Pergunta #692
Dr. Alaúzo: dá para acreditar que isto não é uma consulta, mas uma informação!! É que me deu vontade de partilhar com o mestre uma descoberta que fiz ao ler um artigo sobre frutos do mar. Citando: ” os filósofos gregos regalavam-se com o sabor das ostras (…), inventando, a partir daqui, o conceito de “ostracismo” pois o nome das pessoas a banir era inscrito nas′ostrakon′ (cascas de ostras) que depois se apresentavam a voto.”
Desculpe-me a intromissão em sua seara! Lúcia
Resposta:
Lúcia:
Até agora ninguém se tinha lembrado de me dar uma informação, em vez de pedir. Agradeço muito, mas não se pode esperar demasiada etimologia de um artigo sobre frutos do mar.
Os “filósofos” gregos não inventaram nenhum conceito de ostracismo a partir da comida, não.
Esse método de banimento por dez anos, usado na Atenas antiga para pessoas que se pudessem considerar perigosas para o Estado, não foi inventado por causa das ostras.
Há uma certa confusão nisso tudo: em Grego, “ostra” se dizia OSTREON. O que se usava para escrever o nome da pessoa a ser banida era um OSTRAKON, “casco duro, pedaço de vaso ou de telha”.
Esses fragmentos eram muito comuns nos lares da época, e eventualmente eram usados como substrato para uma votação deste tipo.
Ambas as palavras descendem do Indo-Europeu OST-, “osso” e são relacionadas ao Sânscrito ASTHI, “osso”.
Assim, são primas, mas não têm o mesmo significado.