FUROS, FRESTAS, FRINCHAS [Edição 98]
Vivemos topando com soluções de continuidade nos materiais de nosso dia-a-dia, sejam elas rachaduras numa parede ou um furo de cupim na folha de um livro. Elas têm diversos nomes em nosso idioma, cada um com sua origem.
FURO – do Latim forare, “furar”. E este por sua vez veio do Indo-Europeu bhar-, “furar, cortar”, que gerou o Latim ferire, “transfixar com ferro”, ou seja, “ferir”.
FRINCHA – sua origem é controversa. Silveira Bueno sugere o Calabrês fringulo, “retalho, pedaço pequeno retirado de algo”.
FRESTA – do Latim fenestra, “janela”, do Indo-Europeu bhan- ou phan-, “brilhar”, já que a função de uma janela é fazer entrar a luz num aposento.
GRETA – do Latim crepitare, ranger, fazer ruído, estalar”, pois o ato de formar uma rachadura ou fenda em algo costuma se acompanhar por um ruído do material se partindo.
FENDA – do Latim findere, “partir longitudinalmente alguma coisa”. O particípio passado deste verbo é fissus, que originou nossa palavra fissão, que pode se aplicar a diversas substâncias ou mesmo a átomos, bem como fissura, “abertura ou fenda estreita”.
BURACO – também deriva do Latim forare. Do particípio passado deste verbo, foratus, surgiu a forma antiga furato, que mais tarde passou a buraco.
PERFURAÇÃO – de furo, com o radical per-, “através, de todo”.
ABERTURA – do Latim aperire, “abrir”.
BRECHA – do Francês brèche, “brecha”, do Gótico brikan, “romper, quebrar”. Esta palavra originou também o Inglês break, “quebrar”.
POÇO – do Latim puteus, “buraco, poço”.
CISTERNA – pode ser igual a um poço, mas recolhe apenas água da chuva.
Do Latim cis terram, “abaixo da terra”, onde cis, além do usual “do lado de cá”, significa “abaixo daqui”.
RACHADURA – possivelmente do Latim re-, intensificativo, mais ascla, “acha, pedaço de madeira”, que levou ao verbo rachar.
RUPTURA – do Latim rompere, “quebrar, partir, romper”.
ROMPIMENTO – vide acima.
CRATERA – do Latim crater, do Grego krater, “vaso para misturar vinho com água” (eles bebiam o vinho diluído), de keránninai, “misturar”, do Indo-Europeu kra-, “misturar, confundir”.
VALA/VALO – do Latim valla, plural de vallum, “paliçada, trincheira”, possivelmente de um radical val-, “cobrir, defender”.
FOSSO – do Latim fossus, “o que foi escavado”. Os fósseis que fazem a alegria dos paleontólogos se chamam assim porque são o resultado de escavações.
DRAGAGEM – do Inglês drag, “arrastar”, que originou o nome de um instrumento para limpar valados de plantação, uma enxada.
REGO – provavelmente sob influência do Celta rica, “sulco”.
TÚNEL – do Inglês tunnel que deriva do Francês tonel, “barril”, que acabou desenvolvendo o sentido de “cano, tubo” e mais tarde o de “passagem subterrânea”.
TRINCADURA – talvez do Latim truncare, “partir, romper”.