Palavra fanfarra

CIRCO

 

Atualmente o circo está perdendo, em nosso país, para atrações tecnológicas de diversos tipos. Mas já houve época em que as crianças sonhavam com ir a um local tão maravilhoso, cheio de atrações exóticas, ruído, aglomeração de pessoas, cheiro de pipoca…

Vamos ver a origem das palavras relacionadas a ele.

CIRCO – vem do Latim CIRCUS, “anel” (que se aplicava também às arenas redondas para esportes e lutas), que vinha do Grego KYKLOS, “círculo ou sua forma, movimento ao redor de, eventos que se repetem com regularidade”, do Indo-Europeu ker-, “torcer”.

Os romanos tinham o seu Circus Maximus, ou seja, “a arena maior”, o que hoje chamamos de Coliseu.

Este nome, aliás, vem de colossus, do Grego kolossos, “estátua gigantesca”, de origem desconhecida. Serviu para dar nome a uma enorme estátua de Nero, que foi feita no local que em breve seria o Circo Máximo, por isso até hoje conhecido por “Coliseu”, de Colosseum.

A famosa expressão Panem et Circenses é do poeta latino Juvenal e quer dizer “pão e jogos de circo”. Com isso ele queria dizer que em sua época o povo romano, em vez de fornecer bravos soldados à pátria, só desejava ganhar alimento e se distrair vendo as atrocidades cometidas nas arenas (elas eram subvencionadas pelo governo para manter a população distraída).

PALHAÇO – é o primeiro que nos ocorre ao pensar em circo e outros lugares em que patuscadas são feitas para distrair o público. Essa palavra vem  do Italiano pagliaccio, de paglia, “palha”, a qual era usada para encher suas roupas coloridas e deixá-las mais engraçadas.

CLÓVIS – em alguns pontos do Brasil um palhaço ou outra figura fantasiada é chamado de clóvis. Isso nada tem a ver com o nome próprio; deriva do Inglês clown, do Inglês antigo cloyne, “sujeito rústico, campesino”, de origem desconhecida. Provavelmente resultou da leitura errada de algum cartaz que anunciava clowns no espetáculo.

DOMADOR – antes ele era figura indispensável num circo, com sua coragem e seu chicote. Agora números com animais são proibidos, felizmente, e ele deu lugar a outras atraçoes. De qualquer modo, essa atividade recebeu seu nome do Latim domare, “amansar, dominar, domesticar”, e se relaciona a domus, “casa”, passando a noção de que os animais pertencentes a ela já não eram selvagens, eram domesticados –  outra palavra que derivou daí.

EQUILIBRISTAS – aquele pessoal que deixava todo o mundo com o coração na mão ao andar de um lado para outro nas cordas bambas. A origem é o Latim aequilibrium, “de mesmo peso”, de aequi, “igual”, mais libra, “balança”.

TRAPEZISTAS  – esse pessoal se pendurava numa barra oscilante cujo nome vem do Grego trapezion, de trapeza, “mesa pequena de quatro patas”. Ela devia ser meio guenza para ter emprestado o nome à figura geométrica que chamamos de trapézio.

MALABARISTA – vem de Malabar, o nome da costa oeste da Índia. Parece que a capacidade de entreter o público com o movimento imprimido a objetos recebeu esse nome a partir da habilidade que os portugueses perceberam nos artistas dessa região. Mas ela é muito mais antiga do que isso, já que há desenhos egípcios mostrando pessoas a se apresentarem jogando diversas bolas no ar ao mesmo tempo.

MÁGICO – ourto artista indispensável num circo. Deriva do Grego magikós, “relativo à magia”, de magos, “membro de uma categoria sacerdotal”, derivado do Persa magush, “sacerdotes que interpretavam sonhos”.

BANDA – enquanto as atrações eram substituídas, uma banda com muitos instrumentos de sopro atacava com fúria a música de fundo. Seu nome deriva do Francês bande, aqui como “corpo de tropa”, do Gótico bandwa-, “sinal, marca, bandeira”.

FANFARRA – designa “conjunto de instrumentos de metal” ou “música ruidosa”, certamente com origem onomatopaica. Daí derivou o nosso fanfarrão, o sujeito que faz muito barulho do qual depois nada resta, como uma apresentação da banda.

TENDA – tudo isso se passa sob o abrigo de uma tenda, do Latim tenta, “barraca, tenda”, do particípio de tendere, “esticar, estender, alongar”. Se a tenda não está bem ajeitada, não há espetáculo.

LONA – a tenda é formada basicamente por um tecido impermeável e resistente, cujo nome vem da cidade francesa de Olonne, no vale do Loire,  há muito um centro de fabricação desse material.

MASTRO – sem ele, a lona não se sustenta. Vem do Francês mast, que deriva do Frâncico, onde significava “poste, tronco de árvore, madeira longa aparelhada para suportar cordas e velas”.

PICADEIRO – deriva de “picar”, verbo que se origina no som de algo batendo: “pic, pic”. Antigamente era  o lugar onde se treinavam cavalos com o pique, uma vara pontuda, daí o nome.

SERRAGEM – o chão do picadeiro é revestido com este material resultante do corte da madeira, fácil de retirar e repor. É uma palavra que vem do Latim serra e que não teve maiores modificações até agora em nosso idioma, como se pode ver.

Resposta:

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