Devemos muito aos artistas que nos legaram quadros que nos fazem sonhar como van Gogh, Monet e tantos outros. Hoje vamos homenagear as humildes ferramentas de seu ofício dando as origens das palavras usadas para descrever seus materiais.
PINTURA – do Latim pictura, “ato de pintar”, ligado a pictus, particípio passado de pingere, “pintar, bordar”.
CAVALETE – do Italiano cavaletto, o nome de um instrumento onde uma pessoa era amarrada para ser torturada. E este vem de cavallo, “cavalo”, por ter quatro patas. O cavalete a que nos referimos serve para firmar o quadro à frente do pintor, não para torturar alguém.
PALETA – é o nome da placa sobre a qual os pintores fazem a mistura das tintas. Vem do Italiano paletta, diminutivo de pala, “pá”, pelo formato achatado.
Metaforicamente se usa como “gama de cores”.
TINTA – do Latim tingere, originalmente “encharcar, molhar, embeber”, propriamente “imergir algo num banho para lhe conferir cor”. Logo passou a significar também “a substância usada na pintura”.
O verbo latino originou também o nosso tingir, “aplicar substância corante a um tecido”.
QUADRO – do Latim quadrum, “o que tem quatro lados”, de quattuor, “quatro”. Eles foram por muito tempo feitos assim, mas já existem quadros redondos e poligonais atualmente. Não que sejam melhores do que os clássicos.
MOLDURA – do Latim modulus, “medida, modelo”, de modus, “maneira, medida, modo”. Uma moldura adequada traz valor visual a um quadro, por isso os pintores dão muito valor à sua escolha.
TELA – do Latim tela, “tecido”. Mas nem sempre um quadro é feito sobre tecido, à vezes o material pode ser outro, como madeira.
E tela vem de texere, “fiar, tecer, preparar um tecido”, que originou também têxtil.
PINCEL – do Latim penicillus, “pincel”, literalmente “pequena cauda”, diminutivo de peniculus, que já é um diminutivo de penis, “cauda”.
O nome do antibiótico penicilina deriva de penicillus, já que o fungo de onde ele é extraído lembra um pouco a forma de um pincel.
GODÊ – do Francês godet, “pequeno copo para bebida”, depois usado para fazer a diluição de tintas, do Holandês kodde, “pedaço cilíndrico de madeira”.
GUACHE – do Francês gouache, do Italiano guazzo, “poça d’água”, do Latim aquatio, de aqua, “água”. Isso porque é uma tinta que se dilui em água.
ÓLEO – assim se chama um quadro pintado com uma tinta composta por substâncias viscosas, não solúveis em água.
Este nome vem do Latim oleum, “azeite, óleo”, do Grego elaion, “oliveira”, de elaia, “azeitona”.
PIGMENTOS – do Latim pigmentum, “aquilo que dá cor”, de pingere, “pintar”.
SOLVENTE – é o veículo em que são desmanchados os pigmentos para que se possa trabalhar com eles.
Vem do Latim solvere, “afrouxar, separar em suas partes constituintes”.
AVENTAL – sem ele, as roupas dos artistas acabariam levando as suas mulheres à loucura.
Vem de “avante”, no sentido de “ficar à frente”, que vem do Latim ab ante, “à frente”.
VERNISSAGE – vem do Francês vernissage, “envernizamento”, de vernis, “verniz”, que por sua vem vem do Grego Berenike, nome de uma cidade no norte da África (hoje Benghazi, na Líbia) onde teria sido inventada essa substância. Na véspera da inauguração de uma exposição, os artistas iam à galeria de arte para dar um última demão de verniz nos quadros, para garantir a sua durabilidade. Nessa ocasião muitas vezes seus amigos e familiares os acompanhavam e tudo acabava virando uma reunião social.
GALERIA – é o nome dado ao local de exposições artísticas. Vem do Latim tardio galeria, de origem incerta; há quem suponha que se trata de uma alteração de galilea, “entrada de igreja”, de “Galileia”, a região mais ao norte de Israel. Esta parte desses prédios muitas vezes recebia esse nome porque se situava distante do altar, como a Galileia ficava em relação a Jerusalém.