Consultório Etimológico

Pergunta #3735

Utilidade relativa, mestre? A capacidade humana de devanear sobre as possibilidades é uma das nossas condições de humanos, e uma das mais prazerosas e perigosas pela sua incomensurabilidade. O que é mais útil pra mim que o meu próprio prazer? Acho que o vício utilitarista atual nos priva de muita coisa boa.
Ana.Maria, a questão é que a linguagem escrita e falada, que devolve a informação sobrer aquilo que se sente, matéria-prima da comunicação, e forja nosso juízo; é linear. Nos induz a uma forma de existência e percepção também linear. O que, definitivamente, não é uma qualidade humana.

Resposta:

Felipe:

Sem dúvida, o que nos dá prazer é muito bom. Mas aqui se trata de fazer toda uma matéria, já não diria uma ciência.

Pergunta #3734

Oii!! Gostaria de saber a origem da palavra fazer serão ( hora extra.

Obrigada!!

Resposta:

Isabela:

“Serão” vem do Latim SERANUM, relacionado a SERUM, “tarde, à noite”.

Pergunta #3733

Ih… precisa não, deixa, já achei. Tenho de traduzir isso tudo hoje, ainda,muita coisa, bye!!!
(eu estava bastante piegas ao escrever sobre palavras, hoje, puxa…)

Resposta:

Pergunta #3732

Ah, hoje enfim tive de apelar para S. Sª por conta de um trabalho. Estou traduzindo um texto para um site médico e preciso saber a origem da palavra “folate”. Já catei por aqui e não achei, pois não tenho o tal dicionário etimológico que me foi até recomendado.Sem a raiz da palavra não terá sentido o resto da tradução, pq não posso fazer uma versão literal.
Bigada, beijokas
FOLATE, hein…

Resposta:

Ana.Maria:

Tu quoque, filia mea?
Traduzindo sites médicos – é daí que ela vem com tanta citação médica.

Sei a esta altura que fui dispensado de responder, mas insisto:
FOLATE é a palavra em Inglês para “folato”, “sal de ácido fólico”, que também atende pelo nome de ácido pterilglutâmico ou Vitamina B12.
Seu nome vem do Latim FOLIUM, “folha”, dada a sua abundância nas folhas verdes.

Pergunta #3731

quero saber de onde veio a arigem da palavra esteira que usamos na praia

Resposta:

Tainara:

Olhe a resposta à pergunta 3687.

Pergunta #3730

Ah… lembrei de uma coisinha e tive de voltar:é preciso prestar atenção, para entender mais do assunto, não só à linguagem mas ao modo como falamos. Se a palavra serve para a comunicação, o modo como usamos as expressões faciais podem fazer toda a diferença.O corpo fala também, assim o gesto complementa a idéia.As intenções estão à flor da pele e um simples sorriso ou levantar de sobrancelhas muda o sentido.A palavra é uma arma, pode ferir e pode alegrar o coração.Cabe a nós escolher. O que fica como lembrança depois que partimos são as palavras que dissemos ou as que deixamos de dizer na hora certa, como “eu te amo”.Somos lembrados mais pelo doce ou fel que entra no ouvido alheio, “mais venenoso é o que sai da boca do Homem”.Cuidado, nossa arma dve ser usada para a PAZ.

Resposta:

Ana.Maria:

E com o que você diz se acentua uma nossa afirmação anterior. Realmente, ao falar direto com outra pessoa, nós completamos nossa comunicação com a mímica e a linguagem corporal a ponto de podermos estar dizendo uma coisa com as palavras e demonstrando que a intenção é a oposta com o corpo.
Aí é que entra o valor do domínio de um idioma, pois nem sempre poderemos nos comunicar auxiliados pela audição e visão do interlocutor.
Ao escrever, por exemplo, somos obrigados a explanar nossos pensamentos de forma perfeitamente inteligível e precisa sem usar esses recursos acessórios.
E isso só de pode fazer com um domínio muito bom do idioma e de suas sutilezas, o que vai muito além do simples vocabulário.

Pergunta #3729

Eu poderia desenvolver mais , muito mais o assunto, porém teria de pesquisar para saber o que pensam os que sabem mais que eu. Não dá tempo.
A palavra grama como exemplo, tão bem explicada hoje, nos mostra que deixamos rastro como civilização. Colocamos nas palavras nossos sentimentos e emoções.Usamos a fala de acordo com aquilo que deduzimos do mundo à nossa volta. Externamos pensamentos lógicos e pensamentos abstratos.Conforme vamos evoluindo no conhecimento (algumas vezes até involuindo)os idiomas vão se adaptando. Eu já manifestei aqui: palavras não são apenas um amontoado de letras, elas mudam com o tempo, são a síntese do pensamento humano e seu caminho rumo ao desconhecido.Seria lindo, assim, poder perceber na linguagem de antena dos insetos, no grunhido dos mamíferos, no pio dos pássaros, o que os difencia de nós além da forma e da inteligencia.
Desculpem se me estendi, gosto do assunto. Agora tenho de ir, boa noite!!!

Resposta:

Diaconisa:

O assunto fascina mesmo. E esse aspecto de as palavras (os idiomas) seguirem um processo evolutivo´parece ser pouco explorado.
O fato de estar havendo tendências ao empobrecimento no uso dos idiomas, estruturas tão complexamente desenvolvidas, mostra que eles acompanham mesmo nossas tendências.

Pergunta #3728

Poderíamos deduzir que os animais chamados irracionais, como também estão na linha de evolução, desenvolveriam através do tempo linguagem escrita e falada. Seria lógica a dedução se o desenvolvimento do cérebro de outras espécies tivesse seguido o mesmo rumo. Por misteriosas razões não seguiram (ainda?),nosso cérebro cresceu mais, mas se não acabarmos com o paneta antes ( e estamos nos esforçando) possivelmente os nossos parentes mais proximos, os primatas macaquinhos e macacões, chegarão lá.Já estão perto.A evolução continua. Mas sempre estaremos na frente por termos partido primeiro no grid de largada.O que os pode tornar igualmente falantes é aquilo que o filme PLANETA DOS MACACOS mostrou:somos tão bons para criar coisas úteis quanto para nos destruirmos mutuamente.Se a raça humana, que briga por motivos os mais fúteis,se entredevorar e sumir o mundo pode ficar melhor e a inteligencia que se desenvolverá acabará falando e escrevendo, quem sabe uma linguagem universal que igualaria os homens. Aí talvez pudesse chegar a tão desejada e enxovalhada PAZ.

Resposta:

Ana.Maria:

Parece que a Evolução tem um seguro contra abusos da inteligência: nossa agressividade como espécie. Se os meios se desenvolverem demais, nós acabamos conosco e o mundo pode seguir em frente.

Pergunta #3727

O que trouxe o Homem ao atual estágio evolutivo não foi apenas um capricho da Mãe Natureza. Foi também o desenvolvimento da inteligencia nessa espécie,advindo a adaptação ao meio ambiente e domínio sobre as demais espécies.
Os demais e principalmente os primatas desenvolveram também sua linguagem, não tão elaborada pela relação direta entre inteligencia, tamanho do cérebro e linguagem.A evolução que Darwin tão bem descreveu é dinâmica, não pára, logo a linguagem a segue -o computador é um exemplo, trouxe derivações linguísticas.

Resposta:

Ana.Maria:

Perfeito.

Pergunta #3726

Essa íntima ligação da evolução das palavras com a evolução dos seres vivos já me intrigou muito também.Lá para traz, não sei em que numero, tem um bom diálogo sobre o asssunto,há já alguns meses. Conversamos sobre isso aqui e a resposta da Traça-Mór foi execelente (estava mais inspirado que hoje), quem sou eu para acrescentar algo? Mas como ele não se lembra, nem eu, poderia dizer algo pois que o Felipe chama às falas o Diaconato. Vai a seguir.O tema é bom.

Resposta:

Pergunta #3725

KERMES ainda conheço como nome próprio, já que me perguntaste (traduções do alemão à parte). Existe um fotógrafo de Sorocaba, que acompanhava romarias para registrar, com este nome.Tem uma certa confusãozinha aí não? Vou ler o resto agora, que hoje tem é coisa.

Resposta:

Pergunta #3724

Pensando assim, é possível acreditar na hipótese que a linguagem internética triunfará sobre a norma culta, pela economia de tempo, o bem mais escasso na veloz era da super-informação.
Ou, assim como os humanos, as palavras já se puseram à parte da cadeia alimentar e da evolução e não obedecem à regra alguma? Existe algum livro que trate sobre o assunto, ou talvez, você poderia me indicar algum lugar para pesquisar?
Sei que o objetivo do consultório não é o de ser um fórum, entretanto, eu estou particulamente interessado na opinião do inestimável Diaconato e dos freqüentadores mais assíduos. Desculpe-me a alaúza.
Enfim, Mestre, queira saber o que você consegue ver do alto de suas longas patas e antenas, o que eu ainda não posso enxergar. Grande abraço e muito obrigado.

Felipe Caruso

Resposta:

Felipe:

Você pinta um quadro horroroso.
Mas, contrabalançando o lado da evolução apenas com base na simplificação, existe um poderoso fator: com um idioma assim não é possível transmitir informações pormenorizadas e precisas.
Essa linguagem empobrecida simplesmente não tem palavras nem estrutura para descrever adequadamente sentimentos, fatos, ambientes, elucubrações abstratas.
Mal comparando, é o mesmo que simplificar um carro: você consegue, mas às custas da segurança, da capacidade de carga, da possibilidade de prestar o serviço que você deseja.

Lamento não ter o que lhe indicar como leitura complementar.

Pergunta #3723

Assim como a História examina os acontecimentos do passado, a Etimologia analisa a cronologia das palavras. Sabemos algo sobre de onde vieram as palavras, mas para onde irão? Sei que qualquer previsão é leviana, talvez por isso não encontrei nada sobre o assunto por aqui, mas não consigo me privar do delicioso exercício imaginativo.
Aceitando a teoria da “vida das palavras”, logo estamos sujeitos à evolução. As palavras surgiram se combinaram e recombinaram, sofreram mutação e assim por diante. Sujeitos à evolução, esbarramos, inexoravelmente, na seleção natural e na teoria de Darwin, a mais aceita pela comunidade científica. A seleção natural é o processo chave que age sobre a casualidade da mutação e seleciona as características apropriadas para melhorar a adaptação dos organismos. Qual seriam as características apropriadas para as palavras? Como o meio faria essa seleção? Como se define esse “meio”?

Resposta:

Felipe:

Profundos pensamentos.
A Etimologia lida com o passado, não com o futuro das palavras, já que isso acabaria ficando no terreno das conjeturas e teria utilidade muito relativa.

Parece-nos que as forças que moldam a evolução das palavras são a necessidadae de comunicação e a facilidade de uso.
As palavras sobreviventes são as que se enquadram melhor em ambos os parâmetros.

Pergunta #3722

Salve, salve portentoso Mestre

A distorção mental que me guiou, não só ao sopé, como também ao cume do vulcão, é definida pelos especialistas como: Bicho carpinteiro. Não há tratamento, por isso sou um viajante.
Toda a história de abacate, fertilidade e testículos pôs algumas idéias em gestação. Minha longa ausência se justifica no fato de eu não conseguir pensar em outra coisa e na minha hesitação em fazer esta pergunta… lá vai:
“Enquanto o tempo não trouxer teu abacate. Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão.”

Resposta:

Felipe:

Você resolveu praticar suas lições de hermetismo no pomar hoje?

Pergunta #3721

Olá gostaria de saber a origem da palavra Trela.
Agradeço.

Resposta:

Jéssica:

“Trela” vem do Latim TRAGULA, “rede, corda para puxar”, diminutivo de TRAGELLA, derivado do verbo TRAHERE, “puxar, arrastar, trazer”.

Pergunta #3720

Qual a origem etimologica da palavra “grama”? Grato

Resposta:

Daniel:

Nosso idioma tem duas palavras “grama”, com origens e sentidos totalmente diferentes.

“Grama”, a medida de massa, vem do Francês GRAMME, que veio do Latim GRAMMA, “pequeno peso”, do Grego GRAMMA, “pequeno peso”, originalmente “letra do alfabeto”, da mesma raiz de GRAPHEIN, “escrever, riscar”.

“Grama”, a que o jardineiro corta, vem do Latim GRAMEN, “pasto, erva rasteira, capim”, de um conjunto de palavras que expressa a idéia de “crescimento”, como SEMEN (“semente”) e GERMEN (“brotação, origem”).

Colhendo a ocasião, nunca se esqueça de que esta última é uma palavra do gênero feminino e a medida de massa é do masculino. Portanto, nunca compre “duzentas gramas” de presunto, e sim “duzentos gramas”.
Soa esquisito? Mais esquisito é saber o que é certo e falar errado.

Pergunta #3719

Salve, salve insigne Mestre,

Estou aí, mais uma vez, mas serei breve. Perdão ao distinto Diaconato por não prestar, desta vez, minhas condolências. Tiácono, fico feliz por ter contribuído com o crescimento cultural dos colegas de flanela.
Mestre, eu que achava que quermesse era a festinha de Igreja da roça(talvez por influência do Chico Bento), me deparei com o alemão “Kirmes” com o mesmo significado. Está mais na cara que barba que ambos têm mesma origem. A questão é qual? Muito Obrigado

Felipe Caruso

Resposta:

Felipe:

Lamentamos, mas você está na lista do pessoal que está com freqüência baixa e que, para demonstrar o seu amor pela causa deverá aumentar as suas contribuições materiais. Umas resmas de papel Canson muito farão pela eternidadae da sua alma.

“Quermesse” vem do Francês KERMESSE, “festa de santo patrono”, que veio do Flamengo KERKMISSE, “festa de igreja”, formado por KERKE, “igreja”, mais MESSE, “missa”.
Que saibamos, KIRMES significa “romaria” (certo, Ana.Maria?), derivando também de KIRCH, “igreja”.

Pergunta #3718

Não. Não,Tiácono, não é nada disso. Goiás é a semente do ingá, ou de uma outra fruta de que não me lembro o nome, bem gosmenta. A criança desce da árvore e a mãe diz:” menino, vai lavar o rosto, ficou todo engoiazado com a gosma do ingá (ou a outra fruta de que não me lembro o nome)”.

Resposta:

Ana.Maria:

Isso mesmo. As crianças indígenas desse Estado vivam descendo meladas de frutas das árvores, daí veio o nome.

Pergunta #3717

Tá on line agora, meu santo? Eu já estava saindo e vi sua explicação sobre Maceió. É isso mesmo, mas dei dica,aí ficou fácil. E Goiás, que será? Beijokas.

Resposta:

Ana.Maria:

“Goiás”? Parece vir da tribo dos “Guaiás”, corruptela do Tupo GWA YA, “gente como nós”.
Qual a sua versão? Deve ser mais divertida que a nossa.

Pergunta #3716

“Você não ouviu um ruflar de asas sobre sua cabeça pouco antes de sair para ir ao médico?”
Tigacinha!! Não eram pombos, então, eram anjos.Mas sabes tb rograr pragas, ui…
Falar em anjos, arcanjo é um arqui-anjo, aquele super anjo; arcebispo é aquele arqui-bispo, o cara. Arquiteto e arquipélago tem a ver, é tudo super?
Bom, por hoje chega, tem uma torta de queijo que deixei no freezer para a minha volta, e é agora. Falar em freezer, com que descaramento a gente fala essas palavras e até escreve anglicismos sem apóstrofes, né não? Se nosso idioma fosse ainda cultura oral estaria tudo perdido, esquecido; viramos a aldeia global anunciada.

Resposta:

Ana.Maria:

Nem pombos nem anjos, apenas uma humilde Traça.

Sim, “arquiteto” vem do Grego ARKHITEKTON, “mestre de obras”, onde a primeira parte quer dizer “chefe” e TEKTON é “construtor, carpinteiro”.
Já “arquipélago” nada tem a ver com essa formação. Vem de AIGAION PELAGOS, “Mar Egeu”, nome que depois foi tranferido para “grupo de ilhas próximas entre si”, coisa comum nesse mar.

Desfrute da sua cheese pie que está no freezer. Se estiver enrolada em papel, mande-mo.

Origem Da Palavra