da Valzinha, que estava contando umas coisas sobre a vizinha da frente e aí deu uma rasteira no Joãozinho, que andava fazendo coisas misteriosas com um espelhinho, e então ele empurrou o Arturzinho, que estava comendo bolo e caiu sobre a barriga do Soneca, que estava dormindo, para variar, e acordou emburrado e rasgou os escritos do Zorzinho, que deu um pontapé numa cadeira e com isso derrubou a Lúcia, que estava sentadinha com seu vestidinho branco, de pezinhos cruzados…

E foi aí então que começou a bagunça para valer. Certo.

Agora, enquanto me resta um último pingo de sanidade, vamos todos sentar aqui em roda – Joãozinho, do meu lado! – e eu vou explicar umas coisas sobre nomes de flores que vieram de nomes de gente.

Lembrei-me desse tema porque é o caso dessa flor. Ela vem do sobrenome de um jesuíta italiano, o Padre Camelli, que no século 17 levou mudas dessa flor do Oriente para a Europa. Foi uma bonita honraria, não?

E houve mais flores cujo nome foi dado desse jeito – como, Lucinha? Não, meu bem, nem todas receberam seus nomes no Jardim do Éden. Simplesmente não deu tempo para dar nomes aos bois antes que Adão e Eva arranjassem confusão por lá. Ou talvez não coubessem ali todas as espécies, pense bem…

Mas podemos citar a begônia, que se chama assim por causa do nome de uma autoridade da Ilha de São Domingos, no Caribe, Bégon. O botânico que escolheu o nome ou era seu admirador ou estava querendo alguma licença para explorar mais a ilha.

Esse mesmo botânico, Plumier, gostava de fazer isso, pois deu o nome de seu colega Pierre Magnol a outra flor, a magnólia.

Para não dizer que, em 1703, nomeou a fúcsia a partir do botânico alemão Leonard Fuchs. Este senhor havia morrido em 1566 mas Plumier o homenageou, provando que não era apenas um interesseiro.

A buganvília, essa árvore que dá flores tão escandalosamente vermelhas e bonitas, recebeu esse nome a partir do navegador francês Louis Antoine de Bouganville. Os franceses, com sua galanteria, sabiam agradar às pessoas.

Não, Ledinha, a hortênsia não se chama assim por causa de uma jogadora de basquete, não. É o contrário, até: deram à menina o nome da flor. O nome desta vem do Latim hortus, “jardim cercado, plantação”.

Temos a dália, que foi enviada pelo explorador Alexander von Humboldt do México para o Jardim Botânico de Madrid em 1789, onde recebeu o nome do botânico sueco Anders Dahl, que havia falecido naquele ano.

Existe a zínia, que homenageia o anatomista e botânico alemão Johann Gottfried Zinn, que foi o primeiro a publicar um livro com a descrição anatômica acurada da estrutura do olho humano.

Falando nisso, a gardênia – ah, lá pulou o Robertinho a dizer que esse nome vem de garden, “jardim” em Inglês. Olhem como ele está faceiro, achando-se esperto!

Pois não é isso, rapazinho, sinto muito. O nome vem do Dr. Alexander Garden, médico e botânico que viveu nos Estados Unidos, colecionando muitas plantas e animais. Ele mantinha intensa correpondência com naturalistas europeus, entre os quais Lineu. Este era o grande botânico sueco que se dedicou à classificação da matéria.

Parece que o Dr. Garden, desejoso de ser lembrado, pediu a Lineu que nomeasse uma flor com o seu nome e foi atendido com a gardênia, em 1760.

Ai, que lindas minhas crianças, paradinhas que nem flores em meu jardim prestando atenção…

Bem feito por boca grande. Quem me mandou falar? Agora elas se lembraram que estavam brigando há pouco e voltaram a trocar sopapos.

Quietos todos! Ou eu trago a minha tesoura de podar e corto as línguas de vocês!

Nada como um pouco de suave e refinada psicologia para contornar certas situações.

Mas, como eu ia dizer logo antes de falar besteira, não são apenas as flores que recebem nomes de gente, não. Sabem a sequóia, a árvore mais alta do mundo, que cresce na Califórnia? Ela recebeu o nome de um índio norteamericano que viveu entre 1770 e 1843, Sequoya. Ele era um pensador; chegou à conclusão de que o poder do homem branco vinha da sua capacidade de usar um idioma escrito. E provavelmente tinha razão.

Vai daí que Sequoya passou doze anos fazendo um alfabeto com 86 letras para representar os sons do idioma Cherokee. E que, aliás, foi um sucesso, pois em seguida se começou um jornal nesse idioma e foi feita uma Constituição para o seu povo.

Quem deu o seu nome à árvore foi o botânico húngaro S.L. Endlicher, em 1847. Grande homenagem, certamente.

Existe uma flor que um tal de van Gogh pintou num quadro belíssimo, a íris. O nomezinho dela vem da deusa Íris, que era uma mensageira de Juno, a Sra. de Júpiter. Esta deusa descia do céu pelo arcoíris para trazer as mensagens divinas para a humanidade. Devia ser gostoso, deslizar por sobre as cores, não?

Não, Deli, não se sabe como é que ela fazia para subir se aquilo era escorregadio e deixe de tirar a graça das coisas.

Falando em deusas, a palavra Flora, que designa o conjunto de plantas de um lugar, vem da deusa romana Flora, a quem eram dedicadas as flores, a juventude e a primavera. Em honra a ela eram comemoradas festas anuais, as floralia, onde acontecia cada coisa que vocês nem desconfiam e vamos passar adiante logo que o Joãozinho está com aquele brilho no olhar.

Já que citamos coisas antigas como essas deusas, sabem a eufórbia, que dá flores de um vermelho tão escandaloso? Pois se conta por aí que quem lhe deu esse nome foi o rei Juba II, da Mauritânia, no século I AC, em homenagem so seu médico pessoal, que se chamava Euphorbus.

E com isso chegou a hora de minhas florezinhas queridas irem se despedindo e indo embora, que o sacramento do batismo perdoe o meu cinismo.

Resposta:

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