GENS I
Esta palavra latina vem de uma fonte Indo-Europeia gen- ou gnê-, “gerar, engendrar, fazer nascer”.
Não tentando evitar um trocadilho, podemos dizer que ela gerou uma quantidade enorme de outras palavras que fazem parte de nosso vocabulário e se mostram indispensáveis nas mais diversas áreas do conhecimento .
GÊNESE – o começo de tudo. Pelo menos na Bíblia.
Em Grego, genesis queria dizer “criação, força produtiva, origem”, de genos, “nascimento, família, raça”, da raiz Indo-Europeia acima citada.
GENITOR – em Latim, genitor e genitrix queriam dizer “pai” e “mãe”, ou seja, “aqueles que geram”.
A progenitura é a “geração, a descendência”. É interessante observar que hoje em dia progenitor se usa para os pais, quando na origem designava avós ou antepassados mais distantes.
Era formada por pro-, “à frente, antes”, mais genitor.
PRIMOGÊNITO – de primus, “primeiro, o que veio antes de todos”, mais genitus, “nascido, gerado”. Existe gente, contudo, que anuncia o nascimento de “seu segundo primogênito”, “seu terceiro primogênito”, etc.
GENITAL – do Latim genitalis, “relativo à geração”. Aplicou-se aos órgãos reprodutivos em geral.
GENITIVO – esta palavra quase só é conhecida de quem estuda Latim ou outros idiomas com declinações, como o Alemão. Em Gramática, quer dizer “o que marca a origem”.
GENTE – vem do Latim gens, “raça, clã, família em sentido amplo, família nobre”. O sentido mudou e agora ela designa “número indeterminado de pessoas, pessoas com interesses semelhantes”.
GERME, GERMINAR – do Latim germen, derivado de gen-men, “broto, crescimento, descendência”. Em Latim, germinanus, “o que é da mesma descendência, irmão”, passou a germanus.
Em Português, “germano” se usa para designar os irmãos que têm o mesmo pai e a mesma mãe. Também porta o significado de “puro, verdadeiro, sem mistura”.
Em Espanhol passou a hermano, “irmão”.
Note-se bem que esta palavra nada tem a ver com sua homófona e homógrafa germano, usado como sinônimo de “alemão”.
Esta foi usada primeiramente por Júlio César ao descrever suas andanças pela Gália, talvez em referência a uma tribo específica que encontrou pelo caminho. Provavelmente tem origem céltica, querendo dizer “barulhento”.
GÊNERO – do Latim genus, “raça, extração”.
DEGENERAR – “corromper-se, perder as qualidades essenciais”, do genus acima citado.
GENEROSO – originalmente “de bom nascimento, de família nobre”, fixou o sentido no aspecto de “aquele que reparte com largueza”, o que devia acontecer bastante.
REGENERAR – de regenerare, formado por re-, “de novo, outra vez”, mais generare, “gerar”, queria dizer “fazer viver novamente”.
Uma pessoa que regenera seus hábitos e deixa de lado uma carreira criminosa ou o uso de drogas é como se tivesse nascido de novo.
GERAL – de generalis, “o que pertence a um gênero”, atualmente implicando mais em “genérico, universal”.
GENERAL – sim, até neste alto posto militar nossa palavrinha se meteu.
Este deriva da expressão francesa capitaine général, “capitão-geral”, “comandante em sentido amplo, com maior abrangência”.
Note-se que o cargo era mesmo o de capitaine, a outra palavra era apenas um qualificativo.
GÊNIO – de genius. Tratava-se, segundo os romanos, de uma divindade particular de cada pessoa, nascida com ela, que sobre ela velava e que com ela desaparecia.
Havia quem dissesse que uma criança nascia com dois gênios, um bom e um mau. Nos dias em que ela se mostrava uma peste, dizia-se que ela estava “de mau gênio”.
Por alguma razão, o bom gênio nunca era lembrado, uma injustiça.
Ao gênio individual se atribuíam certas capacidades proféticas. Lá pelo século XVII o adjetivo genial passou a ter o significado de “talento ou inteligência inatos”.
ENGENHO, ENGENHOSIDADE – de ingenium, “qualidades inatas”, ingeniosus, “o que tem naturalmente todas as qualidades de inteligência”.
É interessante notar que, em Inglês, ingenuity não quer dizer “ingenuidade”, como tantos tradutores de filmes pensam; significa “talento inventivo, engenhosidade, esperteza”.
INDÍGENA – de in-, “em”, mais genitus: “gerado no lugar, nascido dentro do país”.