Palavra pulseira

Etimologia de Bracelete

Palavras: bracelete , pulseira

Olá pessoal, admiro muito o trabalho de vocês e espero que continuem com esse ótimo trabalho!

Gostaria de perguntar a origem da palavra pulseira e bracelete.
Agradeço desde já.

Resposta:

Agradecemos o elogio!

a. De braço, do Latim BRACHIUM, “braço”, do Grego  BRAKHÍON, “braço, espádua”.

b. Vem de pulso, que deriva do Latim pulsus, “batida, abalo, sacudida”. Isso porque a região do antebraço logo acima da mão é um local adequado para se sentir o pulso, as batidas do coração.

RELÓGIO

 

 

Ué, que aglomeração é esta em torno da Valzinha hoje? Hum, estão apreciando o moderno relógio que algum parente sem noção lhe deu. É desses enormes, do tamanho de uma laranja-de-umbigo, cheio de brilharecos, rufos e rebusques.

Sabe olhar as horas, Valzinha? Não, né? Eu já imaginava.

Então, para acalmar as crianças, tentar diminuir essa cara de superioridade da dona do objeto e as expressões de inveja do resto, vou contar alguma coisa sobre a etimologia dele e correlatas.

Relógio vem do Latim horologium, do Grego horologion, “quadrante solar para marcar o tempo”, de hora, “estação, qualquer divisão de tempo, momento, hora”. Faço notar que, como em épocas antigas o tempo não era marcado com precisão, a palavra hora podia ser usada com tanta amplitude.

Pois não, Zorzinho? Ah, sim, “quadrante solar” se refere àqueles marcadores de tempo que se valiam da sombra do sol para marcar a passagem do tempo. Sei, quando o tempo estava nublado ninguém sabia as horas, mas também ninguém tinha tanta necessidade da hora certa como agora.

Esta parte onde aparecem os números do relógio da coleguinha de vocês se chama mostrador. Isso vem de mostrar, do verbo monstrare, que significava “indicar, apontar, denunciar, aconselhar”, um derivado de monere, “avisar”.

Sim, Patty, nossa palavra monstro vem daí. Pare de arregalar os olhos.

Girando aqui sobre o mostrador, vocês veem os ponteiros. Esse nomezinho, como qualquer um pode imaginar, vem de apontar, que vem de ponta, do Latim punctus, “ponto, picada”, particípio passado de pungere, “fincar, espetar, picar”.

Nãão, crianças, elas não espetam ninguém, estão contidas pelo vidro do relógio. Palavra que, aliás, vem do Latim vitrum, “vidro”, originalmente o nome de uma erva da família da mostarda, de cujas folhas se extraía um pigmento azul.

Calma, Lary, já explico o que tem uma coisa a ver com a outra: é que os vidros, nessa época de Roma, continham impurezas que os deixavam da cor azul. Os vidros transparentes custaram um pouco a surgir.

Agora os relógios em sua maioria são digitais, isto é, mostram o tempo em algarismos. Mas quando a Tia Odete era menos experiente, eles eram todos mecânicos, com ponteiros que giravam. Isso quer dizer que eles contavam o tempo através do movimento de engrenagens, com rodas dentadas e tudo.

Já vou contar: engrenagem vem do Francês engrener, “encaixar rodas dentadas”, também “colocar grãos para serem moídos”, do Latim granum, “grão’.  Sim, antigamente a farinha não saía do supermercado, o trigo era levado ao moinho e devolvido em forma de pó.

Fale, Caio. A diferença entre digital e analógico? Menino esperto, esse. É a seguinte: a primeira vem do Latim digitus, “dedo”, e está em uso na área de computação desde poucos anos antes de 1945. Isso porque ela se expressa em algarismos e a contagem sempre teve uma relação básica com os dedos.

E a outra vem do Latim analogia, do Grego analogia, “proporção”, de ana-, “de acordo com”,  mais logos, “palavra, tratado, estudo”. Num relógio, indica que as horas são mostradas por comparação com um círculo e não através de dígitos ou algarismos.

O mecanismo todo fica contido no que se chama caixa, que veio do Italiano cassa, do Latim capsa, que era o nome dado às caixas cilíndricas onde os cidadãos de Roma guardavam os seus livros. E capsa vem do verbo capere, em sua acepção de “conter”.

Em Roma existia o capsarium, que era o escravo que levava o saco de livros e documentos do seu patrão. Gente folgada, aquela.

Vocês provavelmente não ouviram falar em complicações de um relógio. Eles muitas vezes apresentam ponteirinhos extras que indicam a fase da lua, o mês, o ano, cronômetros, signos do zodíaco, alarme e mais uma porção de coisas estranhas que só um colecionador sabe apreciar. O campeão deles atualmente apresenta 57 complicações. O que o segue tem apenas 33, uma mixaria…

Sei, pessoal, ele deve ser bem caro. Ainda mais que só existe um no mundo, desenvolvido especialmente ao longo de dez anos para um milionário desconhecido.

Bem que ele podia se compadecer de certa professora sofredora daqui do fim do mundo e me repassar uns relógios que ele não queira mais.

Bem, voltando às nossas palavrinhas, lembrei-me da origem de pulseira, que é onde os relógios ficam presos. Naturalmente ela vem de pulso, que deriva do Latim pulsus, “batida, abalo, sacudida”. Isso porque a região do antebraço logo acima da mão é um local adequado para se sentir o pulso, as batidas do coração.

Certos tipos de relógio, no entanto, não eram usados no pulso. Eram os de bolso, atados por uma corrente a uma peça de roupa para não serem perdidos ou furtados muito facilmente. Esta deriva do Latim currere, “correr”, pois um conjunto de elos tende a deslizar, a correr, quando tracionado.

Este tipo em geral possuía uma tampa protegendo o vidro, palavrinha que veio do Gótico tappa, “batoque, tampa usada em barris”.

Como, Ledinha? Se existem relógios de pêndulo para usar no pulso? Está aí uma coisa que eu queria ver, já que a existência de um pêndulo implica numa estrutura estática e muito grande para ser usada sobre o corpo.

Mas fique com o conhecimento de que pêndulo vem do Latim pendulum, “o que está pendurado”, de pendere, “pendurar”.

E agora todos podem sair para voltar para casa. Favor não estragarem o reloginho da Valzinha nem pedirem relógios cheios de complicações para os seus pais.

Resposta:

JOIAS

Vejam só. Todos os meninos da aula estão no campeonato de futebol e as meninas se recusaram a ir torcer por eles, de tanto que eles as incomodam. Acho que fizeram muito bem, garotas. Eles não merecem seus aplausos. Deixem-nos para lá e vamos aproveitar para aprender algum assunto não agradaria a eles. Por exemplo, joias.

Essa palavra que faz brilhar os olhos das moças veio do Francês jouel, “ornamento, adorno, joia”, possivelmente do Latim gaudium, “alegria”, já que uma joia costuma causar isso numa moça. E ás vezes é dada por um marido que aprontou alguma coisa indevida como maneira de ser desculpado. Os bobos ficam pensando que a gente esqueceu, ah, ah.

Existem muitos tipos de joias. Por exemplo, a corrente que se usa ao pescoço e que deriva do Latim currere, “correr”, pois um conjunto de elos tende a deslizar, a correr, quando puxado.

O que me lembra do colar, do Latim collum, “pescoço”. E não venham me dizer que é porque antigamente as donas colavam esse enfeite no pescoço para que não fosse roubado!

Isso é baixaria etimológica de quem não sabe que o material usado para uma coisa aderir a outra tem outra origem; vem do Grego kolla, “cola, goma, material grudento”.

Falando em pescoço, temos também a gargantilha, do Espanhol gargantilla, diminutivo de garganta.

Não preciso explicar o que é isto, apenas direi que se origina do Latim gurguis, “goela, garganta”, de origem imitativa. Quando a gente gargareja algum remedinho que o doutor receitou para a dor de garganta, faz o som que originou essa palavrinha.

De construção parecida com a corrente temos a pulseira, que deriva do Latim pulsus, “batida, abalo, sacudida”.

Não, Ledinha, a palavra não foi inventada porque a gente sacode o pulso para mostrar a pulseira nova que ganhou, não. Ela vem do fato que a região do antebraço logo acima da mão é um local adequado para se sentir o pulso, as batidas do coração.

Se subirmos corpo acima para colocar mais joias, poderemos nos deparar com uma tiara. Sua origem é o Latim tiara, do Grego tiara, “adorno de cabeça dos nobres persas”.

Depois eles se queixam de que nós mulheres nos interessamos por joias. Mas foram eles que começaram usando esta!

Muito bem, parem de me aplaudir. Senão eu vou me esquecer de que queria falar agora sobre diadema, outro enfeite que se coloca sobre a cabeça e que vem do Latim diadema e do Grego diádema, “banda, faixa”, do verbo diadein, “atar ao redor”.

Nas orelhas estão os brincos, do Latim vinculum, “aquilo que liga, que ata”, já que eles são unidos às orelhas por suas armações.

E nos dedos? Pode-se usar uma aliança, do Latim alligare, “unir a”, de ad, “a”, mais ligare, “unir”. Ela representa o vínculo, a aliança que se forma entre duas pessoas através da cerimônia do matrimônio e que…

Sim, Valesquinha? Um casal lá do seu condomínio vive se atirando pratos e amaldiçoando o dia em que trocaram alianças? Ah, bem, isso não é assunto para ser discutido aqui na aulinha e você devia se dedicar mais aos temas de casa do que a meter seu nariz nas broncas dos vizinhos.

Se não usamos uma aliança no dedo, podemos usar um anel, do Latim anellus, “pequeno objeto de forma circular”.

Preso à roupa podemos colocar um broche. Esta palavra francesa vem do Latim brocchus, “pontudo, aguçado”, e faz referência ao alfinete que se usa para manter o objeto no lugar.

Daí vêm também os nomes da broca do dentista, que serve para furar, da broca do marceneiro que é colocada na furadeira e que faz um furinho bem redondinho, bem como o de certos vermes aquáticos ou insetos que fazem buracos para procurar alimentos ou para fazerem suas casinhas.

Eles são perseguidos pelos homens porque fazem buracos nos cascos dos navios ou porque comem as plantações, mas tudo o que desejam é fazer uma casinha para poderem colocar as caminhas quentinhas dos seus filhotes.

Esqueci-me de citar que nas correntinhas a gente pode colocar um pingente, que deriva do Latim pendere, “estar pendurado”, de onde veio pêndulo, “aquilo que pende”. É muito chique chamá-los pelo nome francês, pendentif.

Também se pode colocar na pulseira, no chaveiro, etc., um berloque. Esta vem do Francês breloque, “pequeno enfeite pendurado, muitas vezes de pequeno valor”. E passou por fases e parentes estranhas, como emberlificoter, emberlicoquier e byrelicoquille, descrevendo “objeto de pouco valor”. Mas vamos deixar essas palavras complicadas para depois, para quando vocês todas forem estudar francês para suas viagens à França.

Espero que então vocês se lembrem de comprar alguma joia como lembrança para quem as guiou no primeiros meandros da Etimologia.

Agora vão para casa mostrar às suas mamães quanta coisa aprenderam hoje.

 

 

 

 

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