As pessoas parecem estar sempre resmungando contra o clima. Ou faz muito calor ou a gente está congelando, aquele vento não para de incomodar, falta sol ou há sol demais.
Vamos dar uma olhada na origem de palavras que entram neste tipo de conversa.
CALOR – do Latim calor (acento no “A”), “qualidade do que é quente, calor”. Daí derivou caldus, “quente”. Em nosso idioma, essa acepção passou a ter a forma “cálido”; o outro derivado, “caldo”, acabou virando o nome de um determinado prato.
Outro descendente, “caloria”, acabou sendo o pesadelo de quem está com sobrepeso; usa-se para designar a unidade usada para medir a energia entregue pelos alimentos ao nosso corpo. Este, quando não a gasta, tem o mau hábito de a armazenar em forma de gordura.
Muitas vezes “calor” é usado em sentido metafórico, como quando um político agradece “o caloroso acolhimento do povo desta terra”, mesmo que esteja sendo vaiado pela meia dúzia de gatos pingados que compareceu ao seu comício.
SENEGALESCO – muitas vezes este adjetivo acompanha o substantivo “calor” para dizer que a temperatura está muuito alta. Essa palavra quer dizer “relativo ao Senegal”, país da África cujo nome tem origem controversa.
Dizem uns que veio da expressão Wolof senyu gal, “nossas canoas”; outros querem que venha de Zenaga, o nome de uma tribo local.
QUENTE – veio do Latim calens, “quente”, do verbo calere, “ter calor”, do já citado caldus.
O verbo “esquentar” veio do Latim excalentare, de ex-, “para fora”, mais calentare.
DERRETER – do Latim de-, mais reterere, “desgastar, amolecer, fundir”, de terere, “esfregar, polir, alisar”.
Quando o calor está forte, a gente parece que vai derreter, até por que produz muito suor.
FUNDIR – quando a temperatura está muito alta, um metal pode derreter, ou fundir. Tal palavra vem do Latim fundere, “derramar, espalhar, verter”.
SUOR – que era em Latim SUDOR, “líquido que goteja, destilação, suor”. Existem derivados cultos, mais próximos da palavra original, como “sudoríparo”, de sudor mais parere, “dar à luz, parir, gerar”.
MORNO – não é quente, mas é quase… E sua origem tampouco se define bem. Pensa-se que possa vir do Espanhol modorro, “preguiçoso, sonolento”, mas não há certeza.
TÉPIDO – tem o mesmo significado que a última palavra e vem do Latim tepidus, “pouco intenso, morno”.
TÍBIO – em Espanhol quer dizer “com calor de pouca intensidade, morno”, mas em nosso idioma aplica principalmente de forma metafórica ao que é débil, desprovido de vigor, frouxo.
Não confundir com “tíbia”, que veio do Latim tibia, “flauta” e depois “osso da perna”, já que muitas vezes estes eram usados para fazer esse instrumento de sopro.
TEMPERATURA – é do Latim temperare, “misturar corretamente, regular, moderar”. Exatamente, no começo do seu uso não tinha nada a ver com o sentido atual. Começou a ser usada com o sentido de “estado de calor ou frio” por Boyle, em 1670.
VERÃO – é quando as temperaturas sobem. Deriva de veranum tempus, “tempo primaveril”, de ver, “primavera” propriamente dita. Antigamente se usava verano para designar o fim da primavera e o começo do verão e estio para o resto do que nós chamamos de verão.
FRIO – vem do Latim frigus, “frio, geada”.
Desta palavra vieram refrigério, “ato de refrescar-se, alívio, consolo” e refrigerador e refrigerante, que não precisamos explicar.
GELO – do Latim gelus; era usada para dizer tanto “gelo” como “frio intenso” como “geada” e “caramelo, revestimento doce”.
Daí o uso da palavra glacê, aquele revestimento clarinho dos bolos; em Francês, “gelo” se diz glace.
NEVE – deriva do Latim nix, “neve”.
GRANIZO – do Espanhol granizo, de grano, “grão”, do Latim granum, “grão”.
FRESCO – esse tem uma origem diferente, vem do Frâncico fresk, “de baixa temperatura”.
SORVETE – do Persa sharbat, “bebida com suco de fruta, açúcar e gelo”.