Profissões I
Cri-an-ças! Que é isso? Aninha puxa os cabelos da Patty, que dá pontapés na Vera, que atira coisas no Tiago, que dá um tapa no Joãozinho, que puxa o vestido da Valzinha, que põe a língua para todos nós enquanto o Zorzinho não pára de rabiscar…
Pa-ra-dos! Qual foi a causa disto tudo? Ah… estavam discutindo para ver quem ia ser mais rico no futuro, é?
Pois saibam que brigar não adianta para isso. O que vocês têm é que estudar e… já sei, agora vamos lidar com os nomes das profissões, para ver se vocês se aquietam um pouco.
A Maria Tereza, tão seriazinha e bem-comportada ali, provavelmente vai ser uma advogada das mais finas.
Esta palavra vem do Latim advocatus, originalmente particípio passado de advocare, “chamar (como defensor)”, formado por ad-, “a, junto”, mais vocare, “chamar”, que por sua vez vem de vox, “voz”.
Quando uma pessoa se via em complicações com a justiça – principalmente numa época em que a “execução” era aplicada literalmente – precisava chamar logo alguém para dar uma ajuda legal.
A Valzinha sempre disse que queria ser médica para ter uma porção de casos escabrosos para contar.
O nome de sua profissão vem do verbo latino medicus, “aquele que trata da saúde alheia”, de mederi, “curar, tratar “, originalmente “saber o melhor caminho para”, de uma fonte Indo-Européia med-, “medir, considerar, aconselhar”.
Ali o Zorzinho só pode acabar sendo um escritor, pois nesta tenra idade ele rabisca incansavelmente, mesmo sem saber escrever. Há muitos que publicam livros mesmo sem saber escrever, por que não ele? Nesse caso, é bom ele ir sabendo que essa palavra vem do Latim scribere, “marcar com linha, desenhar, escrever”. Em Grego se usava uma palavra relacionada, skariphasthai, para “esboçar, delinear”; a origem de tudo foi o Indo-Europeu sker-, “cortar, fazer incisão”. Isso mostra que os primeiros materiais onde se escreveu ou desenhou não eram nada macios.
Não, Ledinha, naquelas épocas não havia papelarias ou outras lojas, não havia papel, não havia esse materialzinho que vocês usam e desperdiçam hoje. Por que não havia isso? Ora, porque… porque não haviam inventado o dinheiro ainda. Desse jeito, não dava para comprar nada, entendeu? E por isso ninguém abria lojas ou fabricava papel, não valia a pena.
Pronto, agora fique quietinha aí.
Como, Patty? Ah, você quer ser enfermeira? Bonito. Essa palavra deriva do Latim medieval infirmaria, de infirmus, “fraco, doente”, formada por in-, negativo, mais firmus, “estável, firme (de saúde)”. Nesses lugares se cuidava dos que não estavam com a saúde em dia, enfim, dos doentes. Não é nada fácil, pense bem em suas escolhas.
Quem gosta de fazer casinhas com bloquinhos de madeira pode acabar sendo engenheiro. Isto veio do Latim ingenium, “talento, qualidade nata”, de in-, “em”, mais gen-, da raiz de gignere, “produzir, gerar”. Calma, pessoal, já explico. Não quer dizer que todo engenheiro seja gênio, ou tenha muitos filhos, não; é que, no começo, a palavra engenho se aplicou a qualquer equipamento mecânico, principalmente na área militar.
Depois o nome ficou restrito a um aparelho que converte qualquer energia em energia mecânica – tudo começou com as máquinas a vapor na Inglaterra. E o sujeito que cuidava destas passou a ser chamado de engenheiro. Agora eles não se limitam a cuidar de máquinas; podem ser agrônomos, cuidar de eletrônica, de construção e de muitas outras coisas.
Ah, é Ledinha, você quer ser agrônoma? Essa palavra vem do Latim ager, “campo”, pois estes profissionais lidam com ele.
E professor, quem quer ser? Hum, só o Arturzinho ali. Parece que vocês perceberam que é difícil demais agüentar aluninhos incontroláveis.
Bem, um professor tem uma atividade que deriva do Latim professus, “aquele que declarou em público”, do verbo profitare, “declarar publicamente, afirmar perante todos”, formado por pro-, “à frente”, mais fateri, “reconhecer, confessar”. Trata-se de uma pessoa que se declara apta a fazer determinada coisa – no caso, ensinar.
Ora, Soneca acordou e pergunta de onde vem piloto. Essa palavra, meu dorminhoco, vem do Italiano piloto, do Grego medieval pedotes, “timoneiro”, do Grego pedon, “remo que serve como leme”, de pous, “pé”. Bem, o tempo de nossa aulinha está se esgotando. Vocês pareceram ter muito interesse neste assunto.
Prometo que vamos voltar a ele na próxima vez.