Palavra dizimar

Dízimos

Palavras: dizimar

Prezados (as);

Gostaria de saber a etimologia correta da palavra Dízimos.

Uns falam que é a decima parte, outros que é derivado de dizima e/ou dizimar, que é destruir, ceifar, arrancar.

Também dizem que dizimos é o substantivo da palavra dizimar e, dizimar é o verbo.

Quando eu procuro no Site origem da palavra, esta dando erro de “timeout” quando tendo consultar a lista.

Seria possivel me dar a etimologia das palavras Dizimos e dizimar e se realmente são uma substantivo e outra verbo e se existem alguma ligação entre as palavras.

Grato.

Resposta:

“Dízimo” vem do Latim DECIMUS, “a décima parte”, de  DECEM, “dez”.

Desse substantivo vem o verbo dizimar porque, em épocas do exército romano, quando uma legião era considerada culpada de covardia ou algum outro ato reprovável, ela era “dizimada”: um em cada dez soldados era escolhido para morrer.

Esse verbo é muitas vezes usado em sentido inadequado, quando se diz que um grupo foi “totalmente dizimado”, querendo dizer que ele foi eliminado.

TRADUÇÕES MALFEITAS

 

Entrei no gabinete do meu avô e vi que ele bufava de raiva.

– Epa, o que foi, meu caro antepassado, que o senhor está tão furioso?

– Houve, meu caro descendente de uma geração perdida para o intelecto, que encontrei umas anotações de frases que vi escritas ou ouvi pela TV e estou exercendo o sagrado direito de me indignar até a embriaguez  por uma reação alérgica à besteira, à preguiça e à ignorância que ora reinam em nosso idioma!

– Ih, Vô, acalme-se e me conte mais – disse eu, tratando de me acomodar, pois sabia que era hora de aprender.

O velho cavalheiro pegou uma folha de papel embolada do chão, desamassou-a e olhou:

– Por exemplo, determinado filme proclamava que certo povo antigo tinha sido totalmente dizimado pelos romanos.

Ora, dizimar vem do Latim decimare, “remover ou destruir um décimo”, de decem, “dez”. Era um castigo muitas vezes aplicado a cidades rebeldes ou a unidades do exército que não atendiam direito às ordens dos oficiais.

– E como se fazia, Vô?

– Fazia-se um sorteio e, a cada dez pessoas, uma era escolhida para morrer.

– Puxa, que radicais!

– Outros tempos, meu filho. Ainda não haviam resolvido que a impunidade reinaria. Mas, enfim, o que sei é que agora se usa a palavra dizimar com o sentido de “destruir tudo”.

– Nossa vizinha do lado, D. Elvira, que é muito religiosa, uma vez estava falando sobre um tal de dízimo, mas não creio que estivesse falando em mortes.

– Eis outro exemplo com a mesma origem. Dízimo era o nome de uma contribuição que os fiéis deviam entregar à Igreja. Inicialmente eles pagavam um décimo do que ganhavam por mês, mas depois eles ficaram livres para pagar o que podiam.

Passando para outro motivo de minha indignação…

– Um momento, Vô! E essa palavra, de onde veio?

– Ela deriva do Latim indignari, “estar irritado ou desagradado com alguém, considerar uma pessoa como sem valor”, de in-, negativo, mais dignus, “de valor, apropriado, adequado”. Logo, quando manifesto estar incomodado com certas manifestações da falta de cultura, estou querendo torcer algum pescoço.

– Mas não o meu, né?

– Por enquanto eu o manterei no lugar, com tal que você evite besteiras.

– Certo. Mas o senhor ia começar a esbravejar contra o que mesmo?

– Ah, sim. Agora era contra mais uma tradução besta que a gente vê nas dublagens e legendas de filmes em Inglês: sucker, “sugador”, da palavra arcaica sucan, de origem onomatopaica.

– Ei, isso eu conheço. Quer dizer “trouxa” ou algo assim, né?

– Exatamente. Sua origem é interessante. Esse é o nome usado para o bagre e outros peixes do gênero.

– Um peixe, Vô? Como é isso?

– Pois veja só, esses bichos se alimentam de pequenos animais que vivem no fundo das águas. É por isso que eles têm aquelas bocas grandes, para poderem engolir suas refeições.

E parece que eles são meio ingênuos; dizem que eles podem ser apanhados com certa facilidade. Daí que, lá por 1750, começaram a chamar uma pessoa com pouco preparo para as situações de vida de sucker.

E vai daí que, no outro dia, vi um filme legendado em que um vigarista prometia que ia trazer “uma porção de bagres” para outro. E ele não falava de pescarias, era de gente mesmo!

– Uma vez o senhor estava resmungando contra umas fitas vermelhas, como era isso?

– É, trata-se de mais uma besteira de tradutores despreparados. Em Inglês existe a expressão red tape, literalmente “fita vermelha”, usada como sinônimo de “burocracia”. Ela se referia ao uso antigo de unir folhas de processos legais com fitas vermelhas e também de colocar selos oficiais na extremidade delas. Um conjunto de folhas assim ligadas muitas vezes ostentava uma boa quantidade de fitas destas.

Aí, um dia, vejo uma famosa atriz num filme dublado dizendo, indignada, – “Chega de fita vermelha! Libertem nossos familiares”!

– Essa foi boa!

– E quando resolvem fazer confusão entre gaulês e galês, então?

– Ããh… O senhor se incomodaria em me ajudar a lembrar, Vô?

– “Lembrar”, sei. O que acontece é que gaulês vem do Latim gallus, “membro da tribo dos Galos, que habitavam boa parte da França” e que tiveram grandes confusões com os romanos.

E galês vem do anglo-saxão waelisc, “estrangeiro”. Mas, como o País de Gales, uma parte a sudoeste do Reino Unido, é pouco conhecido por aqui, os irresponsáveis fazem uma mixórdia terrível.

E mudando da terra para a água, noutro filme alguém explicou a outra pessoa que “Fulano está ali no surf“. O tradutor usou essa palavra, que não tinha nada a ver com o assunto, sem saber que o diálogo original se referia a surf no sentido de “arrebentação das ondas” e não no esportivo.

– E essa palavra foi inventada no Havaí?

– Não, ela provavelmente  tem origem na Índia.  O que me lembra outro filme que vi, ambientado lá, mostrando a época em que os soldados da Rainha Vitória mandavam no país. Tinha ocorrido uma revolta contra os dominadores europeus e um oficial do Exército estava contando a outro que eles tinham sofrido “Vinte e uma fatalidades”.

Ora, em Inglês fatality tem, desde o século XV, o sentido básico de “aquilo que causa morte”. Deriva do Latim fatalitas, de fatum, “predição, declaração profética”, literalmente “coisas ditas pelos deuses”, que veio de fari, “falar”.

Em nosso idioma predominou o sentido original, que não implica necessariamente em “morte”. Mas, na hora de se fazer a tradução, os mal-preparados irresponsáveis repassam o conteúdo do texto, sem ter ideia da besteira que estão fazendo.

Enfim, meu neto, vamos deixar tamanha indignação de lado. Tente aprender com isso: traduzir é assunto muito sério.

 

 

Resposta:

Destruição

Por vezes, catástrofes naturais acabam com uma cidade ou com um bairro. Outras vezes, é uma guerra ou um acidente evitável que leva embora vidas valiosas. Pode acontecer também que a política ou a economia de um país o levem a uma situação de perdas e sofrimento.

A destruição tem muitas causas, e a linguagem humana é rica em palavras para a expressar.

DESTRUIR – vem do Latim destruere, “romper, demolir”. Ao pé da letra, esse verbo queria dizer o que está tão na moda hoje, que é “desconstruir”. Formou-se de de-, “para trás, abaixo”, mais struere, “construir, empilhar”.

Os filmes americanos tanto mostram um tipo de navio de guerra chamado destroyer que nós acabamos acreditando que a nossa Marinha tem vários deles.

Não tem nenhum. Tem é “contratorpedeiros”, que é o nome técnico da belonave.

A palavra destroyer vem do nome usado na Marinha americana, que era, primitivamente, torpedo boat destroyer, com o mesmo significado do que nossa Marinha usa.

Eram navios feitos para responder aos ataques dos torpedo boats, “torpedeiros”, barcos pequenos e velozes com capacidade de lançar torpedos. Um dos primeiros navios feitos para combater os torpedeiros foi batizado Destroyer, em 1882, o que firmou o nome desta categoria.

DEPREDAR – há desavisados que acreditam que esta palavra tem relação com uma multidão enfurecida atirando pedras em algum lugar.

Nada disso; ela vem do Latim depraedare, “destruir, devastar, despojar”, verbo formado por de-, no sentido de “botar abaixo”, e praedare, “roubar, destruir”, de praeda, “botim, presa”.

Um derivado de praeda é “predador”.

EMPASTELAR – hoje é uma palavra pouco usada, mas houve época em nosso país em que desordeiros, muitas vezes sob um olho complacente das autoridades, empastelavam uma redação de jornal, isto é, a destruíam.

Tal palavra veio da própria linguagem dos profissionais gráficos, que a usavam para dizer que houve mistura dos tipos de composição.

Vem do Latim pasta, “massa”, no sentido de serem misturados e amassados diversos ingredientes, resultando algo muito diferente dos componentes iniciais.

ARREBENTAR – do Latim repens, “súbito, inesperado, repentino”. O que arrebenta (ou o que rebenta; é a mesma coisa) sempre o faz de modo rápido. Daí também os nossos “repentistas”, cantores que têm uma capacidade espantosa de criar versos em poucos segundos a partir de um dado tema.

ESTRAGO – vem do Latim strages, “amontoado, destruição, escombros, ruína”.

Quando comentamos que uma fruta está estragada, não imaginamos que essa palavra vem de um significado tão radical. Tampouco o imagina o rapaz que diz que “essa moça fez estragos no meu coração”.

MUTILAR – do Latim mutilare, “cortar fora”, de mutilus, “aleijado”. Talvez esta palavra tenha a mesma raiz do Grego mytilos, “sem chifre, corneta”.

Em Roma, os escravos tinham a cabeça raspada e, por isso eram chamados de mutilus. Como muitas vezes eles levavam às costas um saco de tecido para poderem carregar as encomendas dos amos, estes sacos levaram o nome deles e acabaram resultando na nossa palavra “mochila”.

DIZIMAR – já houve quem escrevesse que “o grupo foi totalmente dizimado, não sobrando um só”. Essa frase indica um desconhecimento atroz ou de Português ou de Matemática. Tal palavra vem do Latim decimare, “destruir ou matar um em cada dez”, de decem, “dez”.

Esse era um castigo que muitas vezes se aplicava a uma cidade ou exército que entrassem em rebelião: fazia-se um sorteio e um décimo das pessoas sofria as penas.

DILAPIDAR – do Latim dilapidare, “arruinar, destruir, estragar a pedradas”, de dis-, “em pedaços”, mais lapidare, “atirar pedras”, de lapis, “pedra”.

Deste último verbo se formou um outro, mais pacífico, lapidar, que significa “trabalhar ou gravar a pedra”, coisa para especialistas.

Em geral, dilapidar se usa para descrever bens desperdiçados por quem não sabe mantê-los, tal como um herdeiro mal-preparado.

DEMOLIR – deriva do verbo latino demoliri, formado por de-, “abaixo”, mais moliri, “construir”. Esta palavra, por sua vez, veio de moles, “grande estrutura”.

Em Português existe a palavra “mole” com este sentido, mas o leitor comum quase nunca a vê. “A mole imensa do rochedo pendia sobre ele”… é coisa que se vê só em algum escrito do século 19.

A palavra “mole” no sentido de “macio, não rígido” vem do Latim mollis. Por convergência de forma, acabamos tendo palavras idênticas para expressar significados absolutamente diferentes.

EXTERMINAR – em Latim, exterminare queria dizer “expulsar, levar para fora”. Tal palavra se originou na expressão ex termine, “além dos limites”, de termen, “fim, limite, fronteira”.

Como uma pessoa expulsa do seu cargo ou lugar muitas vezes corria um risco, tal palavra também queria dizer “destruição”, e com esse significado foi que chegou até os nossos dias.

ANIQUILAR – de uma palavra latina, annihilare, que queria dizer “reduzir a nada”, formada por ad-, “a, para”, e nihil, “nada”.

Dessa fonte se gerou também “nihilismo”, inicialmente “doutrina da negação quanto à religião ou à moral”, depois se aplicando à Filosofia e Política.

ICONOCLASTA – do Grego ikonoklastés, “destruidor de imagens”, de eikon, “imagem, aspecto”, mais klastés, “aquele que quebra”.

Originalmente se aplicava, nos séculos 8 e 9, àqueles que se rebelavam contra a adoração de imagens, na Igreja do Oriente. Atualmente denomina as pessoas que desejariam destruir organizações e instituições.

ANARQUIA – do Grego anarkhia, “sem chefe, sem líder”, formado por an-, “sem” e arkhos, “líder”.

Hoje é sinônimo de “baderna, bagunça, confusão”. Mas a idéia inicial era a de um Estado onde as pessoas pudessem agir sem controles ou tutela de alguma forma de autoridade. Um Estado assim, obviamente, só poderia ser composto de pessoas de altíssimo nível moral e de conduta.

Uma utopia, portanto.

VANDALISMO – do Latim Vandalus, nome dado à tribo germânica que saqueou Roma em 455, sob a chefia de Genserico. O nome que eles haviam atribuído a si mesmos era Wandal, “errante”. O nome da tribo foi associado a depredações sem sentido pela maneira como eles trataram os monumentos da cidade. A eles é atribuída a generalizada falta de narizes das belas estátuas que lá estavam.

BÁRBARO – para os Gregos, barbaros era “estrangeiro, estranho, ignorante”; a rigor, “aqueles que não falavam Grego”. Essa palavra deriva de uma onomatopéia, pois eles diziam que os estrangeiros falavam de modo incompreensível, como “bar-bar”.

Assim, eram considerados “bárbaros” todos aqueles não pertencentes à nação grega e, depois, romana. Hoje a palavra se aplica a condutas desregradas e pouco sociais.

SABOTAGEM – vem da palavra francesa saboter, “caminhar ruidosamente”, de sabot, “calçado com sola de madeira, tamanco”.

Usada desde 1910 com o sentido de “estragar deliberadamente material alheio”, teve origem em situações de disputas trabalhistas na Europa. No entanto, não há confirmação para a explicação popular de que os operários jogavam seus calçados nas máquinas para estragá-las.

O uso da palavra se prende basicamente à metáfora de “agir desajeitadamente” como é o caso de quem tem que caminhar com tamancos volumosos e pesados.

EXTINÇÃO – muitas espécies animais, vegetais e mesmo linguagens estão atua
lmente sob esta ameaça. Essa palavra vem do Latim extinguere, “destruir, apagar, fazer desaparecer”, de ex-, “fora”, mais stinguere, “derrotar, destruir”. A origem mais remota é o Indo-Europeu steig, “furar, espetar”.

Resposta:

Origem Da Palavra