Temperos
Há muito tempo a humanidade acrescenta temperos à comida que está fazendo para lhe modificar o sabor.
Tempero vem do Latim temperare, “misturar corretamente, moderar, juntar, regular”. Daí o uso do verbo temperar também em relação à preparação de metais e até em relação à preparação da água do banho para o bebê.
Ela estaria relacionada a tempus, “momento, estação,tempo”, com a conotação de “momento certo”, no que tange à comida.
Houve época em que os temperos eram usados mais para disfarçar o sabor da comida; na época em que não havia transportes refrigerados, muitas vezes certos alimentos chegavam à despensa de uma casa meio estragados, precisando de alguma modificação no sabor para que isso não fosse percebido.
Vamos dar uma olhada na origem de palavras relacionadas:
CONDIMENTO – do Latim condimentum, “tempero, especiaria”, de condire, uma variante de condere, “colocar de lado, guardar”.
ESPECIARIA – vem do Latim specie, “conjunto de características próprias de alguma coisa”, originalmente “aspecto, vista”, derivado de specere, “ver”.
Sim, a especiaria que foi tão importante para levar a Europa à época das descobertas é parente, por exemplo, de espetáculo – spectaculus, “o que é para ser visto”.
SAL – é o mais básico de todos os temperos. Sem ele, o prazer de comer fica consideravelmente diminuído. Vem sem alteração do Latim sal, do Indo-Europeu sal-. É uma palavra tão usada que nem teve tempo de mudar, pelo visto.
Todos sabem que ele tinha alto valor na Antiguidade; isso é demonstrado pela crença de que derramar sal dava azar (claro, já que custava os olhos da cara!) e por frases como “o sal da terra”.
Valia tanto que a palavra salário deriva dele.
VINAGRE – do antigo Francês vin aigre, “vinho azedo”, já que o etanol do vinho sofre uma transformação para ácido acético, que, como um bom ácido, tem sabor azedo.
PIMENTA – do Latim pigmentum, “corante”, do verbo pingere, “colorir, pintar, bordar”. Pelo visto, o nome aqui atendeu mais aos aspectos visuais do que aos do sabor acrescentado pelo fruto à comida.
ORÉGANO – do Latim origanum, do Grego oreiganon, o nome da planta, formado por oros, “montanha” e ganos, “brilho, ornamento, alegria”.
As suas flores arroxeadas enfeitavam tão alegremente as colinas junto ao Mediterrâneo que a planta era considerada um símbolo da felicidade.
Certamente ela ainda traz alegria aos proprietários de pizzarias.
ALECRIM – vem do Árabe al-iklit. Pode-se chamar também rosmaninho, do Latim ros marinus, “orvalho do mar”. Em Inglês se chama rosmary pelo mesmo motivo – ou seja, nada tem a ver com “Rosa Maria”.
LOURO – do Latim laurus, “loureiro, coroa de louros” metaforicamente “vitória, triunfo”.
Os romanos concediam aos generais vencedores de importantes batalhas uma coroa de louros. Os Gregos, para os vencedores dos Jogos Olímpicos, as confeccionavam de oliveira selvagem.
Eles reputavam o louro como um elo com a profecia e a poesia, chegando a colocar suas folhas debaixo dos travesseiros para proporcionar inspiração.
Deveriam vender dessas folhas em livrarias e universidades.
SÁLVIA – do Latim salvia, de salva, “salva” mesmo, por suas propriedades benfazejas.
NOZ-MOSCADA – do Latim nux muscata, a segunda palavra derivando de muscus, “almíscar”. E este, para quem não sabe, é uma substância de origem animal, muito usada como fixador na indústria de perfumes.
Logo, esta noz não tem nada a ver com “moscas”, não.
SALSA – do Latim salsa herba, de salsus, “salgado”. Por extensão, também “o que dá gosto à comida”.
HORTELÃ – do Latim hortulanus, “referente à horta”, de hortus, “pátio cercado, jardim, verduras”, palavra que hoje subsiste como “horta”.
MENTA – do Latim menta, do Grego Minthe, uma ninfa transformada em erva por Prosérpina.
FUNCHO – do Latim foenuculum, diminutivo de foenum, “feno, erva cortada e posta a secar”.
TOMILHO – do Espanhol tomillo, diminutivo de tomo, que veio do Latim thymum, “tomilho, orégano”.
CRAVO – do Latim clavus, “prego”, pela semelhança de forma.
CANELA – do Latim canella, diminutivo de cana, “cana, objeto cilíndrico”, devido à forma que os pedaços de casca adquirem depois de serem retirados da árvore, quando se enrolam devido à desidratação.
Outro derivado desta palavra é a nossa caneta.