EtImologia
Qual a Origem da palavra companheiro?
Resposta:
Em Latim dizia-se companio, de cum panis (“com pão”), aquele com quem se repartia o pão.
Qual a Origem da palavra companheiro?
Em Latim dizia-se companio, de cum panis (“com pão”), aquele com quem se repartia o pão.
Santa Marmota, eu sou uma idiota. São Xavier, pareço uma burra qualquer. Santa Graça, não há besteira que eu não faça. Santa Cunegunda, mereço um pontapé na – nas canelas.
Pois não é que, dentre tantas outras professoras em minha escolinha, fui eu justamente a escolhida para liderar um passeio com estes demoninhos pelo bairro e não tive forças para evitar tamanha provação.
Agora eis-me aqui, com este bando de hunos mas sem ter os poderes de Gêngis Cã para os controlar. Ah, um bom chicote longo…
Como, Ledinha? Não, nada, Tia Odete está apenas falando sozinha um pouco, é para preparar a garganta para ir contando para vocês a origem dos nomes de alguns estabelecimentos comerciais que a gente vai ver neste passeiozinho.
Olhem ali, um restaurante. Esse nomezinho dizem que foi usado inicialmente em Paris, em 1765, e vem do Latim restaurare, “renovar, reparar”, de re-, “de novo”, mais staurare, “estabelecer”. Foi usado porque se tratava de um lugar onde as pessoas restauravam as forças durante a jornada.
Isso lá eles, porque certas pessoinhas que eu conheço nunca perdem suas forças destruidoras, estão sempre em ação.
E do outro lado da rua, olhem o cartaz: açougue. Isso vem lá dos Árabes quando dominaram a Península Ibérica, que diziam as-suq para “feira, mercado, lugar de comércio de alimentos”.
Não, Valzinha, não queremos saber como é que a sua tia-avó fazia para ter sempre carne em casa sem pagar nada, isso não é Etimologia. Não, nem mesmo o apelido que o seu tio-avô ganhou por isso.
Olhem que gracinha, o Zorzinho aqui com seus cadernos pateticamente recobertos de rabiscos me apontando o cartaz ao lado: mercearia. Esse nome vem do Latim merx, “mercadoria, algo posto à venda”.
Sim, Aninha, muito bem: mercado vem daí também. Certo, mercante, mercantil, também, você é muito esperta.
Ai.. não, não, pare com esse rolo! Mercúrio e mercerizado não têm nada que ver. Fique caladinha um pouco, respire fundo e controle-se.
Arturzinho apontou bem, com seu infalível interesse por comida: temos aqui uma padaria. Ela vende principalmente pão, que vem do Latim panis, “pão”.
Aliás, aprendam que a palavra companheiro vem daí: em Roma, dizia-se companio, de cum panis, aquele com quem se repartia o pão.
Aliás, sejam companheiros do Sidneizinho e ajudem-no a descer daquele poste ali antes que ele toque num fio de alta tensão. Mas não se apressem muito, não.
Para a Aidinha, a única aluninha que já vi usar tênis de salto alto cor-de-rosa com strass e pingentes roxos, temos ali uma sapataria. Claro que esse nome vem de sapato, que vem do Espanhol zapato, de origem incerta.
Sim, Valzinha? Falando em sapato, sua mãe diz que a vizinha do lado… Pare aí, não podemos ouvir sua interessante história porque precisamos aprender que a farmácia ali adiante deve seu nome ao Grego pharmakon, “droga, veneno, poção, filtro, encantamento”. Na Antigüidade se usava muito envenenar as pessoas com líquidos que eram preparados com diversas misturas. Ah, outras épocas…
Não, Mariazinha, eu não cheguei a ver isso, já disse que nasci um pouco depois.
Venham cá, não atravessem a rua ainda. Esperem que venha um ônibus a toda velocidade.
Como, crianças? Não, não, ouviram mal! Eu disse: cuidado com os ônibus que passam a toda velocidade.
Agora que cruzamos, estamos em frente à livraria. Eles vendem livros, palavra que vem do Latim liber, “livro”, originalmente “parte interna da casca das árvores”, material de onde eram feitas as folhas para escrita.
Certo, Aninha, o supermercado ali vem de mercado, que vem de merx, mas o super não quer dizer que foi feito pelo Super-Homem nem que pertence a ele. Essa palavra, em Latim, queria dizer “sobre, além”. Ou seja, é um mercado que vai além dos antigos.
O surgimento deles foi prejudicial para ao armazéns, que antes existiam em cada esquina, e cujo nome vem do Árabe al-mahazan, inicialmente “depósito de armas” e depois “depósito de víveres, entreposto”.
E ao lado dele temos um bar, cujo nome vem do Inglês bar, devido ao balcão onde são servidas suas mercadorias, e que vem do Latim barra, “barreira”.
E agora acabamos de completar a volta à quadra de nosso coleginho e vamos entrar logo que eu preciso agradecer aos céus por estar ainda viva.
Santa Gertrude que me ajude! Santa Hortência, dai-me vossa paciência! São Sambaqui, acalmai isto aqui!
Cri-an-ças! Mais confusão na hora da merendinha da manhã, é? Parem de chorar e de bater uns nos outros, que assim não vai dar. Olha ali a Leonorzinha com geléia de amora no cabelo, o Zorzinho com uma fatia de pão com manteiga grudada no rosto – ele é tão desligado que acho que nem reparou – a Patty bem limpinha, o que a torna muito suspeita, a Aninha e o Tiaguinho dançando sobre os sanduíches não sei de quem…
Sentem-se aqui ao meu redor que eu vou limpar vocês enquanto eu conto a origem dos nomes das coisas que consumimos no café da manhã.
Para início, café vem do Turco kahweh, que veio do Árabe kahwah, que provavelmente se relaciona com Kaffa, região da Etiópia que era grande produtora.
Ao falar nele, e gente se lembra do seu companheiro frequente, o leite, que vem do Latim lac, “leite, seiva com aspecto lácteo”.
Sim, Ledinha? Claro que as vacas não sobem em árvores, isso todos sabem. Ah, e como foi que elas colocaram o leite nos cocos? Isso é um assunto diferente, meu bem, e depois que eu conversar com seus pais a gente fala nisso, tá?
Nessa ocasião em que a gente se alimenta para enfrentar o trabalho diário – claro que, para uns, como policiais e bombeiros, é tudo moleza, difícil mesmo é dar aulas para certas turminhas – em geral não falta o pão, que vem do Latim panis, “pão”.
Ao ver certas pessoinhas que fazem dupla para incomodar, que nem aqueles dois dançarinos ali, a gente tem que se lembrar da palavra companheiro, que significa “aquele com quem se reparte o pão”, ou seja, “pessoa de confiança”.
Joãozinho, quieto, pare de cochichar no ouvido da Valzinha! Às vezes me dá vontade de dar… deixa pra lá, não sei por que me ocorreu agora outro componente do café da manhã, a bolacha. Ela vem de “bolo”, pela sua forma arredondada. Digamos que é um bolo minúsculo.
Pois não, Valzinha? Era de ver o bolo que deu quando o seu vizinho da frente descobriu que a mulher dele se mostrou muito carinhosa com a empregada nova que ela levou para casa?
Bem, essa palavra aí quer dizer “mistura, confusão”, tal como se faz com os componentes ao fazer um bolo e vamos logo seguir adiante e aprender que a gente passa uma coisa chamada manteiga no pão e cujo nomezinho, tão bonitinho, vem do antigo idioma ibérico mantica, uma espécie de saco de couro para transportar este alimento que as vaquinhas, tão boazinhas, nos fornecem.
E para quem tem problemas com o colesterol ou não tem paciência para passar a manteiga no pão sem o transformar em farofa, existe a margarina, cujo nome vem do Francês margarine. Ela foi criada quando, no século XIX, o imperador Napoleão III ofereceu um prêmio para quem inventasse um substituto para a manteiga, para uso da classe pobre e dos militares. Muito bonzinho ele, não? A manteiga ficava para o pessoal do andar de cima. Pois aí se inventou uma mistura de óleos comestíveis que recebeu o nome pela semelhança com o aspecto perolado do ácido margárico.
Calma, Maria Tereza, sua Tia Margarida tem algo a ver com isso, sim, não fique assim brava. É que “pérola” em Grego se dizia margaron, daí o nome de sua tia e o do tal ácido.
Arre, se a gente não tem um pouco de cultura geral não se ajeita com estes demoninhos…
Não, crianças, entenderam mal, eu disse que-ri-di-nhos.
Mas seguindo: a gente também pode passar geléia no pão ou no bolo ou até no dedo, se estiver meio confusa. Este nome vem também do Francês gelée, “congelado”, de geler, “gelar”, do Latim gelare, idem.
Eu sei, Angélica, que ela não é nem fria, mas o pessoal achava que lembrava algum líquido gelado sobre o pão e pronto.
Olha só, terminou nosso horário, graças a São Macário! Vão todos agora para casa e amanhã, durante o café, não se esqueçam de repetir para seus pais o que aprenderam hoje, certo?