Palavra balista

ARMAS DE ARREMESSO

 

 

Provavelmente a primeira arma que a Homem usou foi uma pedra. Depois de muito tempo, ele deve ter percebido que desperdiçava considerável esforço em levá-la até o inimigo para bater na cabeça dele. Isso sem considerar que em geral o opositor não se mostrava muito cooperativo em perder massa encefálica e xingava acerbamente a família do atacante.

Desta forma, a partir de uma mesa redonda feita no chão de uma caverna, um Grupo de Estudos acabou inventando as armas de arremesso. Elas eram um recurso para acabar com todas as guerras dali para diante. Elas foram definidas como “armas usadas para atingir o inimigo à distância” e classificadas inicialmente pela classe guerreira como “coisa de mulherzinha”.

Mas acabaram sendo aprovadas pelo uso e muitos foram os nomes que lhes foram dados ao longo dos séculos. Hoje falaremos apenas nas que não usam propelentes como a pólvora ou outros materiais combustíveis ou inflamáveis.

ARREMESSO – para começar, o nome da ação. Vem do Latim remissum, particípio passado de remittere, “fazer ir de volta, repelir, enviar de novo”, de re-,  outra vez, de novo”, mais mittere, “mandar, enviar”.

LANÇA – do Latim lancea, “lança leve”, de origem celtibérica. 

Originou os termos lanceta, “espécie de bisturi, cutelo para abater reses”, que veio do Francês lancette, “pequena lança”.

Em Botânica, temos lanceolado, usado para descrever o formato de uma folha que lembra o ferro de uma lança.

E naturalmente gerou o verbo lançar, “arremessar, atirar”.

PILO – um tipo de lança usada pela infantaria romana. Sua extremidade era formada por uma haste longa e não muito grossa. A ideia era que ela se cravasse no escudo do inimigo e dali não pudesse ser retirada no calor da batalha, tornando a defesa impossível. Criativos, estes romanos.

FLECHA – do Francês fleche, do Frâncico flukka, aparentado com o atual Alemão fliegen, “voar”.

Esta palavra não se usa apenas para finalidades guerreiras, também serve para designar os remates de campanários e torres.

ARCO – onde há fumaça há fogo, onde uma flecha voa há um arco. Vem do Latim arcus, “arco, curva, teto recurvo”, de uma fonte Indo-Europeia arqu-, “recurvo”.

É bem sabido que, em Arquitetura, o nome se aplica a diversas curvas usadas em combinação com colunas ou paredes, formando aberturas em paredes.

BESTA – também chamada balista. Deriva justamente do Latim balista, que veio do Grego bállein,  “atirar, lançar”.

Todos estão acostumados a ver essas armas sendo usadas para atirar projéteis semelhantes a flechas em gravuras e filmes, mas o principal uso deles era para o lançamento de pedras e bolas de chumbo. Não era nada agradável levar uma delas no crânio.

Tinham maior potência do que o arco e lançavam os projéteis mais longe, mas disparavam com uma frequência menor.

CATAPULTA – esta grande máquina de guerra, usada contra muros de cidades sitiadas, retira seu nome do Latim catapulta, do Grego katapeltes, de kata, “contra”, mais pállein.

Também era usada para atirar pesadas flechas, além de pedras e outras coisas desagradáveis, como os corpos decompostos de gado ou inimigos mortos, para disseminar a doença no local atacado.

Modernamente são usadas catapultas a vapor para o lançamento de aviões em porta-aviões.

TRABUCO – usa-se atualmente para designar uma arma de fogo antiga, mas na origem o nome era aplicado a outra arma de arremesso usada em sítios.

Vem do Catalão trabuc, formado pelo Latim trans-, “através”, mais o Frâncico buk, “corpo, abdome”.

Nossa palavra “estrebuchar” deriva de buk.

DARDO – do Francês dart, “lança de arremesso, flecha”, do germânico darothuz, o nome do objeto. Era o nome muitas vezes dado ao projétil da besta, mais curto e leve do que a flecha usada com o arco.

MACHADO – como assim, “arma de arremesso”? A quem ocorreria atirar uma arma branca pesada dessas? Pois ocorreu a muita gente da antiguidade.

A famosa Tapeçaria de Bayeux, que retrata o combate entre Normandos e Saxões, em 1066, mostra grande quantidade de machados sendo atirados entre os grupos em contenda.

Deriva do Francês hache, do  Frâncico hapja, que era como eles chamavam a ferramenta tão útil para cortar troncos de árvores e pescoços de desafetos.

TOMAHAWK – este outro machado, tão usado nos filmes de mocinho pelos índios, recebeu seu nome do Algonquino otomahuk, “derrubar”.

Mas as versões que a gente vê, feitas de metal, eram de fabricação do homem branco, que as vendia para os indígenas e depois se queixavam de perder seus escalpos para eles.

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