Existe, na maioria dos idiomas, uma série de sinais que são usados para facilitar a escrita e a leitura. Eles têm o poder de modificar o valor de uma letra e são chamados de sinais diacríticos.
Em nosso idioma, eles compreendem os acentos e os sinais que conhecemos por cedilha, til e trema.
Como é hábito nesta seção, vamos explorar as origens dos seus nomes.
DIACRÍTICO – palavra estranha, essa. Vem do Grego diakritikós, “aquele que pode distinguir, que consegue separar”, do verbo diakrinein, “separar um de outro”, formado por dia-, “através, por meio de”, mais krino, “separar, discernir, distinguir”.
ACENTO – vem do Latim accentus, “tom, canção ajuntada à fala”, particípio passado do verbo accinere, formado por a-, “junto”, mais canere, cantar.
São sinais que servem para indicar a subida ou descida do tom de voz ou se a vogal a ser emitida é aguda ou grave.
CIRCUNFLEXO – vem do Latim circumflexus, “dobrado ao redor”, formado por circum, “ao redor”, que deriva de circus, “forma redonda, anel”, mais flexus, “dobrado, fletido”, particípio passado de flectere, “dobrar”. O nome se deve à forma deste sinal; neste caso, é como se a gente dobrasse uma barra de metal ao redor de algo para formar um ângulo reto.
Circunflexão é o que os fiéis fazem na frente do altar, dobrando os joelhos.
AGUDO – é o acento que indica um aumento de freqüência na voz; torna aguda a vogal por ele marcada, como em pé, mó, lá.
Seu nome vem do Latim acus, “agulha, objeto cortante, pontudo”.
Uma coisa feita acuradamente é algo que foi feito com precisão, como quando se toca algo pequeno com a ponta de uma agulha.
GRAVE – atualmente, serve para para mostrar que houve crase, isto é, união (do Grego krasis, “fusão, mistura”) de artigo feminino com preposição ou pronome demonstrativo, como à (preposição a + artigo a) ou àquela (a + aquela).
Seu nome vem do Latim gravis, “pesado, solene, som de baixa freqüência”.
TREMA – esse par de pontinhos é usado sobre o “U” depois do “Q” ou “G” para indicar que ele não é mudo, como em eloqüente, agüinha. Leva esse nome a patir do Grego trema, “pequeno furo; cada um dos buracos de um dado”.
Poucos sabem que esse sinal tem um sinônimo, diérese, do Latim diairesis, “separação das vogais de um ditongo”, do Grego diairein, “dividir, separar”.
CEDILHA – este sinal que, colocado sob a letra “C”, a faz soar como “SS”, teve uma origem interessante. Em geral se pensa que o seu nome vem dessa letra, pois só com ela é usado.
Mas não é nada disso, não. Ele deriva do Espanhol zetilla, “pequena Z”, de zeta, “Z”, que deriva do Grego zeta, “Z”.
Ocorre que os escribas da Espanha pegaram a moda de escrever, em letra cursiva,o “Z” com a parte de cima tão encurvada e aumentada que que o traço superior acabou parecendo um “C” e o resto da letra acabou apenas como um penduricalho, como se fosse um membro aleijado.
Por muito tempo se usou o “Ç” em Espanhol; agora essa letra não faz mais parte do seu alfabeto.
Com isso terminamos de ver os sinais diacríticos, mas aproveitaremos nosso espaço para examinar outros sinais de nossos teclados.
PARÊNTESES – receberam esse nome a partir do Grego parenthesis, “colocado ao lado”, do verbo parentithenai, “colocar ao lado de”, formado por para-, mais tithenai, “colocar, pôr”.
É exatamente para isso que esses sinais servem: para “colocar ao lado” de outra uma idéia ou informação.
RETICÊNCIAS – são do Latim reticentia, “silêncio”, do verbo reticere, “manter-se quieto, fazer silêncio”, que se forma por re-, intensificativo, mais tacere, “calar, não falar”.
É um sinal que se usa muito quando a gente quer dar a entender que há mais no assunto do que queremos falar…
EXCLAMAÇÃO – é um sinal cujo nome veio do Latim exclamare, “gritar alto”, de ex-, intensificativo, mais clamare, “gritar, chamar”.
INTERROGAÇÃO – do Latim interrogare, “perguntar”, formado por inter-, “entre”, mais rogare, “perguntar, pedir, questionar”.
VÍRGULA – do Latim virgula, diminutivo de virga, “verga, vara, trave, ramo”. O nome foi escolhido devido à forma do sinal.
HÍFEN – do Grego hyphén, “em conjunto com”, pois serve para unir palavras que assumem um sentido diferente de quando estavam separadas.
ASTERISCO – vem de uma das palavras que os romanos usavam para designar estrela, aster, por semelhança óbvia de forma.
PONTO – do Latim punctum, particípio passado de pungere, “espetar, furar”. No começo queria dizer “pequeno furo feito por algo aguçado”, depois passou a significar “pequeno sinal, partícula, mancha” e mais tarde tomou posse do sentido atual.
E é com ele que encerramos este artigo.