Dizem que ela é a única certeza que podemos ter na vida. Todos a temem, sem perceber que ela muita vezes traz descanso a quem dele precisa. Embora assustador, o assunto sempre será de interesse para o ser humano.
Vejamos, então, algumas palavras que se aplicam à Inevitável Senhora e suas atividades.
MORTE – vem diretamente do Latim mors. Em épocas mais recuadas, quando ela se fazia presente de modo mais visível, o Indo-Europeu criou a raiz mor-, “morrer”, da qual descendem as palavras atuais sobre a matéria.
Dentre elas, mortandade, “número elevado de mortes, massacre”, que veio do Latim mortalitas, “mortalidade”.
Dessa mesma palavra em Latim veio mortalidade, “condição do que é passível de morrer”.
Morticínio, um sinônimo de mortandade, veio de morticinus, “aquele que está morto”.
Mortífero, “o que causa a morte”, seja um vírus ou um plano econômico, vem de mors mais um derivado do verbo ferre, “portar, levar”.
Mortificar pode ser usado como “entorpecer, tirar a vida, castigar, fazer sofrer”. Vem de mors com o verbo facere, “fazer, tornar”.
Aquele que nasceu sem vida é um natimorto, de natus, particípio passado de nascere, “nascer”, com mortus, “morto”.
Antigamente a pessoa era revestida por uma mortalha antes de ser dada à terra. Essa palavra vem de mortualis, “relativo aos mortos, mortuário”.
Mortório: eis uma palavra de pouco uso em nosso idioma, em geral. Quer dizer “falecimento” ou “enterro”. Em certas partes de Portugal se usa para a área de terra que não produz, que se mostra estéril.
Quando a vela está quase se apagando, dizemos que a luz está mortiça. Isto quer dizer “prestes a se esgotar, a perder a vida, a se extinguir”, e vem igualmente de mors.
MORTEIRO – pode significar tanto “recipiente para misturar e triturar materiais, almofariz”, como “elemento de artilharia de carregar pela boca”. Em ambas acepções deriva de mortarium, que em Roma designava o almofariz, um vaso para misturar material.
A origem dessa palavra é desconhecida; provavelmente nada tenha a ver com mors.
MORTADELA – mas isto também tem a ver com morte? Não como mais mortadela!
Calma, que esta palavra está sendo citada justamente por não ter nada a ver com mors. Vem do Latim murtata, “embutido onde se coloca mirtilo”, do Grego myrtos, “mirtilo”, uma frutinha que era usada como tempero.
MEDO – muitas pessoas têm esta sensação ao se falar nestes assuntos. O que elas sentem vem do Latim metus, “inquietação, temor, ansiedade”.
O sujeito meticuloso, palavra que vem de meticulus, diminutivo de metus, é uma pessoa que tem “medinho” de ser apanhado em falta e por isso trata de fazer tudo certo.
TEMOR – deriva do Latim timor, “medo, temor”, do verbo timere, “recear”. Uma pessoa que não é propriamente medrosa mas que tem dificuldades em se relacionar com os outros é tímida, derivada de timor.
Temos outras palavras que vêm daí, como timorato e intimorato, respectivamente “o que tem medo” e “o que não tem medo”.
FÚNEBRE – é como o assunto está nesta edição…
Essa palavra vem do Latim funus, “morte, enterro, cadáver”, de origem incerta, possivelmente de uma base pré-Indo-Europeia DHEU, “morrer”. Funéreo é seu sinônimo.
LÚGUBRE – vem do Latim lugubris, “triste, doloroso, aflito”.
FATAL – usa-se como “causador de morte” desde cerca de 1430. Vem do Latim fatum, “sentença divina”, derivado do verbo fari, “falar”. E este vem do Indo-Europeu bha-, “falar”.
Não é raro ler nos jornais sobre “as vítimas fatais” num acidente. Elas não podem ser fatais, já que elas não causam morte. Fatal foi o descuido, o buraco na estrada, o álcool ingerido, o rompimento da peça do carro que levou ao acidente.