Palavra cerveja

SUPERMERCADOS

 

Na vida moderna, os supermercados são estabelecimentos difíceis de dispensar, já que ali se pode encontrar com conforto a maioria do material necessário para a vida doméstica num único endereço.

Vamos então ver qual a origem de diversas palavras que nomeiam o seu conteúdo e seus setores.

 

SUPERMERCADO –  a ideia inicial foi mesmo a de oferecer coisas para comprar de modo a economizar tempo: por um lado, o tempo do cliente, que precisava ir a diversos lugares como a fruteira, a padaria, o açougue, o armazém. Por outro, o do pessoal que atendia, pois tudo era vendido a granel, sendo inicialmente pouco o material que se vendia que fosse empacotado de forma individual.

O nome do estabelecimento se formou a partir do Latim super, “além, sobre”, mais mercatus, “local de compra e venda, mercado”, de merx, “mercadoria, material para vender”.

 

PRATELEIRA – no interior do supermercado os objetos precisam ser expostos ao alcance dos compradores. Aí entram as prateleiras, que provavelmente derivam de prato, já que estes eram guardados sobre estas divisórias horizontais.

 

ESTANTE –  do Latim stare, “estar, ficar de pé, ficar firme”, pois é o papel que lhes cabe.

 

GÔNDOLA –  veio do Grego kondyra, “espécie de barco”, de kontos, “pequeno”, literalmente “de cauda curta”, através de um cruzamento com o verbo italiano dondolare, “balançar”. Alguém deve ter achado aqueles conjuntos de prateleiras parecido com uma gôndola, talvez por ter feito alguma viagem a Veneza.

 

AÇOUGUE –  o lugar onde se compra carne vem do Árabe as-suq, “feira, mercado, lugar de comércio de alimentos”.

 

HORTIFRUTIGRANJEIROS –  o setor onde a gente compra o produto de pomares, granjas e hortas. Formou-se há pouco tempo a partir de horta, do Latim hortus, “pátio cercado, jardim, verduras”, mais fruta, do Latim fructus, particípio passado de frui, “aproveitar, usar”, e que significa “produto, fruto, proveito”, mais granja, do Latim granica, derivado de granus, “grão”, pois  nesse local  se plantava o grão para preparar os alimentos.

 

LIMPEZA –  deriva do Latim limpidus, “transparente, claro, nítido”, do Grego lampein, “reluzir, brilhar”.

 

HIGIENE –  origina-se da Mitologia grega, vejam só. Deriva do nome da filha de Asclépios, o deus da Medicina, Higéia, que queria dizer “sã, em bom estado de saúde”.

 

ROUPA – nem todos os supermercados as vendem. Quando é o caso, vem do Francês robe, “vestimenta longa e solta”, do Germânico rauba, “botim, material roubado ao inimigo”, entre o qual certamente havia roupas. O inimigo certamente não gostaria do que lhe tinha acontecido.

 

BEBIDAS –  do Latim bibere, “beber, tomar líquidos”.

 

VINHOS –  do Latim vinum, do Grego oinos, “vinho”. É mais uma palavra que nos vem das lindas histórias da Grécia antiga.

Conta-se que um pastor chamado Estáfilo percebeu que algumas das cabras que ele cuidava apresentavam uma especial afeição por mastigar os frutos de uma determinada planta até então desconhecida.

Em vez de as comer, ele espremeu as frutinhas e as misturou com água do rio. Deve ter esperado algum tempo, o que permitiu a fermentação, pois quando bebeu ficou tão faceiro quanto os bodes.

Após se recuperar da primeira bebedeira do mundo, ele foi contar ao seu rei sobre aquele estranho achado. O rei, vaidoso, colocou o seu próprio nome na bebida. Como resultado, hoje temos uma pujante indústria resultante da atenção de um pastor às suas cabras.

 

CERVEJA –  vem do Latim cerevisia, com origem gaulesa.

 

REFRIGERANTE –  deriva do Latim refrigerans, “aquilo que refresca, que esfria”, de refrigerare, “esfriar, refrescar”, formado por re-, intensificativo, mais frigerare, “esfriar” propriamente, derivado de frigus, “frio”.

 

REPOSITOR –  sabe aqueles rapazes e moças que ficam colocando material nas prateleiras à medida que a gente as vai esvaziando? Pois o nome da função deles vem do Latim re-, “de novo”, mais ponere, “colocar, botar, pôr”. Sem eles não há compras.

 

FIAMBRERIA – do Espanhol fiambre, do Latim frigidamen, de frigidus, “frio”, porque se trata de alimentos a serem comidos em temperatura ambiente, sem exigirem preparação pelo calor.

 

CAIXAS – veio do Italiano cassa, do Latim capsa, que era o nome dado às caixas cilíndricas onde os cidadãos de Roma guardavam os seus livros (na verdade, rolos de papiro ou material semelhante). E capsa vem do verbo capere, em sua acepção de “conter”.

Como o dinheiro recebido por uma venda era guardado antigamente em caixas, esse nome até hoje se aplica ao pessoal que recebe num estabelecimento.

 

EMBALAGEM –  vem do Francês balle, “trouxa, pacote”, do Germânico balla, “pacote”.

 

Resposta:

Outras Bebidas

Na edição passada, trabalhamos com palavras relacionadas à bebida alcoólica, principalmente o vinho. Agora vamos trazer à baila os nomes de outras bebidas, antes que os seus apreciadores se ponham a reclamar. Escolham eles os nomes das suas favoritas e decorem, para terem assunto no bar enquanto ainda estiverem conscientes.

CERVEJA – vem do Latim cerevisia, de uma fonte gaulesa. Mas parece que a palavra teve sucesso mesmo foi na Península Ibérica (cerveza, em Espanhol), pois os outros países preferem usar um derivado germânico do Latim biber, “bebida”: beer em Inglês, bier em Alemão, bière em Francês, birra em Italiano.

CHOPE/CHOPP – ora, este é o nome que os alemães dão à cerveja não-pasteurizada, isso qualquer freqüentador de bar sabe! A Alemanha está cheia de cartazes enormes anunciando Chopp!

Não é verdade. Naquele idioma, schopp é apenas o nome de uma medida de volume (300ml). Por incrível que pareça,lá ninguém toma chopp.

Com o tempo o nome da medida, em nosso país, acabou passando para esse tipo de cerveja.

SCHNAPPS – já que falamos em bebidas e em Alemanha, esta espécie de gim holandês vem do Alemão schnaps, “gole, bocado”, do Baixo Alemão snappen, “corte ou mordida brusca”.

UÍSQUE – vem do Gaélico Escocês uisge beatha, “água da vida”. Deve ter sido apropriado do Latim aqua vitae, usado para bebidas de forte teor alcoólico desde o século 14.

Nos países escandinavos se usa uma bebida aromatizada com ervas chamada akvavit, com o mesmo significado.

O uísque americano feito com milho recebeu o nome de bourbon porque foi feito primeiro no condado de Bourbon, no estado de Kentucky.

RUM – esta bebida feita da cana de açúcar parece ter recebido o seu nome do Inglês rumbullion, que viria do Francês bouillon, “bebida forte”, do Latim bullire, “ferver”.

Este rumbullion originou a palavra inglesa rambunctious, “agitado, exuberante”, estado inicial comum naqueles que se dedicam ao consumo da bebida.

VERMUTE – do Inglês vermouth,que veio do Alemão wermut, “losna”, planta extremamente amarga (Artemisia absinthium), que é usada para dar gosto (?) à bebida.

VODCA – vem do Russo voda, diminutivo de “água”. Mais exatamente aquela que as aves pequenas se recusam a ingerir.

HIDROMEL – era muito usada pelos heróis das sagas antigas. Pelo menos era o que os escritores diziam.

Consistia de uma mistura fermentada de água e mel, como o nome derivado do Grego diz: hydromeli, de hydor, “água”, mais meli, “mel”.

CACHAÇA – tão comum em nosso país, a origem do seu nome não é clara. Dizem uns que veio do Latim catulus, aplicado a animais pequenos, que teria vindo nomear, depois de muitas voltas, o porco velho, o cachaço.

Sendo a carne deste dura para se comer, ela precisa ser amolecida com bebida alcoólica para ficar comestível. Desta operação toda, o nome do dono da carne teria passado à bebida.

Complicado, não?

Outros afirmam que a palavra vem do Latim coquere, “amadurecer, cozinhar, cozer”, referente aos procesos de preparação da bebida.

O sinônimo, pinga, deriva de pingar, que veio do Latim pendicare, de mesmo sentido. É claro que todas as bebidas pingam; porque é que especificamente esta pegou tal nome é um mistério.

Seja como for, ele originou o adjetivo pinguço, de pinga mais o sufixo pejorativo -uço.

Quando se fala em cachaça, ocorre-nos a palavra talagada, “quantidade de bebida que se engole de um trago só”. Esta palavra aparenta vir de taleigada, a quantidade que cabe numa taleiga, antiga medida de volume para azeite ou grãos.

LICOR – do Latim liquor, “líquido, fluido essencial de algo, líquido corporal”. Da mesma raiz que originou liquidus, “derretido, fundido”.

Existe um fluido nas cavidades do nosso cérebro que se chama liquor. Não se deve deixar o licor chegar onde está o liquor.

GIM – deriva de genebra, o nome da bebida em Holandês. Quando os soldados ingleses estiveram envolvidos em guerras nos Países Baixos, levaram de volta consigo esta bebida, feita com os frutos do zimbro ou junípero. Esta planta era chamada assim por seu apelido latino, juvenes pares, “a que traz a juventude”. Era muito usada para perfumes e bebidas, bem como para ornamentação.

A bebida fez sucesso na Inglaterra, onde depois passou a ser feita mesmo sem o zimbro. O seu consumo chegou a constituir um sério problema social.

SIDRA – o Hebraico shekar, “bebida forte”, passou para o Grego como sikera e daí para o Latim sicera. Em Italiano se firmou como sidro, de onde nos veio o nome que foi aplicado a esse vinho espumante feito com maçã.

A origem explica esse “S” inicial, que parece tão deslocado aí. A cidra, com “C”, é o fruto da cidreira.

PONCHE – vem do Inglês punch. E este deriva do Hindustani panch, “cinco”. Isso porque na composição da bebida entravam cinco ingredientes: álcool, água, limão, açúcar e especiarias.

Notem a semelhança de panch com o Grego penta: não há engano, ambos têm a mesma origem e significado.

TODDY – os fãs deste achocolatado de nossa infância que nos perdoem, mas esta palavra também tem lugar aqui, neste grupo de bebidas alcoólicas preparadas como uma mistura.

Ela é uma alteração de taddy, “bebida feita do suco fermentado da palmeira”, que vem do Hindi tari, “suco de palmeira”, de tar, “palmeira”. Mais tarde passou a designar uma bebida alcoólica com água quente, açúcar e especiarias.

CORDIAL – é uma palavra encontrada mais na literatura da época vitoriana. Nomeava qualquer remédio, comida ou bebida que fosse considerada estimulante para o coração pela medicina da época.

A desculpa era boa: – “Não estou me sentindo bem… Fulana, prepare-me uma boa taça de cordial!”

BLOODY MARY – é de 1956, usando o apelido de Mary Tudor, rainha da Inglaterra entre 1553 e 1558, responsável pela perseguição que deu morte a muitos protestantes.

A associação é apenas pela cor, pois essa bebida leva suco de tomate.

MARGARITA – é uma bebida com tequila, inventada em 1965, usando o nome de uma conhecida do barman, não se sabe se a namorada ou a mãe dela.

WALLBANGER – aparece em histórias americanas de detetives, tomado em bares ao rés-do-chão de Nova Iorque, enquanto o detetive de gabardine espera a sua bela e misteriosa cliente.

Essa palavra literalmente quer dizer “aquele que bate na parede” e faz alusão às dificuldades locomotoras que se apoderam de quem bebe essa mistura de vodca, gim e suco de laranja, inventada em 1970.

PIÑA COLADA – é de 1975 e significa literalmente “abacaxi coado”.

LEMBRETE – este site adverte: beber pode ser prejudicial tanto à sua saúde como ao seu bolso.

Resposta:

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