Dr. TRAÇA GIGANTE: a resposta 740 transformou-se em uma pergunta. De acordo com a etimologia não sei a origem de clerical. Conforme meus conhecimentos ′clericais′, nos primeiros tempos os cristãos reuniam-se para celebrar a eucaristia, nas casas, em pequenos grupos (ekklesia=grupo em grego). Quando a organização dos cristão se tornou mais estruturada (a partir do século IV), ′ecclesia′ passou a designar o local onde eles se reuniam para celebrar e também o próprio grupo organizado. Eclesiástico, portanto, refere-se a algo relacionado à ′ecclesia′, à Igreja, pode ser os sacerdotes, os livros, as ações.
Para não passar a oportunidade, qual a origem etimológica de [cônego]?
Resposta:
Lúcia:
Eu a provoquei com uma pergunta sobre a origem de “eclesiástico”, e isso você já sabia: EKKLESIA é “grupo, reunião, assembléia”. Você é muito esperta.
Mas “clerical” tem outra origem. Vem do Latim CLERICUS, “sacerdote”, do Grego KLERIKOS, “pertencente ao clero”, de KLEROS, “parte que cabe a uma pessoa, herança”.
Isto vem do Deuteronômio 18,2, onde se diz que “os Levitas não terão herança entre os seus; o Senhor é a sua herança”. Este trecho se refere aos Levitas como auxiliares do Templo.
Já “cônego” vem do Latim CANONICUS, de CANON, “peça de máquina, régua, padrão para uso do idioma ou de outra estrutura” .
A eles cabe, entre outras coisas, a aplicação dos princípios da Igraja.
Bom dia, prof.!
Estou ficando doente… tudo o que leio leva-me a anotar na lateral da página as palavras que até então eram “silenciosas” para mim… elas parecem gritar: “de onde vim, você sabe?”… aí eu fico, será que sei mesmo??? bem, são palavras simples, mas criam uma curiosidade medonha!!! Espero sua ajuda, pois esta é um “santo remédio”! Hoje são as seguintes: sinagoga, vértice, essência, radical, projeto, frustração, função, complexo, permanente, homenagem. E a mais curiosa é, por incrível que pareça: “ressaltar”… saltar de novo sobre algo que preciso deixar em destaque??? fica estranho, né?!
Resposta:
Sandra:
A doença é séria, mas não se preocupe que ela é benigna e só traz diversão. E ela só pega mentes especiais.
Hoje você arranjou uma pilha de dúvidas, hein? Vamos lá então.
“Sinagoga” vem do Latim SYNAGOGA, do Grego SYNAGOGE, “encontro, assembléia”, de SYNAGOGEIN, “reunir, juntar”. Este verbo se forma por SYN, “junto”, mais AGEIN, “trazer, liderar, chefiar”.
“Vértice” é do Latim VERTEX, “redemoinho”, do verbo VERTERE, “virar”.
“Essência”: do Latim ESSENTIA, “ser, essência”, derivado do verbo ESSE, “ser”, que no Indo-Europeu era ES-.
“Radical”: do Latim RADICALIS, “o que tem raízes”, de RADIX, “raíz”.
“Projeto”: do Latim PROJECTUM, “plano, esboço, esquema”, literalmente “algo atirado à frente”, do verbo PROJICERE, “atirar à frente”, de PRO, “à frente”, mais JACERE, “lançar, jogar”.
“Frustração”: do Latim FRUSTRARI, “enganar”.
“Função”: do Latim FUNCTIO, “execução, realização”, de FUNCTUS, particípio passado de FUNGI, “realizar, executar”.
“Complexo” é do Latim COMPLEXUS, “o que envolve, que abarca, que abrange”. É o particípio passado de COMPLECTI, “abraçar, rodear, abarcar”, de COM-, “com”, mais PLECTERE, “tecer”.
“Homenagem” vem do Francês HOMMAGE, “compromisso, juramento ao senhor feudal”, de HOMME, “homem”.
“Permanente”: vem do Latim PERMANENS, “aquele que fica”, de PERMANERE, “resistir, continuar. ficar até o fim”, formado de PER-, “através” e MANERE, “ficar”.
“Ressaltar”: você já está virando uma etimologista intuitiva. A idéia é essa, como que tomar de assalto de novo para destacar.
Esse sinalzinho de feminino e masculino, tem hora que é literalmente esquecido. Ei, povo, eu sou mulher, hein!
Como nem tudo é perfeito, há uma mensagem subliminar de machismo neste site. Pois quando esquecemos de assinalar o tal sinal, sempre sai no masculino, pois este está previamente assinalado… esse homens…
Resposta:
Patrícia:
Não dê bola para esses sinaizinhos tolos. Basta ver o que você escreve para não ter dúvidas.
Ele faz parte da página, não foi idéia minha. Aliás, não o acho útil e vou tentar retirá-lo.
Você deve saber de onde se originaram esses sinais, mas de qualquer modo vou contar:
o feminino representa o espelho em que Vênus olhava a sua beleza amiúde, um círculo com o cabo embaixo.
O masculino representa o escudo de Marte, com a lança por trás.
Evidentemente, era ela quem fazia coisas mais úteis para a humanidade.
Saudações, professor, doutor, etimologista (ou etimólogo??), Traça Gigante, adoráv. (ops), querido e as diversas denominações à escolha…
Novamente senti alguns sintomas de dúvidas e resolvi remarcar consulta, a fila estava grande, mas consegui uma vaguinha… e nem precisei pagar. Agradeço a gentil cortesia!
Através de sua bondosa disposição poderia esclarecer-me a origem das palavras: semelhança, acesso e capaz?
Aliás, este site está tendo a capacidade de potencializar minhas células gliais, veja só!!
Resposta:
Patícia, olá.
Por favor, não arrisque minha pobre vida entomológica. Nós insetos somos muito frágeis. Não me trate bem demais.
Sintomas de dúvida podem indicar situações sérias, principalmente em pessoas com adição à cultura. Chame-me a qualquer momento.
“Semelhança” vem do Latim SIMILIS, “tal qual, como”. No Latim antigo, era SEMOL, “junto”. E no Indo-Europeu era SEM-, “o mesmo”.
“Acesso” era em Latim CCESSUS, “chegada, aproximação, abordagem”, derivado do verbo ACCEDERE, “alcançar, chegar”. E este verbo se forma de AD-, “junto”, mais CEDERE, “ir, mover”.
“Capaz”: do Latim CAPACITAS, “qualificação para fazer algo”, de CAPAX, “o que pode segurar muito”, do verbo CAPERE, “pegar, tomar”.
A sua glia é muito bonita e saudável. Aquele neurônio ali está bem gordinho e faceiro, recebendo os nutrientes do capilar. Isso é típico de quem gosta de Etimologia!
Resposta:
Zé Nando:
“Carro” vem do Latim CURRUS, originalmente “veículo de guerra celta com duas rodas”. Passou para o Latim do Gaulês KARROS, que veio do Indo-Europeu KER-, “correr”.
Bem interessante a formação de [prelado] prae=antes / latus=transportado
Agora entendi por que as [prelazias] recebem este nome, pois são áreas que futuramente se transformarão em dioceses, portanto o [ bispo prelado] que as governa foi transportado/enviado para a região antes do [bispo diocesano] que dirigirá a diocese definitiva. Valeu! obrigada pela explicação.
Resposta:
Lúcia:
EU é que agradeço pela sua explicação. Nós traças não somos muito mansas de organização eclesiástica.
Aliás, e a palavra “eclesiástica”…?
qual a origem da palavra estigma?
muito obrigado.
Resposta:
Sadi:
“Estigma” é do Grego STIGMA e quer dizer “marca”, principalmente aquela feita por instrumento agudo, por punção. Vem do verbo STIZEIN, “marcar, gravar na pele”.
Origina-se no Indo-Europeu STIG-, que gerou também a palavra inglesa STICK, “bastão, vara”.
No sentido “sinal de desgraça, de desfavor” vem do séc. 17.
Qual a origem da palavra consciência? e conscientizar?
Resposta:
Alexandre:
“Conscientizar” é o ato de tomar consciência, e deriva desta palavra.
“Consciência” vem do Latim CONSCIENTIA, “senso moral, conhecimento de si mesmo”, do verbo CONSCIRE, “estar reciprocamente alerta”.
E tal verbo se forma de COM-, “junto, com” mais SCIRE, “saber, conhecer”.
Na palavra praia, ocorre HIATO?
Desde já agradeço.
Resposta:
Eduardo:
Agradeço a honra de ser visto como um professor de Português, mas não sou.
Esta pergunta eu posso responder, mas não quero ir além de minhas fracas capacidades.
“Praia” não forma hiato. O acento cai na 1ª sílaba e a 2ª é um ditongo, um encontro de duas vogais: PRÁ + IA. Se se dissesse PRAÍA, seria hiato.
Este é um encontro de vogais pertencentes a sílabas diferentes e faladas em sucessão separada de sons.
Qual a origem da palavra doutor?
É correto chamar o advogado de doutor?
Resposta:
Eduardo:
“Doutor” vem do Latim DOCTOR, “aquele que ensina”, do verbo DOCERE, “ensinar”.
“Corpo docente” é o conjunto dos professores de uma instituição.
A rigor, “doutor” é aquele que defendeu tese. Mas há muito é um título estendido, por cortesia, aos diplomados em certos cursos superiores, como o Direito.
Em Portugal, os formados em qualquer faculdade recebem esse título, bem como os professores primários.
Nada há de errado em chamar um advogado assim.
Prezadíssima TRAÇA GIGANTE: nem imagine em tomar baratox… às vezes tenho que ausentar-me do mundo virtual, pois a realidade também requer minha presença. Por isto aguarde alguns dias, antes de cometer algum desmando. Já que fui ′provocada′ – agora quero saber o etimologia de [prelado] [prelazia].
Resposta:
Prezada Lúcia:
Você acaba de salvar a vida de uma pobre traça. Esperarei sempre um ou dois dias antes de cometer o tresloucado gesto.
“Prelado”, naturalmente, nada tem a ver com “prelo”. Nenhum deles apreciaria ser passado pelo prelo.
Essa palavra vem do Latim PRELATUS, “religioso de alta posição”, literalmente “preferido”, de PRAE-, “antes”, mais LATUS, “levado, transportado”, usado como particípio passado de FERRE, “levar, portar”.
O verbo era PREFERRE, que originou “preferir”.
Um “preferido” é o que é levado e mostrado à frente dos outros.
Professor: peço desculpas ao Glaucio, às amigas dele e ao senhor por ter invadido o seu ínclito site com uma brincadeira tola. Falar nisso, de onde vem ÍNCLITO?
Resposta:
Mariasil:
Comigo, brincadeiras são sempre bem-vindas. Aliás, elas quase sempre permitem que se aprenda mais.
“Ínclito” vem do Latim INCLITUS, “famoso, ilustre”. Essa palavra vem do verbo CLUERE, “ter fama”.
E tal verbo se relaciona ao Grego KLYTÓS, “famoso, louvado, glorioso”.
Essa palavra aparece num nome muito conhecido: “Hércules”, que era um apelido. Seu nome de verdade era Alcides.
HERAKLEON era “o que traz glória a Hera”, a deusa que o perseguiu e o levou a fazer os Doze Trabalhos, que deram renome a ela.
Ouçam Mariasil! Este site agora é ínclito! Muito bom!
Será que as amigas do Glaucio testemunhariam?
Resposta:
Prezada Mariasil:
Se a Justiça as intimar a testemunhar, elas certamente o farão, como boas cidadãs.
gostaria se saber a origem da palavra testemunhar ! ! por favor !!!!1
Resposta:
Gláucio:
Você não pede, ordena. “Testemunhar” é explicado como um jurmento que os romanos fariam colocando as mãos nos testículos (TESTIS). Mas isso é etimologia popular.
A realidade é que essa palavra vem de TESTIS, “aquele que vê, que testemunha” mais -MONIUM, sufixo que indica “ação, estado”. Esse TESTIS vem do Indo-Europeu TRIS-, “três”, indicando “uma terceira pessoa, sem ser uma das partes em litígio, que observou os fatos”.
A palavra TESTIS para “glândulas genitais masculinas” foi escolhida porque esses órgãos eram “testemunhas” do gênero da pessoa.
A foto está fazendo sucesso.
Gostaria de saber a origem da expressão RA-TIM-BUM. Grata.
Resposta:
Rose:
Esta é uma palavra onomatopaica, ou seja, ela imita sons. No caso, é como o ruído de uma banda, a primeira sílaba imitando o rufar de tambores, a segunda o tinir dos pratos, a última o som grave do bumbo.
Qual a origem da palavra impeachment?
Resposta:
Louise:
É sua primeira visita, se não me engano. Espero que agrademos.
“Impeachment” veio do Francês EMPECHER, que derivou do Latim IMPEDICARE. Esta palavra se forma por IM-, “em”, mais PEDICA, “laço, armadilha”, de PES, “pé”.
No sentido de “acusar publicamente uma autoridade de governo se usa desde 1568.
Assim, o “impeachment” de uma autoridade é como atá-la pelo pé para que não siga adiante.
PREZADA TRAÇA GIGANTE: antes que reclame de minha ausência, cá estou. Em uma recente conferência, d. Boaventura Koplenburg disse que embora vetusto, já está com um novo livro no prelo. Qual a origem das palavras [vetusto] e [prelo]?
Resposta:
Cara Lúcia:
Se você demorar de novo para escrever, eu sou capaz de tomar uma prise de Baratox.
D. Boaventura Koplenburg se considera “vetusto” pelos anos que passaram, embora o que conte mesmo seja a juventude interna.
Essa palavra vem do Latim VETUS, “velho, antigo, de outros tempos, entrado em anos”.
Daí vêm “veterano” e “veterinário” (o que tratava dos cavalos do exército velhos demais para o serviço ativo).
Você pode saudar seus velhos amigos por AMICI VETERES; chamar um soldado eterano de VETUS MILES; os antigos filósofos, de VETERES PHILOSOPHI.
“Prelo” vem do Latim PRELUM, de PREMERE, “apertar, comprimir”, que é o que ele faz para colocar o papel em contato com a tinta.
E “prelado”, será que também vem daí?
Boa tarde, Prof.!
Referente à pergunta anterior: Rs… E isso é porque nem sou política!!!
Desculpe-me o exercício que lhe causei logo pela manhã! E, para encerrar meus estudos estatísticos, quero saber mais uma palavrinha: “orçamento”…
Ah! Também a origem de ” Ana”, “Rita”. Até breve!
Resposta:
Sandra:
Com tanto bom humor, não sei se você daria mesmo uma boa política. Deixe assim.
Àquela hora eu já estou a postos para exercícios, de modo que não se avexe.
Quando você lida com um “orçamento”, está às voltas com um termo náutico.
O verbo “orçar” vem do Italiano ORZARE, que se relaciona com o Holandês LURTS, uma corda que mantém certa vela de modo a aproveitar melhor o vento. O “L” inicial caiu e a palavra gerou “orça” em nosso idioma.
Velejar implica em fazer cálculos estimativos antes das ações propriamente ditas, e esse sentido acabou determinando o uso de “orçar” para nós.
Diga à sua amiga Ana que o nome dela significa “a benéfica” em Hebreu (HANNAH). Encontra-se já no Antigo Testamento, de modo que tem uns milhares de anos.
E conte à Rita que o nome dela é diminutivo de MARGARITA.
Santa Rita de Cássia se chamava, na verdade, Margarita.
E este nome vem do Grego MARGARITES, que quer dizer “pérola”.
Boa tarde, Prof!!
Testando mais uma vez seus doze neurônios (ô, prof, eu acho que o senhor tem mais, hein..), pergunto-lhe: Qual a etmologia das palavras: “numinoso” e “guardião”.
Vai minha foto aí ao lado (risos)
Resposta:
Patrícia:
Você é muito bonitinha. E muito precoce: escreve muito bem par alguém da sua idade. Parabéns.
Da última vez em que fiz a chamada, só doze dos neurônios responderam.
“Numinoso”: vem do Latim NUMEN, “divindade, desejo divino”. Mais exatamente, o significado era “aprovação divina expressa por uma inclinação de cabeça”, do verbo NUERE, “inclinar a cabeça”.
Existe a expressão “demissão AD NUTUM”, isto é, com uma inclinação de cabeça, sem formalidades legais.
“Guardião”: vem do Germânico WARDO, “aquele que cuida, que vigia”. Daí derivou o Frâncico WARDING, que deu, em Francês, GUARDEN e depois GARDIEN. Isto gerou o Inglês GUARDIAN e o nosso equivalente.
Dr. por que se utiliza o termo repartição pública, todas as repartições não são públicas?
Resposta:
Rennan:
Bem observado. Vamos dar uma analisada:
“Repartição” como “divisão de uma organização para atender a necessidades da comunidade”, na verdade, pode ser privada.
Um grande supermercado, por exemplo, tem as suas “repartições” que cuidam de diferentes assuntos, como Logística, Limpeza, Vigilância, Prevenção de Acidentes, Estoque, Pessoal e muitas outras.
Para tornar claro que são de uma instituição privada, tais partes recebem outros nomes: “Secção”, “Setor”, “Divisão”, “Departamento”, até “Prefeitura”.
Deixou-se a palavra “Repartição” para o caso das organizações governamentais, mas apenas por uma questão de costume, não de organização ou de Gramática.