CORAGEM [Edição 62]
Esta é uma das qualidades que sempre se destacaram no rol das coisas boas que um caráter humano pode apresentar.
Sempre é mostrada como material abundante nos heróis de filme e nas figuras históricas; em relação a estas, quanto mais no passado elas estão, maior é a coragem que lhes é atribuída, já notaram?
CORAGEM – do Latim coraticum, derivado de cor, “coração”. Isso porque, em épocas remotas, este órgão era considerado a sede da coragem, além da inteligência. Daí o apelido do Ricardo Coração de Leão.
Uma fofoca histórica: consta que corajoso ele era, mas não era muito adepto de cumprir a sua palavra. Foi apelidado pelos súditos de Richard aye and nay, ou seja, “Ricardo sim e não”.
BRAVURA – do Italiano bravo, “atrevido, audacioso, bravo”, possivelmente do Latim bravus, “vilão, criminoso”, de pravus, “depravado, desonesto”.
Eis uma palavra que começou designando uma qualidade negativa e que acabou vencendo na vida.
VALOR – veio do Latim valor, “riqueza, valor”, da mesma origem de valere, “apresentar boa saúde, ser forte”.
Os romanos se cumprimentavam muitas vezes dizendo Si bene vales, valeo: “Se estás bem, eu também”.
Um sinônimo é valentia, de mesma origem.
Passou a apresentar o significado de “coragem” a partir dos fins do século XVI, através do Italiano valore.
DESTEMOR – descreve a coragem através do seu oposto. Forma-se por des-, com significado de “oposto”, mais “temor”, que vem, do Latim timor, “receio, medo”. Ou seja, é a qualidade daquele que não teme.
DESASSOMBRO – da mesma maneira que aqui acima se construiu esta palavra mas usando “assombro”, que vem de “sombra”, que vem do Latim umbra, “escuridão, sombra”.
Não é normal a gente ter medo do escuro quando é criança?
Na idade adulta também, só que a gente não pode confessar.
AUDÁCIA – do Latim audacia, “coragem, atrevimento”, do Latim audax, “atrevido, bravo”, de audere, “atrever-se, empreender”.
Note-se que audax tinha um sentido pejorativo além desse, que era o de “inconsequente, desprovido de noção do resultado de seus atos”.
OUSADIA – o mesmo audere se transformou, no Latim vulgar, em ausere, que nos deu esta palavra.
ARROJO – vem do Latim rotulare, “atirar um objeto rodando, girando”, de rota, “roda”.
Uma pessoa que age arrojadamente muitas vezes lembra um objeto que entra girando loucamente em algum lugar.
Se a sua ação der certo, ela fica com fama de corajosa, se não der, de insensata.
HEROÍSMO – do Grego hero, “semideus”, significando originalmente “defensor, protetor”, de uma base Indo-Européia ser-, “proteger, vigiar”, que se manifesta também em “servo” e “serviço”.
GALHARDIA – do Francês gaillard, “vigoroso, forte, bravo”. Talvez venha do Galo-Romano galia, “força”, do Celta gal, mas não há certeza absoluta.
INTREPIDEZ – do Latim intrepidus, “o que não teme, o que não é dominado”, formado por in-, negativo, mais trepidus, “alarmado, trêmulo”, parente do nosso “tremer”.
ÍMPETO – do Latim impetus, “ataque, impulso, vigor”, formado por in-, “em”, mais petere, “correr para, dirigir-se a”. Este verbo, aliás, originou a palavra “petição”.
BIZARRIA – a sua conotação de “coragem” é pouco conhecida, mas existe. Provavelmente venha do Italiano bizzarro, “irritadiço, feroz”, de bizza, “acesso de raiva”.
BRIO – do Italiano brio, “exuberância, espírito, vivacidade”, possivelmente do Gaulês brigo, “força”.
ÂNIMO – do Latim anima, “alma, espírito, vida”.