Palavra gravidez

Origem do latim e grego

Palavras: gestação , gravidez

Gostaria de saber a origem (do latim, do grego) das palavras gestação e gravidez

Obrigada

Resposta:

Gestação vem do Latim gerere, “gerar”, parente do Grego gígnomai, “nascer, gerar”.

Gravidez vem do Latim gravis, “pesado, importante”; gravidus é “o que carrega, que leva um peso”.

Nascimentos

Em edições anteriores, falamos sobre palavras relacionadas com nossa partida deste mundo. Para fazer um contraponto, agora falaremos nas palavras que são usadas quando a gente chega a ele. NAMORO – quando a coisa é planejada pelo casal, tudo começa por ele, não é mesmo? E esta palavra, tão agradável, vem da expressão Espanhola estar en amor, que acabou formando o verbo enamorar, que originou o nosso namoro. NOIVADO – é o passo seguinte. A palavra vem do Latim novus, nova, “novo, nova”, pois designava a pessoa jovem, em idade de casar. Em Espanhol esta palavra passou a novio, novia e em Português a noivo, noiva. Há lugares onde ainda se diz “moça nova” querendo dizer “casadoura”, “em idade de casar”. Em contraposição, usa-se a expressão paradoxal “moça velha”, quando essa idade já passou. Coisas de outras épocas, já que agora felizmente as uniões vêm sendo feitas independentemente de idade. CASAMENTO – aí vem mais um passo. Esta palavra reflete o mais que conhecido ditado “quem casa quer casa”, já que casamentum, em Latim, significava “terreno com casa”, isto é, uma área com uma edificação sobre ela. ANEL – noivado e casamento costumam ser marcados pelo uso do anel. Esta palavra vem do Latim annulus, “anel”, de uma base Indo-Européia ano-, “anel”. O anel de noivado e casamento é colocado sempre no quarto dedo, o chamado anular. Isso ocorre porque antigamente se acreditava que esse dedo era ligado por um nervo diretamente ao coração. ALIANÇAS – os anéis citados acima são chamados alianças. Este nome vem do Latim alligare, de ad-, “junto”, mais ligare, “unir, atar”. São assim chamados porque representam uma união que se deseja forte e duradoura. MARIDO – no casamento, a dupla é declarada “marido e mulher”. Marido vem do Latim maritus, que deriva de mas, “macho”. É por isso que não existe marida. O correspondente feminino de marido é mulher mesmo. Deveres maritais são os deveres do marido. ESPOSOS – esta palavra vem do Latim spondere, “ligar-se, prometer solenemente”. Na Roma antiga, sponsa era “a noiva, a prometida”. A origem no Indo-Europeu é spend, “fazer uma oferta, realizar um rito”. Não querendo fazer alusões mordazes, esposas em Espanhol quer dizer “algemas”, e tem a mesma origem. Esponsais significam casamento. NÚPCIAS – também é sinônimo de casamento. A palavra vem do Latim nuptiae, “casamento”, de nupta, particípio passado de nubere, “tomar como marido”. Há relação com o Grego nymphé, “noiva”, que vem do Indo-Europeu sneubho-, “casar”. Nubentes são aqueles que vão casar. ENXOVAL – quando duas pessoas vão casar ou estão esperando filho, faz-se o enxoval, o que dá ocasião a festas e piadas. É uma maneira muito interessante de se providenciar uma ajuda da sociedade para quem está iniciando uma etapa tão diferente da vida. A palavra deriva do Árabe as-suuar, “dote”. No Espanhol atual, ajuar, derivado daí, é “o conjunto de móveis, roupas e jóias que a mulher aporta ao casamento”. DOTE – já que falamos nele… O dote são os bens que acompanham a noiva no casamento e passam a pertencer também ao marido; nem sempre usado hoje, antanho ele era às vezes a única possibilidade de uma moça conseguir casamento. Se o futuro sogro tinha posses, os pretendentes nutriam súbitas e intensas paixões pela filha dele, mesmo que ela não fosse das mais atraentes. Assim como era o jeito de a moça desencalhar, era muitas vezes o jeito de um homem viver sem trabalhar, nas épocas em que esta atividade não era muito bem vista. Um sistema baseado neste tipo de interesses não podia dar certo. A palavra dote vem do Latim donare, “dar”, de donum, “presente, dom”. O sentido de dom como uma capacidade especial vem do fato de que certos talentos e qualidades eram considerados um presente dos deuses. Falando em dar, a frase “É dando que se recebe”, há tempo imortalizada na política de um certo país, se diz em Latim “Do, ut des”. Ou, literalmente “Dou, para que dês”. Idioma conciso, não? PARAFERNÁLIA – esta palavra com cheiro de anos setenta parece deslocada aqui, mas é só impressão. Todos os que viveram aqueles anos a ouviram e muitas vezes ficaram sem saber exatamente o que era. Hoje a imprensa gosta de a usar em expressões como “parafernália eletrônica”. Pois esta palavra faz parte de uma expressão latina, bona paraphernalia, “bens parafernais”. Estes são os bens de uma noiva além do dote; este era repartido com o marido; o paraferno não, continuava pertencendo a ela. A palavra se origina do Grego para-, “além”, e pherna, “dote”, de pherein, “levar”, pois o dote era o que a noiva “levava” para a propriedade comum. Seu sentido leigo atual passou para “tudo o que é necessário para exercer uma determinada atividade”. GESTAÇÃO – mais um passo neste ciclo tão conhecido. A palavra vem do Latim gerere, “gerar”, parente do Grego gígnomai, “nascer, gerar”. “Gestante” é aquela que gera, gestans em Latim. GRAVIDEZ – sinônimo da anterior; vem do Latim gravis, “pesado”, pois é assim que uma gestante normalmente se apresenta. PARTO – do Latim parere, “trazer, dar à luz”. Daí a palavra parens, “aquele que traz”, que gerou a nossa palavra parente, e que em Latim designava “pai, mãe ou ancestrais”. Em Inglês se usa parent/parents como “pai e/ou mãe”. Em Português dizemos os pais/pai e mãe para este sentido. Ultimamente se vê o uso de parental em textos sobre Psiquiatria, geralmente por má tradução do Inglês. Seja como for, é uma palavra que faz falta e provavelmente vai “pegar” e ser anexada ao acervo do nosso vernáculo. A palavra mais remota ligada a estas é o Pré-Indo-Europeu per-, “trazer à frente”. MAMÃE – reduplicação de ma-, é um som de presença quase universal nas palavras relacionadas com maternidade nos idiomas, crê-se que por imitação do ruído de mamar. Em Grego, “mãe” é méter. Desta palavra foram feitos derivados cultos para “útero”, tais como metrorragia, de méter, “útero” e rheon, “o que corre, o que flui”, querendo dizer “sangramento uterino”. O útero era antigamente chamado de “mãe do corpo”. PAI – onde há uma mãe, há um pai, enquanto as técnicas da Genética não se difundirem muito. Este em Latim era pater, em Grego patér. Em Sânscrito se dizia pitar. Também se atribui a origem desta palavra aos balbucios infantis. Zeus era chamado Diós Páter, “Pai dos Deuses”, na mitologia grega, não por os ter gerado, mas por ser o que os chefiava. FILHOS – onde há pai e mãe, deve haver filhos. A palavra que os designa era, em Latim, filius, filia. Vem do Indo-Europeu dhe-, “sugar, mamar”. Afilhado deriva daí, assim como padrinho e madrinha derivam de “pai” e mãe”. CRIANÇA – esta palavra vem do Latim creatus, particípio passado de creare, “fazer, produzir, criar”, relacionado com crescere, “crescer”. Da noção de um infante sem pais ser acolhido numa casa e passar a vida dedicado
a servir aquelas pessoas ou do filho de escravos que crescia trabalhando na casa veio a palavra criado com o sentido de “serviçal”. “COUVADE” – é uma palavra francesa para nomear uma situação que existia em certas regiões da França e que parece subsistir ainda em certas tribos sul-americanas. Por ocasião do parto, quem faz o resguardo, ficando de cama, gemendo, sendo visitado e recebendo do bom e do melhor é o pai. A mãe, essa está muito ocupada com os afazeres da casa e da criança nova para poder desfrutar de algum descanso. Fica aí a idéia de um costume milenar que pode ser revivido. Consultem entre si o futuro papai e a futura mamãe. MADRUGADA – quando os filhos chegam, os pais começam a passar esta parte do dia em atividades pouco interessantes. A palavra vem do Latim maturus, “o que se dá em momento bom”, parente de matutinus, “cedo, ligado à manhã”. FRALDAS – justamente a troca de fraldas é uma das atividades que são feitas pela madrugada. O nome desta peça de tecido ou de material descartável vem do Espanhol falda, “colo, regaço, parte de uma peça de roupa”. Mais remotamente, vem do Frâncico falda, “dobra”. MINGAU – quando os filhos crescem um pouco, chega a hora do alimento nesta forma, cujo nome vem do Tupi mingá-u, de mingá, “pastoso, não sólido” e u, “comida”. VIDEOGAME – depois de tanto trabalho para os pais, tudo o que os filhos querem é jogar isto!!

Resposta:

Grave

Pronto, Túti, está acabado o curativo. Não ficou bonito o seu joelho, pintado de mercuro-cromo e com um bandaid colorido em cima? Não há mais porque chorar agora. Ainda mais se você prometer que não vai mais subir no telhado da escolinha na hora do recreio.

Crianças, façam uma roda e vamos conversar umas coisas sobre o acidente deste danadinho.

Se um dia a gente tropeça e, cedendo à gravidade, cai e sofre uma machucadura grave, será que há relação entre essas palavras? Calma que a Tia já vai contar, mas só se vocês ficarem quietinhos.

Existe relação, sim. Deste jeito, ó: de uma raiz Indo-européia gru– se originou o Grego barys, “pesado”. Ela teria gerado também o Sânscrito gurus, “pesado, digno”. E também o Latim brutus, significando originariamente “pesado”. No mesmo Latim surgiu outro derivado, gravis, “pesado, importante”.

De barys veio uma grande quantidade de palavras, em sua maioria eruditas, como barítono, “o que tem uma voz grave” (há uma voz mais grave ainda, o baixo). As vozinhas de vocês são todas agudas ainda, um fato que torna as suas gritarias mais exasperantes.

Também temos o bário, o nome de um elemento químico; o barômetro, aquele instrumento que serve para medir a pressão atmosférica e prever o tempo para a gente saber se vai ter que sair de botinha de borracha e capinha impermeável para vir à escolinha.

Do Latim gravis veio, por exemplo, gravitação, gravidade, a propriedade física que confere peso aos objetos, que nem quando as mochilinhas de vocês estão muito cheias.

Veio também gravidez, situação em que a fêmea leva mais alguém e que veio de gravidus, “cheio, carregado”.

Grave é usado ainda no sentido de “sério”, como uma situação difícil que gera preocupação e que traz aquela sensação ruim de peso dentro da gente. Também é chamada de grave aquela pessoa que anda por aí de cara amarrada só para parecer que é importante. Algumas diretoras de escola fazem isso, mas não digam para ninguém que eu falei.

O acento grave (`) tem esse nome porque originariamente era usado para marcar uma entonação baixa, profunda.

Os gurus que andam por aí por aí sendo seguidos por pilhas de gente, seja em religião, em filosofia, na política ou outra área qualquer, também tiveram seu nome tirado daí. Alguns deles devem acreditar no que dizem, mas quando crescerem vocês também vão achar que a maioria deles dá risadas enquanto contam o dinheiro que os trouxas entregaram.

Não, Robertinho, greve não é parente de grave. Não interessa se você leu numa revista, está errado. Você tem que confiar mais na Tia Odete do que nessas informações mal fundamentadas.

Greve tem uma origem bem diferente. Vem de uma fonte Celta gravo, “cascalho, pedrisco”. Daí o Francês fez grève, “cascalho, areia” e, por extensão, “praia de areia”. Note-se que o Inglês tem gravel, “cascalho”.

Pois bem; numa margem do Rio Sena (em Paris, crianças, em Paris!), onde havia existido uma pequena praia arenosa, foi feita uma praça, que foi chamada Place de Grève, por ter sido erguida na tal praiazinha.

No século 19, quando os operários das indústrias das proximidades não estavam satisfeitos com as condições de trabalho, saíam da fábrica e iam ficar nessa praça. Sabendo disso, ali iam pessoas interessadas em contratar trabalhadores experientes.

Assim, quando o patrão perguntava onde estava o Fulano, que não tinha aparecido, respondiam-lhe que ele estava em Grève, ou seja, não estava trabalhando; tinha ido para a tal praça, decidido a não trabalhar mais naquela empresa. Se o empresário quisesse que o empregado voltase, teria que providenciar melhoras na remuneração, no horário ou em alguma outra condição de trabalho.Caso contrário, o trabalhador poderia ser contratado por um dos seus concorrentes.

Essa situação gerou a expressão faire grève, “fazer greve”, já em 1833. Grèviste, “grevista”, foi cunhada mais tarde, em 1872.

Nos dias que correm, bem pouca gente que um dia parou de trabalhar em luta por condições melhores desconfia das voltas que a palavra greve deu até desembocar na dura realidade.

E não pensem que vocês vão fazer greve de estudo ou de bom comportamento para cima de mim, não!

Agora arrumem suas mochilinhas que chegou a hora de ir embora, graças aos céus.

Resposta:

Origem Da Palavra