Pergunta #8490
Mas professor, me ajude, estava lendo um livro de grego de Henrique Muracho e ele afirma que os verbos de ligação não havia em nenhum idioma muito menos no grego, só no século V ele foi se popularizar, dizendo que o verbo ser, em “eímai”, tinha o sentido de existência, forte e absoluto, e foi o que pude constatar nos documentos gregos que tenho de homero, mas aí vi num outro livro de Antonio Freire, que o verbo de ligação existente em muitos idiomas vem do Indo-Europeu, mas se vem do indo-europeu, como veio a entrar no grego só mais tarde? Vejo frases de Homero na ilíada do tipo: “ántropos mícros polítikoon” e aí a tradução é: “O homem é um cidadão pequeno.” Mostrando a ausência do verbo de ligação que aqui no nosso idioma temos que colocar, o que me faz a dúvida: teria então o verbo “ser” um verbo de origem própria de cada idioma, ou tem origem da família indo-européia. Me ajude!!!
Resposta:
Ineteressantísima a discussão. Não tenho condições de a decidir, apenas de colocar mais lenha na fogueira.
Veja que o verbo inglês TO BE, “ser”, tem uma origem estranhíssima.
Ele na verdade representa a mistura de mais de um antigo verbo, a “raiz B”, que forneceu o TO BE e vem do Indo-Europeu BHEU-, literalmente “crescer, vir a existir, tornar-se”, e a “raiz S”, do I-E ES- “permanecer”, que nos deu a forma inglesa AM e o Grego ESTI-.
A “raiz B” também gerou os tempos perfeitos do latino ESSE, “ser”.
Já outras formas de TO BE, como WAS, vieram do Indo-Europeu WES-, “habitar, ficar, permanecer”.
A forma ARE só tomou o seu lugar em vez de BE lá por 1500, o que mostra que a definição das formas de um verbo tão básico não têm a antigüidade que se imaginaria.
Isso mostra que o verbo “ser” tem origem bem antiga mesmo; quem sabe apenas sua função como verbo de ligação é que se tornou necessária mais tarde, com a queda das declinações?