Palavra diamante

Pedras Preciosas

 

Desde sempre, a humanidade se fascinou por metais brilhantes e pedras preciosas. Há quem diga que nosso olhar tem uma predileção pela luz polarizada que esses materiais emitem ao refletir a luz ambiente. Outros dizem que é simplesmente porque eles representam muito valor em pouco volume. Seja como for, são objetos bonitos.

Estes adornos são muitas vezes ligados ao pensamento mágico segundo o qual eles servem como proteção contra maus espíritos ou fatos desagradáveis. Ou, por outro lado, poderiam atrair situações indesejáveis. Esta parte se verificou muitas vezes, quando a cobiça acabou trazendo más conseqüências para pessoas que desatendiam à lei para seguir seus desejos de enriquecimento rápido.

Primitivamente se pensava que os demônios podiam entrar no corpo através de um dos seus orifícios naturais. Isto originou o hábito, em certas culturas, de colocar uma argola no nariz e de proteger boca e olhos através de desenhos na pele.

Veremos agora a origem de alguns nomes de materiais preciosos e algumas superstições associadas.

Acreditem nas informações etimológicas. Por favor, não acreditem nas superstições, que colocamos como pura curiosidade.

Após todo o progresso da Ciência, é um pouco assustador ver que atualmente há quem atribua ainda poderes sobrenaturais a pedras e cristais.

ÂMBAR – vem do Árabe ‘anbar. Em Grego esta resina de árvores endurecida e polida pelos séculos era chamada elektron, de elektor, “brilho do sol”. Segundo eles, o âmbar era o resultado da solidificação da luz do sol ao bater no mar. Para variar, esta hipótese é muito mais poética do que a nossa explicação atual.

Acreditava-se que usar âmbar protegia contra doenças em geral e feitiçarias.

MADREPÉROLA – é a substância que reveste o interior de certas conchas. A luz sofre difração nela e se reflete decomposta nas cores do arco-íris, o que lhe confere rara beleza.

O nome vem da expressão “Mãe da Pérola”. O material pode ser chamado também de nácar em Português, nacre, em Inglês, naccaro em Italiano. Essas palavras todas vêm do Sânscrito nakhara, “unha”.

CORAL – em Grego era korállion, passando depois ao Latim como corallum. Até o século dezessete, o nome coral era aplicado apenas à sua variedade vermelha. Daí o nome da cor aplicada a um tipo de cor vermelha, embora existam corais de diversas cores.

Era usado para proteger as crianças contra bruxarias, pois eles evitavam a entrada de demônios nos corpos dos pequenos. Receber um presente em coral trazia boa sorte.

PÉROLA – A origem do nome é discutida. Ao passo que alguns dizem que deriva do Latim pirula, “pequena pera”, devido ao seu formato mais comum, há outros que afirmam que vem também do Latim, mas da palavra perna, “molusco”, cujo diminutivo é pernulla.

Seja como for, a pérola é formada pela deposição de material nacarado sobre uma partícula que tenha penetrado no interior da determinadas conchas, como defesa.

Em certa época se dizia que esta gema estava associada a lágrimas, doença e morte. Considerando o apreço em que ela sempre foi tida, parece que esta história não colou.

ÔNIX – é uma variedade de ágata estriada. Seu nome vem do Grego ónyx, “unha”, a partir de um tipo róseo muito apreciado.

Falava-se que a preferência por esta pedra revelava uma natureza mutável e inconstante como a variedade dos seus desenhos.

CALCEDÔNIA – é uma pedra preciosa composta de quartzo. A palavra deriva do Grego karkhedónios, “natural de Cartago”, pois era um mineral extraído naquela região.

OPALA – do Latim opalus, derivado do Sânscrito upala, “pedra, jóia”.

É uma variedade de quartzo da qual se dizia que servia como porta para o mundo dos espíritos.

ÁGATA – é um tipo de calcedônia com cores dispostas em anéis concêntricos que deve seu nome a um rio da Sicília chamado Akhates em Grego.

Dela se dizia que podia mudar de cor conforme a pessoa portadora estivesse ansiosa ou aborrecida. Era associada aos viajantes incansáveis.

ESMERALDA – é um composto verde de berílio, alumínio e silício. Seu nome em Grego era smaragdus, derivado do Sânscrito marakta.

Tradicionalmente, é a gema da clarividência, da profecia. Se um rapaz comprar uma pedra destas para a sua namorada sem que esteja com dinheiro sobrando, pode-se profetizar que em breve ele estará em dificuldades financeiras.

JACINTO – vem do Grego Hyákinthos, pelo Latim Hyacinthus.

Este era um belo jovem por quem o deus grego Apolo tinha uma amizade muito especial. Um dia em que eles se divertiam nos campos, o deus estava arremessando o disco; o vento Zéfiro, que passava por ali e também estava interessado no rapaz, teve um acesso de ciúmes e desviou o pesado disco de metal, matando o jovem.

Do sangue que pingou sobre a terra surgiu uma flor, a que Apolo colocou o nome do amigo. Um bonito mineral de cores variadas, um tipo de zircão, também recebeu esse nome.

ZIRCÔNIA – vem de zircão, que vem do Árabe zarqûn, do Persa zargun, “dourado, alaranjado”, de zar, “ouro”.

JASPE – do Árabe yashp, que vem do Grego iáspis, “pedra preciosa verde”. É também uma variedade de calcedônia.

Era associado ao corpo e ao amor terreno. Atrairia amantes apaixonados.

SAFIRA – em Grego era sappheiros, em Hebraico sappir. Sua origem está no Sânscrito sanipriya, “caro ao planeta Saturno”, pois era um mineral dedicado a ele. É uma variedade de coríndon.

Ajudaria a dissipar a confusão e as dúvidas.

CORÍNDON – é uma pedra preciosa composta por um óxido de alumínio. Seu nome vem do Sânscrito kuruvinda, “rubi”.

JADE – sua origem mais próxima é o Francês ejade. De l’ejade se fez le jade.

Este idioma tomou a palavra da expressão espanhola piedra de ijada. Isto queria dizer “pedra do flanco, pedra de cólicas” (do Latim ilia, “flanco”).

Supunha-se que esta pedra, colocada sobre os flancos, aliviasse as dores das cólicas.

O jade é um nome dado a dois minerais, a jadeíta e a nefrita. O nome do último vem do Grego nephrós, “rim”, pois os poderes curativos da pedra se estenderiam também a esse órgão.

TOPÁZIO – vem do Sânscrito tapas, “calor”.

Talvez por isso, tinha a fama de garantir relações muito próximas e afetuosas.

AMETISTA – deriva do Grego amethystós. Por sua vez, esta palavra é formada por a-, partícula negativa, mais methystós, “bêbado”. E esta última vem do verbo methyskein, “intoxicar”, oriunda de methys, “vinho”.

Dizia-se que usar uma ametista evitaria a embriaguez, por muito que a pessoa bebesse. Apesar das muitas experiências sem resultado feitas pelos bebedores, a crença durou muitos séculos.

DIAMANTE – este sonho de muitas moças vem do Grego diamas, alteração de adamas, formado por a-, partícula negativa, com damaein, “domar”. Como o diamante é uma pedra que não pode ser cortada por nenhuma outra, os gregos diziam que ele era “indomável”.

No século quatorze, na França, acreditava-se que um diamante aplicado à testa de uma pessoa que sofresse das faculdades mentais a curaria. Ah, se fosse fácil assim…

Outro uso do diamante nessa época era para revelar a infidelidade de uma esposa. Um diamante colocado sob o travesseiro dela faria esse efeito.

Segundo o folclore, o processo não adiantava para os maridos.

Uma noção mais duradoura é de que o
diamante é a pedra dos laços firmes e longos.

RUBI – do Latim ruber, “vermelho”. O nome da gema era lapis rubinus, “pedra vermelha”.

Dizia-se que quem portava uma jóia destas passaria a ser uma pessoa profundamente enamorada.

Parentes próximos desta palavra são rubrica, rubéola, rubicundo.

BERILO – o nome desta variedade de esmeralda vem do Grego beryllos, ligado ao Latim brillare, “brilhar”.

Brilhante é um tipo de lapidação de pedra preciosa, com 58 facetas.

LAPIDAR – vem do Latim lapis, “pedra”. Tem mais de um significado. Um deles é “atirar pedras”. Era um castigo aplicado em épocas bíblicas.

Outro é “desbastar uma pedra preciosa até deixá-la com determinado número de facetas”, para aproveitar melhor as qualidades da pedra, alterando a luz incidente e assim ficando mais bela.

PRATA – do Latim plata, “achatada, plana”, pela facilidade de trabalhar e ser transformada numa superfície.

O adjetivo referente à prata, no entanto, é argentina ou argêntea. Tal palavra vem do Grego argós, “branco, brilhante, veloz”, de uma raiz Indo-Européia arg-, “brancura, brilho, alvura”.

A prata era associada, na Alquimia, à deusa Diana e à lua.

Quando Felipe da Macedônia fez uma consulta ao oráculo de Delfos, a resposta foi: “Com armas de prata conquistarás o mundo”. Como ele era muito inteligente, entendeu logo a mensagem. Pouco depois colocou em cerco uma cidade murada que seus auxiliares disseram ser inexpugnável e disse, calmamente: “Vocês verão como uma mula carregada com prata encontrará caminho facilmente”.

Com o mesmo significado se usava a expressão “Usar lanças de prata”.

PLATINA – é um elemento precioso cujo nome vem do Espanhol platina, diminutivo de prata.

OURO – vem do Latim aurum, derivado de uma raiz Indo-Européia auso-. Em Grego era khrysós. Daí São João Crisóstomo, que era tão convincente ao argumentar que recebeu este apelido de “boca de ouro” (stoma, “boca”).

Era o elemento associado ao sol, na Alquimia.

Os alquimistas tentaram vários métodos para transmutar outros elementos em ouro; mas há quem diga que o desejo de transmutação de material bruto em precioso, no início, se referia à elevação mental e espiritual.

QUILATE – esta medida de peso para pedras preciosas tem seu nome derivado do Árabe qirât, de qaura, “feijão”. E esta palavra passou para o Árabe do Grego keration, gerada por kéros, “chifre”.

Este nome foi dado porque eram usadas como unidade de peso as sementes de uma árvore mediterrânea, a Ceratonia siliqua, bastante semelhantes em peso entre si.

Resposta:

Dia

Crianças, crianças! Quietinhas, senão um dia desses a Tia Odete não vai agüentar e… Como? Se eu posso falar um pouco sobre a origem da palavra dia? Posso, mas não é nenhum truque de vocês para evitar a aulinha? Juram? Bem, então lá vai:

Vocês acreditam que dia tenha um parentesco muito próximo com jornal? Parece impossível, não é? Pois vou contar agora.

A palavra latina dies significa “dia”. Daí veio diurnus, “diário, o que acontece todos os dias”. E também diurnum, “pagamento pelo trabalho que se faz num dia” ou “ração para um dia”. Dá para chamar a merendinha que cada um trouxe de diurnum, então. Não é uma gracinha?

Dessa base surgiu, no Latim vulgar, diurnata, com o significado de “o que se faz num dia”. Daí para o Italiano giornata e o Francês journée foi um passo.

Lá pelo século 16, o significado de “o que se anda num dia” perdeu a conotação de tempo, passando a predominar o sentido de distância, de viagem. Assim, jornada hoje em dia significa uma distância percorrida, sem maior definição.

A palavra jornaleiro originalmente significava “aquele que é pago por dia de trabalho”. Agora quase só se usa no sentido de “vendedor de jornais”.

E aí vem o que eu queria ensinar a vocês: em Francês, papier journal significava “escrito diário, texto renovado a cada dia”. Essa expressão acabou perdendo o papier, ficando só a outra palavra, que passou a jornal em Português. Que coisa, né?

E antes que vocês façam uma bobagenzinha muito comum, aviso que diuturno não quer dizer “o tempo todo” ou “diurno e noturno”, como muitos pensam e usam. Diuturnus em Latim significa “aquilo que dura muito tempo”. O mesmo significa o seu derivado em nossa língua. Não quero ver aluninho meu cometendo esta barbaridade.

E acrescento que dieta, aquilo que nós, mulheres, vivemos fazendo para deixar as outras com inveja, tem outra origem. Essa palavra vem do Grego díaita, “modo ou método de viver, governar”. Queria dizer também uma maneira de viver prescrita por um médico, que incluía, entre outras coisas, a escolha dos alimentos. Ela passou para o Latim como diaeta e seguiu uma carreira de sucesso, tanto que ela neurotiza muitas pessoas hoje em dia. Ou por acaso as mamães de vocês não vivem de dieta?

Agora, só para os cultos, que conhecem a palavra dieta usada como nome de certos parlamentos ou reuniões: ela começou a ser usada para um determinado dia (dies em latim, lembram-se?) marcado para uma reunião ou assembléia, e depois para a assembléia em si.

Mas, antes que alguém me pergunte se data tem a ver com dies, já vou dizendo que não. Data é do verbo dare, Latim, e significa dado.

É que as cartinhas que os romanos escreviam para os seus amiguinhos – não, Miguelito, ainda não tinham inventado o e-mail naquela época, não! – começavam com a fórmula data Romae, “dado em Roma”, antes de se colocar o dia em que estavam escrevendo. A frase queria dizer “carta dada (feita) em Roma no dia tal”.

Claro, Leonorzinha, meu anjo, que as cartas podiam ser escritas também em outras cidades. Roma foi só um exemplo que escolhi.

Sim, Aidinha? Não, minha querida, diadema não tem nada a ver com dia. Essa palavra vem do Grego diadéo, “ato, amarro”. Esse bonito enfeite bem colorido que você usa nos cabelos, combinando com os tênis, tem um nome antigo, sim, mas de outra origem.

Bem, Joãozinho, está certo, sua mãe tem uma caixa de plástico redonda onde está escrito diafragma, mas isso não tem que ver com nenhum momento do dia. Vem do Grego diaphragma, que quer dizer “parede, tabique, separação”. Para que é que serve? Ah, não sei, meu filho, só sei que é feio andar olhando as gavetas dos outros e vamos mudar de assunto já-já.

Não, não fiquei nervosa coisa nenhuma, não estou fugindo de nada e olhem só: há uma palavra que ninguém associa a dia: é dial, aquele mostradorzinho de aparelhos como os rádios e medidores. Todos pensam que é puro Inglês, mas é Latim do bom: dialis, “relativo ao dia”.

Essa palavra passou ao nosso idioma a partir do Inglês, onde sundial significa “relógio de sol”. Como o mostrador de um rádio apresenta marcas, à semelhança de um relógio de sol, acabou pegando esse nome.

Antes que alguém pergunte sobre diamante, aviso que também este não é parente de dia. Esta palavra vem do Grego a, um prefixo negativo, e damaein, “domar, dominar”.Pela sua dureza, os gregos consideravam este mineral “difícil de domar”. Eles usavam o nome adamas também para metais muito duros.

Talvez algum dos pais de um aluninho tenha deparado com a palavra jórnea em algum livro antigo ou nas palavras cruzadas; ela vem também de journée. Significa “capote militar” ou “roupa feminina para o frio”. Aplica-se a vestes que são só para uso durante o dia ou que só se usam um dia, como o vestido de casamento ou a toga usada nas formaturas.

E saibam que vocês só vão conseguir usar uma toga dessas se se comportarem bem e estudarem direitinho e tiverem pena da sua professora!

Viram só quanta coisa útil se pode aprender quando a turma fica quieta? Assim a jornada da professora fica melhor e ela tem menos pesadelos de noite!

Resposta:

Origem Da Palavra