Palavra formar

MAQUINAÇÕES

 

O ato de tramar, de urdir algo contra uma pessoa ou instituição é antigo como as cavernas. Tanto que existem numerosas palavras usadas para os seus diversos aspectos. Vejamos:

 

ENGENDRAR –  do Latim ingenerare, “implantar, produzir”,  formada por in, “em”, mais generare, “gerar, criar, dar à luz”.

 

TRAMAR –  do Latim trama, “fio, tecido, trama”.

 

TECER –  do Latim texere, “tecer, tramar”, de uma raiz Indo-Europeia teks-, “fazer”.

Note-se a comparação feita de uma conspiração com a urdidura de um tecido, com os fios se entrelaçando e gerando um resultado com consistência própria.

 

URDIR –  do Latim ordiri, “tecer, tramar, colocar em ordem”, de ordo, “ordem, arranjo”.

 

IDEAR – de ideia, (geralmente mal-intencionada), do Grego idea, “protótipo ideal”, literalmente “forma, aparência, aspecto”, de idein, “ver”, derivado do Indo-Europeu weid-, “ver”. Ideia passou a ter o significado de “imagem mental” e mais tarde de “resultado do pensamento”.

 

TRAÇAR –  do Latim tractiare, “delinear, traçar”, de tractus, “trilha, curso”, de trahere, “puxar, arrastar”. Quando se arquiteta um plano se costuma traçar algum tipo de esboço, mesmo que apenas mental.

 

CONCEBER –  do Latim concipere, “engravidar”, formado por com, intensificativo, mais capere, “tomar, pegar”. Um dos sentidos que se desenvolveram é o de “imaginar, significar, tramar”, outro é o de “engravidar”; a ideia básica era a de receber sêmen no útero.

 

ARQUITETAR –  de arquiteto, do Latim architectus “Arquitetura”, do Grego arkhitekton, “mestre de obras, obreiro-chefe”, de arkhein, “comandar, dirigir” e tekton, “construtor, artesão, carpinteiro”.

Assim como um arquiteto desenha os planos de um prédio, uma pessoa pode se dedicar a estudar meios de trazer prejuízos a outrem.

 

PLANEJAR – vem do Latim planus, “achatado, nivelado”, que resultou em nossa palavra plano e no ato de planejar como “levar a cabo um esquema”. E esta metaforicamente lembra algo esquematizado ou desenhado num papel ou superfície lisa.

 

PROJETAR –  do Latim projectare, de projectum, “algo lançado à frente”, de projicere, formado por pro-, “à frente”, + jacere, “lançar, atirar”.

 

PREPARAR –  vem do Latim praeparare,  “o ato de aprontar”, formada por prae, “antes”, mais parare, “deixar pronto”, relacionado a parere, “dar à luz, produzir, trazer à frente de”, do Indo-Europeu per-, “trazer à frente, fazer aparecer”.

 

MAQUINAR –  Do Latim machina, “aparelho, estrutura, engenho” do Grego mekhane, “aparelho, meio para obter algo”, que por sua vez descende do Indo-Europeu maghana-, “aquilo que permite, que torna capaz”, de magh-, “ser capaz, ter poder”.

 

PROGRAMAR – do Latim programma, “informação pública escrita”, do Grego prographein, “escrever para uso público”, de pro-, “à frente”, mais graphein, “escrever”. Lá pelo século XIX esta palavra passou a ostentar o significado de “plano ou esquema definido”.

 

INVENTAR –  do Latim inventio, “achado, descoberta”, de invenire, “descobrir, achar”, formado por in, “em”, mais venire, “vir”. Com o sentido atual, de “coisa feita previamente não-existente”, é do século XVI.

 

CRIAR –  vem do Latim creare, “produzir, erguer”, relacionado a crescere, “crescer, aumentar”, do Indo-Europeu ker-, “crescer”. Muitas vezes se produz uma inverdade para trazer prejuízo a outros.

 

FABRICAR –  veio do Latim fabrica, “oficina, lugar onde se fazem coisas”, de faber, “aquele que faz, artesão”, também “arte, artesanato, produto bem feito”,  de faber, “artesão, aquele que faz”, inicialmente “produtor que trabalha em metais duros”.

 

FORJAR –  do Francês forge, “lugar onde se trabalha o metal”, do Latim fabrica, “oficina”; portanto, uma prima da anterior.

 

IMAGINAR –  do Latim imaginari, ‘formar uma imagem mental de algo”, derivado de imago, “imagem, representação”,  da mesma raiz de imitari, “copiar, fazer semelhante”.

 

FORMAR –  do Latim forma, “aparência, aspecto, contorno, padrão”, possivelmente do Grego morphé, “aparência externa, beleza, aspecto”.

 

PREMEDITAR –  do Latim praemeditari, “pensar antes, pensar em avanço”, de prae, “antes”, mais meditari, “contemplar, pensar sobre”, de uma fonte Indo-Europeia med-, “medir, limitar, considerar, tomar medidas adequadas”.

Resposta:

Material De Cozinha

Me-ni-nas! Parem de puxar os cabelos umas das outras! Onde já se viu? Hoje eu estava tão cansada que passei os meninos para a coitada da Professora de Educação Física e resolvi fazer uma brincadeira só com vocês, com os nossos brinquedos de cozinha, e já deu a maior confusão.

Também, pudera: Maria Tereza, reclamando que quer forminhas para bombons de ameixa – eu já disse que não há! -, Patty quer o liquidificadorzinho sabe-se lá para quê, os pratinhos de plástico a Bebel pegou e não empresta prá ninguém; a Ana Maria, em contrapartida, agarrou todos os talheres e não quer largar, enquando a Deli ameaça bater na cabeça de todo o mundo com a frigideirinha.

Não vai dar desse jeito, meninas. Vamos sentar em roda aqui e falar sobre os nomes desses utensílios.

Olhem aqui os pratos. Essa palavrinha vem do Francês plat, “chato”, que veio do Latim plattus e do Grego platys, ambos querendo dizer “plano, achatado”.

Sabem o ornitorrinco, aquele bicho que vive na Austrália, tem um ferrão com veneno nas patas de trás, é mamífero e tem bico e pés de pato? Pois o nome cientifico dele é Platypus, formado por esse mesmo platys mais pous, “pé”: é o “pé-chato”. Os ingleses o chamam assim, platypus. Acho que ornitorrinco é complicado demais para eles.

Como é, Leda? O quê? O Pir? Não conheço, é algum grupo de música? Ah… Não, meu anjo, essa palavra só se usa assim: pires. O singular não é “pir”, não.

O nome desses pratos pequenos vem do Malaio piring, palavra que os portugueses levaram primeiro para a Índia e depois para a Europa.

Calma, calma, Valzinha, já vou dizer de onde vem xícara. Esta tem origem nas Américas mesmo, do Náhuatl jicalli, “tipo de vasilha”. É por isso que se deve escrever com “X” e não com “CH”. Mas por que você estava tão ansiosa por saber sobre essa palavra?

Chii, lá vem história sobre as vizinhas… Ah, uma delas é apelidada “Xicrinha” no seu edifício porque, quando vê que uma das outras vizinhas saiu, vai pedir uma xicrinha de açúcar ou farinha ao marido que está em casa. E daí? Ela pode ser imprevidente ou meio pobre e… Ah, vai vestida só com uma camisola curtinha e salto alto e então…

Certo, isso não interessa num lugar sério como este e vamos já-já aprender a origem dos talheres. Esta palavra vem do Latim tardio taliare, “cortar”. Como os instrumentos do faqueiro servem para isso, foi usada para denominar o conjunto deles. O nome do talharim vem daí também, pois a massa achatada era enrolada e cortada em tiras finas.

Está muito bem, Ledinha, a colher não é para cortar, mas entrou para a lista dos talheres e pronto. O nome dela, aliás, vem do Francês cuillère, do Latim cochlear, do Grego kokhliárion, de kokhlios, “caracol”, pela sua forma côncava.

O garfo não tem origem totalmente definida. Parece ter vindo do Árabe garfa, “punhado”, do verbo gáraf, “empunhar, tirar água”.

E a faca tem também étimo duvidoso. Pode vir do Latim falx, “foice”, cuja função também era cortar.

Está bem, Lúcia, já vou chegar lá: a panela vem do Grego patane, “raso, liso, prato”, do Indo-Europeu pet-, “espalhar”. Certo, a pátena, aquele disco metálico que se usa na missa para cobrir o cálice vem daí também. Tão pequena e já sabe dessas coisas!

E a sua prima, a frigideira, vem do Latim frigere, “fritar, tostar”, do Indo-Europeu bhreu-, “tostar”.

Ai, que vontade de comer uns sanduichinhos com um bom chá! Se fôssemos todas educadas como a Maria Tereza ali, que depois de bater e arranhar as outras se sentou com os pezinhos cruzados debaixo da cadeira, poderíamos fazer isso.

Usaríamos um bule para servir o líquido umas às outras. Essa palavra vem do Malaio buli, “frasco”, mais uma que os portugueses, em suas explorações, trouxeram da Ásia.

Entre estas está, aliás, chávena, que poucas de vocês conhecem, aposto. É pouco usada hoje em dia, mas era muito chique oferecer uma chávena de chá ou café nas outroras. É sinônimo de xícara e vem do Malaio chavan, “xícara”.

Também seria bom comer um bolo, que seria feito numa forma, cujo nome vem do Latim forma, “aspecto, aparência, molde”.

Ou então, acompanhar o chá com algo feito numa torradeira, que vem do Latim torrere, “queimar, secar, tostar ao fogo”. Daí veio a palavra torresmo, que os doutores dizem que faz mal para o coração mas que eu acho que faz bem ao paladar.

Em vez de chá, poderíamos bebericar chocolate quente com chantilly em cima, que seria preparado numa batedeira. Este utensílio se chama assim a partir do verbo latino battere, “atacar, golpear”.

Comendo e bebendo qualquer coisa, usaríamos lindos guardanapos de linho irlandês. Eles se chamam assim a partir do Francês garde-nappe, “proteção de toalha-de-mesa”. Eles foram inventados para evitar que os convidados a usassem para limpar mãos e bocas, com o emporcalhamento que se pode imaginar.

Nappe era como os franceses chamavam as toalhas-de-mesa, do Latim mappa, “tecido”.

Sim, Ledinha, existe um outro tipo de mapa. E o nome deste vem daí também, pois muitas vezes ele era desenhado em tecido, para durar mais e agüentar o uso, principalmente em campanhas militares.

Como, Patty? Ah, o liquidificador de brinquedo que você usou nas cabeças das suas coleguinhas vem do Latim liquidus, “fluido, líquido”, do verbo liquere, “ser fluido”, ligado a liqui, “derreter, fluir”. Juntou-se a essa palavra o verbo facere, “fazer, tornar” e aí está o nome desse eletrodoméstico.

Não, menina, os romanos não tinham um nome para isso porque ele não existia naquela época. O nome foi feito só quando inventaram o aparelho, entende agora?

Liquidificador em Roma, só me faltava essa.

Hein? Nada, meninas, nada; uma pessoa sábia e pouco reconhecida que nem eu tem o direito de dar uma resmungada de vez em quando.

Bem, agora que estão mais calminhas podem sair. Mas deixem os brinquedinhos todos aqui.

Amanhã tem mais, a menos que haja uma misericordiosa catástrofe e as aulas sejam suspensas.

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