MIUDEZAS [Edição 96]
A todo momento nós temos que lidar com fatos e coisas que não constituem maior problema mas que recheiam nossa existência, para bem ou para mal.
É o mosquito que zune em nossos ouvidos quando desejamos dormir em paz, é o chaveiro que não sabemos onde se encontra, é o spam ou o folheto de propaganda, é o sorriso que uma criança desconhecida nos dá na rua… Como nomear e saber de onde veio tudo isso?
Olhem, mas desde já avisamos que muitas dessas palavras apresentam pouco uso hoje em dia.
MIUDEZA – vem de miúdo, “pequeno, de tamanho reduzido”, do Latim minutus, de minuere, “diminuir em tamanho ou número”, de minus, “menor”, que veio do Indo-Europeu mei-, “pequeno”.
MINÚCIA – também se origina de minutus.
BAGATELA – do Italiano bagatella, “miudeza, coisa pequena”, ligado a bagattino, “moeda de pequeno valor”, do Latim bacca, “baga, espécie de fruto, como o do carvalho”, figurativamente “pequeno objeto arredondado”, como no caso de uma moeda.
BUGIGANGA – do Espanhol mojiganga, uma variação de bojiganga, “peça teatral curta e burlesca”, por extensão “coisa ridícula e sem valor”, do Latim vesica, “bexiga”. Isso porque a bexiga seca de gado era usada para compor trajes e objetos de farsa. Os artistas vestiam roupas recheadas com bexigas cheias de ar para efeito cômico.
O nome bojiganga era o nome de um personagem do teatro burlesco.
NINHARIA – nada a ver com ninho. Vem do Espanhol niñería, “criancice”, de niño, “menino”, possivelmente de origem em palavra gerada pela fala infantil.
MIGALHICE – com o sentido de “insignificância”, vem de migalha, do Latim micalea, de mica, “fragmento, porção muito pequena de alguma coisa”.
Mica também designava a parte da areia que reflete a luz, fazendo-a brilhar; originou o Italiano micare, “brilhar, tremular”, de onde o termo de Mineralogia mica, usado para certos silicatos.
INSIGNIFICÂNCIA – do prefixo latino de negação in-, mais significans, relacionado a significare, “mostrar por sinais”, de signum, “sinal”, mais a raiz de facere, “fazer”.
BOBAGEM – “coisa de bobos”, do Latim balbus, “gago’, de origem onomatopaica. Em outras épocas se ligava esse problema de fala ao retardamento mental, uma noção completamente errada.
MIXARIA – vem de mixe, “de pouco valor, insignificante, sem graça”, possivelmente do Guarani mi’xi, “pequeno, escasso”.
BESTEIRA – deriva de besta, no sentido de “animal irracional”, do Latim bestia, “animal em geral”. Ou seja, designa um ato feito com escassa reflexão, algo de escasso valor.
FRIOLEIRA – do Latim frivolus, “sem valor, vão, fútil”. Origina-se de friare, “triturar, quebrar”. A metáfora aqui é com cacos de cerâmica rotos, que para nada servem.
NONADA – para designar alguma coisa insigniificante, sem valor, esta palavra foi inventada no século XIV, a partir de não e nada.
QUINQUILHARIA – Do Francês quincaille, “mercadoria barata”, de clinquaille, derivado de cliquer, “fazer ruído”, de origem onomatopaica.
PARVOÍCE – do Latim parvulus, diminutivo de parvus, “pequeno, miúdo, tolo” muitas vezes aplicado a crianças de tenra idade.
RIDICULARIA – vem de ridículo, que vem do Latim ridiculus, “aquilo que desperta o riso, que não é levado a sério”, derivado de ridere, “rir”.
INÂNIA – mais uma pouco usada. Significa “vazio, inútil” e vem do Latim inanis, “pobre, vazio”.
FUTILIDADE – ela vem do Latim futilis, “sem valor, vazio”, literalmente “o que se derrama com facilidade”, portanto “facilmente esvaziado, não-confiável, vazando”, de fundere, “derreter, derramar”.
NUGA – do Latim nugae, “frivolidades, bagatelas”.
NULIDADE – vem de nulo, do Latim nullus, “inexistente, sem valor, inepto”, de ne-, negativo, mais ullus, “alguém”, que veio de unullus, um diminutivo de unus, “um”.