MUSEU [Edição 65]
Crianças, antes que vocês comecem a trocar os habituais golpes uns nos outros, a Tia Odete aqui vai lhes projetar umas imagens bem bonitas.
Trata-se de umas fotos sobre um passeio a um museu, que eu fiz quando ainda era viva.
Esta palavra vem do Latim museum, “biblioteca, lugar de estudo”, do Grego mouseion, “altar para as Musas”. Mais tarde seu sentido mudou para abranger um local onde são guardados exemplos de Artes e História.
E Musa vem de mousa, literalmente “música, canção”, nome que foi dado a divindades protetoras e personificadoras das Artes, de uma raiz Indo-Europeia men-, “pensar, lembrar-se”, relacionada à palavra mente.
O que está adequado, porque só quem tem uma mente que pensa se interessa por um museu.
Há gente que vai ao Exterior e não visita museus. Há quem nunca tenha colocado o pé num museu, nem mesmo nos de sua cidade.
Não ouvi bem, Valzinha, como é? Hum, sua mãe pegou seu pai falando ao telefone com uma moça que ele chamava de “minha musa” e o pau quebrou em casa? Ora, decerto foi um mal-entendido e ele estava era marcando uma visita ao um museu e explicando a origem da palavra.
Mas vamos falar noutras coisas… vejam aqui, que lindos e grandes quadros. Esta palavra vem do Latim quadrum, “o que tem quatro lados”, de quattuor, “quatro”.
Ao redor dele há uma preciosa moldura, olhem como é bem trabalhada. Sua origem é o Latim modulus, “medida, modelo”, de modus, “maneira, medida, modo”.
Não, Zorzinho, não acredito que os moços do museu deixariam você rabiscar nas margens do quadro, não. Quando for visitar um, aconselho-o a não tentar.
Os quadros são feitos através da pintura, que vem do Latim pingere, “pintar”. A raiz Indo-Europeia dessa palavra era pik-, “cortar”. Que, aliás, deu origem a pigmento.
Calma, pessoal, já explico: é que o sentido dela deve ter variado de “decorar com sulcos” para “decorar com pintura, com cores”.
Muitos museus têm uma loja onde são vendidas reproduções de suas obras de mais fama. Esta palavra vem do Latim reproductio, “ato de dar forma novamente”, de re-, “outra vez”, mais producere, “produzir, tornar realidade”.
A inauguração de uma exposição de arte se chama vernissage. É uma parte importante da exposição; é quando vão os críticos para avaliar as obras, as famílias dos artistas para parecer que alguém se interessa pelo que ele fez, uma porção de gente para comer os salgadinhos e tomar as bebidinhas que são oferecidas.
E esse nome, que surgiu entre 1910e 1915, vem do Francês vernis, “verniz”. Isso porque, no dia antes de ser aberta a exposição, os pintores iam passar uma última camada protetora de verniz sobre as telas.
Se alguém aí perguntasse de onde vem a palavra “verniz” eu contaria que deriva do Grego berenike, nome de uma cidade na Líbia – a atual Bengazi – onde se diz que começou o uso dessa substância tão útil.
Mas além de pinturas, que apresentam uma imagem bidimensional, temos a escultura, que faz objetos nas três dimensões e vem do Latim sculpere, “desbastar, escavar”.
A próxima imagem mostra uma estátua de… Não, essa está sem roupa e o Joãozinho ali fica agitado… Esta, então – hum, também não dá! Deixem a Tia procurar uma coisa mais palatável.
Aqui está. Sei, é apenas uma cabeça, mas o escultor só queria mostrar mesmo isso.
Estátua vem do Latim statua, “imagem, figura em relevo”, literalmente “o que é colocado em algum lugar”, derivado de statuere, “instalar, colocar de pé”, de stare, “estar de pé, ficar”.
Existe uma palavra bem parecida que também vem daí: estatuto. De statuere, com o sentido de “estabelecer, definir através de lei” se fez em Latim statutum, “lei, decreto”, ligado a status, “situação, posição”.
Os museus costumam guardar muitas obras-primas… Hein? Como assim, primas de quem? De ninguém, crianças.
Mas esta expressão tem uma origem muito interessante. Na época medieval, as atividades artesanais como marcenaria, carpintaria, joalheria e outras formavam guildas com os seus profissionais. Esta palavra vem do Germânico arcaico gelth-, “pagamento”.
Já explico, parem de pular e perguntar! Vocês são impossíveis até quando prestam atenção.
Essas guildas eram sociedades de apoio mútuo, que pagavam os enterros dos sócios, providenciavam orações para os mortos, ajudavam as suas famílias, pagavam multas em caso de crimes justificados e muitas outras coisas.
E daí? E daí que, quando um aprendiz queria passar à categoria de “mestre”, com direito a cobrar mais e ter alunos, ele se submetia a uma prova. Devia fazer sem qualquer auxílio uma das obras de seu ofício; ela era então avaliada por uma junta de profissionais e, se estivesse bem feita, o autor era promovido.
Esta era chamada a “obra-prima”, a “primeira obra” em excelentes condições daquela pessoa.
Em Inglês a expressão é masterwork, “obra de mestre”. Ou seja, a obra que caracteriza o mestre.
Não, Mariazinha, eu não participei de guilda nenhuma. Elas já tinham terminado quando eu nasci, por incrível que pareça.
E as associações de professores dão saudades das guildas antigas. No meu caso, a obra-prima seria controlar esta turma por uma aula inteira, ah, ah! Eu jamais sairia de aprendiz.
Bem, talvez com a aula de hoje eu ganhasse o título de mestra, pois todos ficaram razoavelmente quietos e não houve briga nenhuma.
Agora vão para casa e peçam a seus pais para fazerem uma visita ao museu.
Favor não me convidarem.