Pergunta #3736

É curiosa a busca por uma verdade absoluta num pensamento, uma sede de encontrar um dogma do texto, com se ele fosse único. Cada um de nós veste o texto e suas palavras como quer vestir, ou como os seus espelhos o refletem. Se cada uma dessas pessoas enxerga as palavras sob sua própria míopia, existem, então, mais línguas do que habitantes no mundo, porque existem pessoas que falam mais de uma língua, além, daqueles que conseguem entender algumas palavras, ou gestos, ou música ou qualquer outro canal que trasmita mensagem no processo comunicativo (imaginem quantas palavras existirão). O que me deixa mais perdido nessa história toda é sua infinita relatividade, que não me permite ver além, e precisamente por isso, me fascina.
Sei que estou puxando a sardinha para minha brasa e botando na mesma panela Comunicação e Etimologia, mas, uma vez mais, são os meus espelhos. Além disso, ninguém há de negar que está cheirando bem! Obrigado pelos novos paradigmas que me fizeram vislumbrar. Grande abraço.

Felipe Caruso

Resposta:

Felipe:

Um dos problemas da comunicação é exatamente a subjetividade derivada do nosso narcisismo.
Exemplo: certa vez, vi uma moça dizer “clica com o botão de lá” (referia-se ao mouse). Mas o sujeito com o mouse não sabia o que era “o de lá”, embora para ela fosse evidente.
Isso mostra que, se quisermos passar adiante uma noção, fato ou sentimento, ainda mais se for em terreno mais para o abstrato, precisamos de uma estrutura idiomática que nos permita transferir nossas idéias com absoluta precisão.
Isso é mais necessário ainda se pretendemos que nosso texto se espraie ao longo do tempo.
Não canso de citar a Ilíada como um exemplo de texto que nos passa, depois de uns 3000 anos, sensações tão frescas como se os fatos tivessem ocorrido ontem.
Há lugar para todo o tipo de formas de comunicação, mas não podemos prescindir de um tipo central, sólido e bem estabelecido.

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