Palavra paciência

dúvida quanto à origem da palavra ‘paciência’

Palavras: paciência

já ouvi em treinamentos que palavra ‘paciência’ significaria a ‘ciência da paz’, algo como pax ciência…procede tal ideia?!?

Resposta:

Seus treinamentos não foram bons, passaram-lhe uma conversa totalmente absurda.

“Paz” vem do Latim PAX, “paz”, de uma fonte Indo-Europeia PAK-.

E “paciência” vem do L. PATI, “aguentar, sofrer”, do Grego PATHE, “sentimento”.  Daí também vêm “simpatia” e “patologia”, bem como “paciente”, a pessoa que precisa ser tratada de alguma doença.

Essas palavras não têm ligação entre si. E quem fez essa afirmação descabida não tem conhecimento.

origem da palavra paciencia

Palavras: paciência

qual a origem da palavra paciencia,

Resposta:

Ela vem do Latim patientia, “paciência, resistência, submissão”, além de “indulgência, leniência, humildade”, de pati, “sofrer, agüentar”, de uma raiz Indo-Europeia pei-, “ferir, causar dano”.

PACIÊNCIA

 

Chego na aulinha e vejo o caos primordial instalado, como sempre. Uma aluninha morde a orelha de outra, um menino pegou a mochila da mordedora e saiu correndo e espalhando material pela sala, uma dupla dança sobre a mesa, outros praticam kickbox, outros se descabelam…

Enfim, mais um dia de normalidade me aguarda.

Pssiu, aquietem-se, façam uma roda no chão e venham descobrir a origem da palavra paciência, uma característica de que toda professora de Etimologia na pré-escola precisa desesperadamente.

Ela vem do Latim patientia, “paciência, resistência, submissão”, além de “indulgência, leniência, humildade”, de pati, “sofrer, agüentar”, de uma raiz Indo-Europeia pei-, “ferir, causar dano”.

É impressionante a extensão da minha benevolência com certas pessoinhas que não a merecem. Esta vem do Latim benevolentia, “boa vontade, bondade”, de bene, “bem”, mais volere, “querer, desejar”.

Até parece.

Fale, Valesquinha. Sua mãe diz que é preciso muita calma para aguentar o seu pai quando vão à praia porque ele se assanha todo para as moças e…

Pode parar, são coisas que não nos interessam. Colho a ocasião para para explicar que calma vem do Latim tardio cauma,  “o calor do meio-dia (quando tudo fica quieto)”, do Grego kauma, “calor (principalmente o do sol)”, de kaiein, “queimar”. Não, Patty, isso não significa que quando faz frio a gente tem que estar agitada. Dá para ser calma também. O que você quer é uma desculpa para fazer baderna, que eu a conheço bem.

Muitas colegas me perguntam de onde tiro minha pachorra para lidar com vocês. Ela vem do Espanhol pachorra, de pacho, “sujeito lento e fleugmático”, que teria origem expressiva. O que é uma maneira de se dizer que não se sabe de onde vem.

complacência… Não ouvi direito, Zorzinho, fale mais alto. Não, meu caro, nada tem a ver com placas, sejam  tectônicas ou de automóvel. Vem do Latim complacentia,  de complacere, “ser muito agradável”, de com-, aqui como intensificativo, mais placere, “agradar”.

Há quem ache que, apesar de meus ataques, eu no fundo até me apresento com muita fleugma para lidar com vocês e as coisas que fazem.

Esta palavra vem do Grego phlegma, “inflamação”, de phlegein, “queimar”, relacionado a phlox, “chama, labareda”. Era considerado um dos quatro humores que definiam as personalidades humanas. O indivíduo fleugmático seria quieto, parado, reagindo pouco aos estímulos externos, com certa inclinação para a pouca inteligência. O que não é o meu caso, podem estar certos.

Atualmente essa palavra descreve um sujeito impassível; a figura típica é o londrino, com chapéu-coco e guarda-chuva bem enrolado, vendo ocorrerem à sua frente coisas as mais estranhas e, se tanto, apenas levantando uma sobrancelha. A esquerda, de preferência.

Eu trato, quando as energias furiosas de meus aluninhos estão plenamente desatadas, de demonstrar impassibilidade, que vem do Latim impassibilitas, “incapaz de sentir dor, sofrimento, emoção”, de in, negativo, mais pati, “sentimento”, do qual falamos há pouco.

Muitas religiões nos recomendam a mansidão, do Latim mansuetudo, originalmente significando “acostumado à mão”, de manus, “mão”. Reflete o fato de animais domesticados – “mansos” – estarem habituados ao contato humano.

Uma pessoa também pode ser pacata… não, Lary, isso não vem de um cavalo galopando e fazendo “pacatá, pacatá”. Vocês estão extremamente chutadores hoje. Ela vem do Latim pacatus, “tranquilo, sossegado, em paz”, de pax, “paz”, coisa inatingível nesta aulinha.

Pacífico tem a mesma origem. Mas está claro que vocês não conhecem essa palavra.

E plácido é do Latim placidus, “calmo, tranquilo”, palavra parente de placere, “agradar”.

Uma coisa que faz falta aqui é serenidade, do Latim serenitas, de serenus, “calmo, tranquilo, claro”. Originalmente se aplicava ao clima; depois começou a ser usado como qualidade de pessoas.

Também viria bem algum sossego, do Latim sessicare, “sentar-se, acomodar-se”. Seria maravilhoso eu poder sentar-me e desfrutar de alguma calma por aqui, mas certas figurinhas tornam isso  impossível.

Ou quem sabe alguma tranquilidade? Sua origem é o Latim  tranquilus, “calmo, pacífico”, formado por trans-, aqui com o sentido de “muito além, sem par” mais quies, “descanso, calma”.

Bem, enquanto isso não chega, resta-me a resignação, do Latim resignare , “cancelar, desistir”, de re-, “oposto”, mais signare, “fazer uma marca”, aqui significando “fazer um sinal num registro contábil”, de signum, “marca”. Isto vem da linguagem de atividades de contadoria. Referia-se originalmente  a fazer um registro no  lado do crédito, opondo-se assim a um registro anterior de dívida.

O sentido da palavra passou depois para “desistir de um cargo ou posição” e mais adiante para “aceitar uma determinada situação ou emoção”.

Mas isso é complicado demais para os seus selvagens neurônios, não se preocupem por ora.

Peguem seus materiaizinhos e sigam para casa agora, que a Tia Odete aqui espera ter uns momentos de paz antes da próxima aula.

Resposta:

paz-ciência

Palavras: doença , paciência , paciente , paz

Olá Caríssimos, sou fascinado por este site!

Outro dia estive em uma solenidade, e o prezado paraninfo se prestou a compartilhar sua filosofia de vida, que é baseada na “Paciência, a ciência da paz”…

Bom, não sou lá nenhum etnólogo, mas o meu Aurelião me jurou que os radicais (latinos) são distintos…

E aí, tem a ver Paz com Paciência?

Grato desde já, e um carinhoso abraço!

Resposta:

Ficamos felizes pelas suas bondosas palavras e estamos sempre ao seu dispor.

Mas quanto ao tal paraninfo… Marquem-no bem, pois quem não sabe o que diz não pode ter muito que preste para dizer.  Você teve faro para perceber que o discurso estava estranho.

“Paz” vem do Latim PAX, “paz”, de uma fonte Indo-Europeia PAK-.

E “paciência” vem do L. PATI, “aguentar, sofrer”, do Grego PATHE, “sentimento”.  Daí também vêm “simpatia” e “patologia”, bem como “paciente”, a pessoa que precisa ser tratada de alguma doença.

Palavra esta, aliás, que vem do Latim DOLENTIA, “dor”, sintoma muito comum.

A Manha

Patty, Bebel, Deli, parem com isso! Vamos cessar já-já essa choradeira. E não puxem os cabelos umas das outras! Coisa feia, crianças como vocês fazendo manha que nem adultos. Por que vocês não podem ser como a Lúcia e a Maria Tereza ali, tão comportadinhas? Ou o Zorzinho, que não incomoda, só finge que escreve?

Separem-se, cada uma para um lado. Obrigado, Joãozinho, mas não preciso da sua ajuda para segurar as meninas. Não, não é necessário mesmo. Sei perfeitamente quais os seus  motivos; portanto, fique lá no fundo da sala, longe delas.

Antes que você me perguntem, dizem que manha vem do Latim, dos deuses manes, que eram próprios de cada casa. As babás de então ameaçavam as crianças dengosas com o surgimento desses deuses, os mania. Má-nia, ouviram bem? Acento na primeira sílaba.

Quando dizemos que uma criança é dengosa, estamos usando a palavra Quimbunda – quieto aí, Joãozinho! – ndengue, que consta que foi aplicada por semelhança do modo de andar de uma pessoa cheia de requebros como os afetados pela febre dengue, que dá dores pelo corpo.

Coisa feia, uma criança cheia de caprichos. Tão feio que se diz que essa palavra vem de do Latim capra, “cabra”, com seus pulos enlouquecidos. Será que um daqueles deuses antigos não poderia surgir e transformar as crianças caprichosas em cabritinhos?

Não, calma, calma, era só um desejo irrealizável, digo, uma brincadeirinha da Tia Odete! Não chorem, fiquem quietinhos. Você não vão virar cabritos, não.

Hein? Sim, Valzinha, esses bichos têm  chifres, por que?

Hum, sua mãe chama o vizinho do lado de Bode por causa disso? Deve ser algum engano. Decerto ele usa barba e … Ah, não usa? Você acha que é por causa dos visitantes da mulher dele que começam a chegar depois que ele sai para trabalhar? Decerto são eletricistas, encanadores, técnicos de TV e já chega, que o assunto não nos interessa. Vamos passar a outras coisas.

Não precisavam fazer escândalo porque eu falei em cabrinhas. Falando nisso, esta palavra vem do Latim scandalus, “motivo de ofensa, pedra de tropeço, tentação”, do Grego skandalon, “pedra de tropeço”, originalmente “armadilha elástica”, do Indo-Europeu skand, “pular”.

Não é agradável suportar alguém aluado. Esta expressão vem do fato de que por muito tempo se considerou que as fases da lua tinham influência sobre a mente e o comportamento de algumas pessoas. Assim, quando alguém apresentava uns piripaques e riquetiques, dizia-se que ela estava de lua.

A antiga psicologia fez muitas curas desse mal através da aplicação de tiras de couro curtido em golpes secos e repetidos na região glútea. Bem que eu gostaria de reviver esse costume!

Ter ataques quando um desejo da gente não é atendido não leva a nada. Tal palavra vem do Italiano attaccare, “engajar em batalha, acometer, atacar”. Fazia-se antigamente uma ligação entre os maus modos gerados por uma frustração e as crises epilépticas.

O verbo atacar tanto serve para descrever um ato violento como um acesso de doença. Daí se fez aquela história de não dever contrariar uma pessoa complicada.

Um dos ataques que aconteciam era finar-se, coisa que felizmente, segundo os pediatras, está saindo de moda ultimamente.

Este verbo descrevia a criança que berrava até ficar com falta de ar e com a pele meio roxa por cianose. Vem justamente de “fim”, finis em Latim, como se alguém conseguisse deixar de respirar e morrer por vontade própria. Mas que as crianças davam um susto nos pobres pais, davam.

O quê?… Parem já com isso, seus espertinhos! Eu estudei bastante para saber que há um sistema automático que toma conta da respiração se alguém a tenta suspender, portanto comigo vocês não vão conseguir nada. Podem voltar a respirar, que eu não estou nem ligando.

Outra coisa feia a se fazer é emburrar e empacar. A primeira palavra vem de “burro”, que é um animal incontrolável e quando não quer fazer algo, não faz mesmo, que nem uns aluninhos que eu conheço.

A segunda palavrinha já tem uma origem mais rara; vem de alpaca, aquele bicho bonitinho de pescoço comprido que vive nos Andes e que dá uma lã muito boa. É usado para transportar carga e, quando esta está muito pesada, dizem que deita no chão e não levanta até que ela seja aliviada.

Para eles, que dão duro, são estratégias de sobrevivência; para vocês, que vivem na moleza, seria assunto para tunda em outras épocas.

Esta palavra vem do Latim tundere, “surrar, dar pancadas”, e foi um recurso didático usado até há pouco tempo na História. É interessante perceber que a suspensão deste método não parece ter tornado o mundo melhor em coisa alguma. Aaahh…

Por que este meu suspiro? Nada, crianças, apenas saudades, apenas tristeza por ter nascido na época errada…

Mas, enfim, devido à interferência da Psicologia nos métodos de ensino, os professores têm que ter paciência – palavra que vem do Latim patientia, “resistência, paciência”, do verbo pati, “agüentar, sofrer” – e aturar muita coisa por parte dos aluninhos.

Esta palavrinha vem do Latim addurare, derivada de durare, “durar, resistir, perseverar”, alterando-se depois o sentido para “suportar, agüentar”.

E não se esqueçam de que agüentar vem do Italiano agguantare, “segurar firme”, de guanto, “luva”, que veio do Frâncico want, “luva”.

Para agüentar certos aluninhos só mesmo com uma luva metálica daquelas que os guerreiros usavam para segurar suas espadas e machados em combate.

Havia um provérbio que os antigos citavam, como era mesmo? “Poupa a vara e estragarás a criança”. Talvez tenha chegado a hora de se revisar algumas noções.

Acho que vou preparar uma conferência com esse tema para a próxima reunião dos professores.

Agora saiam muito quietinhos e façam de conta que estou com a vara na mão.

Resposta:

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