Pergunta #11164

3) Todos os Apiaka falam português e aqueles casados com Munduruku e Kaiabi chegam a falar fluentemente uma dessas línguas, ou ao menos são capazes de compreendê-la perfeitamente. É preciso explicar que, embora os idiomas Munduruku e Kaiabi sejam falados cotidianamente nas aldeias apiaka, especialmente como veículo de comentários depreciativos, eles se restringem aos espaços domésticos e às conversas informais. A língua do salão, isto é, das conversas formais, é o português. Dessa forma, ainda que não possam impor sua língua aos Munduruku e Kaiabi co-residentes, os Apiaka ao menos conseguem impedir que as línguas desses povos se tornem as línguas oficiais em suas aldeias. Nesse contexto, a língua portuguesa funciona como instrumento de resistência empregado pelos Apiaka para inviabilizar sua absorção cultural pelos Munduruku e Kaiabi. A despeito da proximidade linguística, os Apiaka não aceitam que se ensine o idioma Kaiabi nas escolas de suas aldeias; de outro modo, aceitam de bom grado que professores munduruku deem aulas desta língua, opção linguística que traduz relações sociopolíticas historicamente constituídas. Há anos os Apiaka vêm tentando reativar sua língua por meio da escola, mas ainda não tiveram sucesso; uma iniciativa recente neste sentido foi a elaboração do material didático chamado “Palavra Apiaka”.

Resposta:

Origem Da Palavra