PALESTRAS, ETC. [Edição 97]
É comum, ao logo da vida, assistirmos à apresentação organizada de determinado assunto, seja nas aulas de nossa infância, seja em chatíssimas conversas motivacionais que só emocionam aos que as proferem. Estas apresentações podem ser chamadas por diversos nomes, cuja origem estudaremos hoje.
PALESTRA – Do Grego palaistra, “escola, local para exercícios”, de palaíein, “lutar”. Na Grécia antiga, esse era o nome dado a um local onde se fazia treinamento de lutas, lançamento de disco e outros esportes.
Servia também para o convívio social masculino (menina não entrava). Da conversa sobre assuntos variados acabou surgindo o sentido mais usado em nosso idioma, que é o de “debate, aula, conferência”.
FALA – do Latim fabula, “história, ficção, conto”, derivada de fari, “falar, dizer”, de uma raiz Indo-Europeia bha-, “falar”.
DISCURSO – do Latim discursus, particípio passado de discurrere, “correr ao redor”, metaforicamente “lidar com um assunto por vários pontos de vista”, formado por dis-, “fora”, mais currere, “correr”. No Latim tardio passou a ter o significado de “conversação”. O sentido mais usado hoje para nós é o de mensagem verbal, o mais das vezes em tom solene. Muitas vezes é mais eficiente do que um sonífero.
ARENGA – vem do Frâncico hring e se usa para uma fala militar ou discurso em tom pejorativo.
ORAÇÃO – do Latim oratio, “fala, discurso”, de orare, “pedir, rezar”, um derivado de os, “boca”, já que esta costuma ser o instrumento usado com esse fim.
MONÓLOGO – vem do Grego monos, “um” e legein, “falar”. Indica que uma única pessoa é responsável por nos impor uma série de argumentos, sem ouvir outras partes.
DIÁLOGO – quase todos pensam que este se dá entre duas pessoas, em conformidade com monólogo e por começar com “DI”. Mas não é o caso; ela pode designar uma conversação com número indefinido de participantes.
Vem do Latim dialogus, do Grego dialogos, “conversação”, relacionado a dialogesthai, “falar, conversar”, formado por dia-, “através”, + legein, “falar”.
CONVERSA – do Latim conversatio, que queria dizer inicialmente “viver com, encontrar-se com frequência”, formada por com-, “junto”, mais vertere, “virar, voltar-se para”.
DISCUSSÃO – aqui os argumentos são menos delicados, levando por vezes ao desforço físico. A palavra vem do Latim de discutere, formado por dis-, “fora, mal, inadequado”, mais cussus, o particípio passado de quassare, uma variante dequatere, “sacudir, chacoalhar, bater”, por extensão “ameaçar, quebrar”.
Certamente uma criação bem expressiva.
CONFERÊNCIA – do Latim conferre, “trazer junto”, figurativamente “comparar, consultar, deliberar”, formado por com-, “junto”, mais ferre, “trazer, portar”. O sentido de “receber conselho, aprender sobre um assunto” se firmou, mas o de “fazer comparação, observar se algo está nos padrões” continua como antes.
AULA – do Latim aula, (do Grego aemi, “soprar, respirar”, pois era inicialmente um lugar aberto), “palácio, pátio de palácio, onde se reúnem as pessoas para discussões”, depois “sala onde ficam os estudantes durante as lições”.
APRESENTAÇÃO – do Latim praesentare, “dar, mostrar para aprovação, exibir”, de praesens, formada por prae-, “à frente”, mais esse, “ser, estar”.
ELÓQUIO – uma apresentação oral pode levar este nome, pouco familiar na atualidade. Vem do Latim eloquium, “discurso, fala”, e se forma por ex-, “para fora”, mais loqui, outro verbo usado para “falar”.
EXPOSIÇÃO – do Latim exponere, “apresentar à vista, destacar, mostrar”, de ex-, “para fora”, mais ponere, “colocar”.
PRELEÇÃO – deriva do Latim praelectio, “conferência”, de prae-, “à frente”, mais legere, “falar em voz alta”. Quem faz uma preleção fica falando em frente à plateia.
EXPLANAÇÃO – do Latim explanare, “tornar claro, simples, liso”, de ex-, “para fora”, mais planus, “achatado, sem relevo”.
O triste é que muitas explanações, quando feitas com pouca dedicação, acabam ficando chatas mesmo.